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Foto oficial dos presidentes na abertura da 3ª Reunião de Chefes de Estado e de Governo da Unasul | Ricardo Stuckert - PR
Foto oficial dos presidentes na abertura da 3ª Reunião de Chefes de Estado e de Governo da Unasul| Foto: Ricardo Stuckert - PR

Líderes de direita da América do Sul estão avançando na criação de um organismo de cooperação que vai substituir a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que deve se chamar Prosul.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou nesta terça-feira (15) em entrevista à radio Oye Cali, que avançou “nas conversas com vários presidentes latino-americanos para que a Unasul chegue ao fim e inicie, em vez disso, a construção de uma etapa muito mais ágil, menos burocrática e com cooperação mais coordenada". Duque e o presidente chileno Sebastián Piñera, lideram o processo de criação da entidade.

Segundo o presidente chileno, a Prosul deve ser um"mecanismo de coordenação sul-americana de políticas públicas, em defesa da democracia, independência de poderes, economia de mercado, agenda social, com sustentabilidade e devida aplicação". 

O governo de Jair Bolsonaro vê com simpatia a proposta de criação de um organismo internacional que se contraponha à Unasul, o que contribuiria para um isolamento ainda maior da Venezuela na região. De acordo com auxiliares do governo, a administração Bolsonaro já foi procurada pelos países que encabeçam essa proposta e demonstrou que, em princípio, não vê obstáculos a discutir a ideia.

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foi criada em 2008 pelos presidentes que então eram os maiores expoentes da esquerda na América do Sul: Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela). O objetivo do órgão era aprofundar a integração regional, mas sem a influência dos Estados Unidos. 

No entanto, nos últimos anos se instalou um conflito dentro do órgão que praticamente paralisou suas atividades. Desde 2017, quando o ex-presidente colombiano Ernesto Samper concluiu seu período à frente do organismo, a Unasul está sem secretário-geral em razão da falta de consenso entre os seus membros.

O critério para o ingresso no novo organismo seria "democrático", de acordo com pessoas que acompanham o tema, o que excluiria a Venezuela.

Se concretizada a aliança, seria mais um gesto de líderes sul-americanos contra a Venezuela, governada pelo ditador chavista Nicolás Maduro. No início de janeiro, os chanceleres do Grupo de Lima acordaram não reconhecer a legitimidade do novo mandato de Maduro, por considerarem que as eleições presidenciais no país em maio não foram justas nem transparentes.

A proposta de criação do Prosul ainda é preliminar, e há uma série de detalhes que precisam ser discutidos.

Integrantes do governo que acompanham a negociação avaliam, por exemplo, que um eventual novo bloco deveria focar temas concretos, como a questão de infraestrutura, e não se sobrepor a temas que já são tratados no âmbito do Mercosul. 

Macri no Brasil

Jair Bolsonaro tem sua estreia diplomática nesta quarta-feira (16), com a visita a Brasília do presidente argentino Mauricio Macri

As áreas que devem ser tratadas na visita serão: combate ao crime organizado e à corrupção, visão da parceria bilateral; defesa, desenvolvimento de satélites e exploração espacial; energia nuclear, dinamização do comércio bilateral e Mercosul. A Argentina é hoje o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e EUA.

Macri estará acompanhado de uma comitiva que inclui, além do seu chanceler, os ministros de Produção, da Economia, da Defesa, da Justiça e da Secretaria de Assuntos Estratégicos. 

Também fará parte da comitiva presidencial argentina a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, política linha-dura que tem bandeiras parecidas às de Bolsonaro, entre elas a redução da maioridade penal, para alguns tipos de crime, de 16 para 15 anos.

A passagem de Macri pelo Brasil deve se estender por toda a manhã de quarta-feira, incluindo uma reunião bilateral com Bolsonaro e um encontro ampliado incluindo ministros dos dois países.

Crise na Argentina

A inflação de 2018 na Argentina fechou o ano em 47,6%, acima do previsto no início do ano, segundo os dados divulgados nesta terça-feira (15). 

No início do ano passado, o governo havia estimado que o aumento dos preços terminaria 2018 entre 15% e 20%. 

A maioria dos sindicatos seguiu esses parâmetros na hora de para negociar o reajuste dos trabalhadores. No meio do ano, porém, a inflação já superava esse patamar, levando a protestos, greves e atos contra o governo. 

Leia também: Qual o tamanho da crise argentina?

O valor revelado nesta terça é o mais alta do país em 27 anos, desde os tempos da hiperinflação. É, também a segunda mais alta inflação na América Latina, depois da Venezuela, que vive uma crise econômica e inflacionária. 

Transportes e tarifas foram os principais responsáveis pela alta nos preços. Macri, retirou os subsídios das suas áreas, que vinham desde o governo de Nestor Kirchner (2003-2007) e que seguiram no de Cristina (2007-2015).  Além deles, alimentos, combustíveis, roupa e serviços de saúde e educação também puxaram a inflação para cima.  

Os aumentos refletem a política de ajuste fiscal adotada pelo governo Macri. Em junho, a Argentina acertou com o FMI (Fundo Monetário Internacional) um empréstimo de US$ 57 bilhões (R$ 212 bilhões) e, em troca, teve que fazer um corte radical nos gastos sociais e implementar um déficit fiscal zero para 2019.

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