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A brasileira Marcia Mikhael, uma das 17 pessoas mantidas reféns num café de Sydney por cerca de 16 horas na última segunda-feira (15), fez duras críticas ao premiê australiano, Tony Abbott, enquanto ainda estava em poder do sequestrador.

Em entrevista ao Canal 9, Marcia disse que "não era difícil" para o premiê atender a uma das exigências do sequestrador, o muçulmano radical Man Haron Monis, 50: falar por telefone com Abbott, numa ligação a ser transmitida ao vivo pela TV.

"Entendemos que o primeiro-ministro é um homem muito ocupado, mas penso que a vida de todas essas pessoas é mais importante do que qualquer coisa que ele esteja fazendo agora, seja jogando golfe ou passeando com o cachorro", disse a brasileira, que estava ao lado do sequestrador durante a entrevista.

Três pessoas morreram na ação: a advogada Katrina Dawson, 38 anos, mãe de três crianças, o gerente do café, Tori Johnson, 34 anos, e o sequestrador. Outras seis ficaram feridas. As outras duas exigências de Monis eram que fosse divulgado pela imprensa que se tratava de um ataque da facção radical Estado Islâmico - apesar de, aparentemente, ter sido uma ação isolada, segundo a polícia - e que lhe trouxessem uma bandeira do EI.

Segundo um dos familiares de Marcia, ela relatou que o sequestrador estava sonolento quando cinco reféns escaparam, por volta das 2h da manhã (13h em Brasília), e que a fuga deixou Monis enfurecido. Logo após, começou o tiroteio dentro do Lindt Café, no centro de Sydney. As autoridades disseram que a estratégia era esperar pelo cansaço do iraniano, mas os tiros disparados por ele obrigaram a reação policial.

Marcia, 43 anos, precisou se submeter nesta terça-feira (16) a uma cirurgia para a retirada dos estilhaços que penetraram suas pernas e pés após a invasão do café pela polícia. Segundo a família, ela pode ter de passar por outra cirurgia para repor partes de tecido em locais onde os ferimentos foram mais graves.

Para os familiares que passaram o dia no Royal North Shore Hospital - entre eles seu marido, filhos e irmão -, ela também não deverá se recuperar tão facilmente do trauma. Durante a invasão policial, a personal trainer permaneceu no meio do fogo cruzado e chegou a ver muito sangue de uma das vítimas, baleada na cabeça.

"A única coisa que ela quer agora é se recuperar o mais rápido possível para voltar a treinar", disse o irmão Carlos El Khouri. Marcia é fisiculturista e chegou a vencer um campeonato mundial na Grécia, no ano passado.

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