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Alex Pereira (esq.), Alessandro Pereira  e Patricia de Silva chegaram a Londres para acompanhar as investigações sobre a morte do primo | Andrew Winning / Reuters
Alex Pereira (esq.), Alessandro Pereira e Patricia de Silva chegaram a Londres para acompanhar as investigações sobre a morte do primo| Foto: Andrew Winning / Reuters

Enquanto um júri formado por 11 pessoas assistia a mais uma reconstituição da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, realizada nesta terça-feira (23), em Londres, um grupo de britânicos trabalhava para divulgar a nova investigação, iniciada na segunda. Tem sido assim há mais de três anos. Poucos dias depois de Jean Charles ser morto a tiros pela polícia, em 22 de julho de 2005, voluntários se uniram aos parentes do jovem eletricista de 27 anos para pressionar as autoridades de seu país a dar respostas conclusivas sobre o caso. Desde então, eles lutam para que a morte do brasileiro não seja esquecida.

"Casos como esse são muito confusos e por isso as pessoas podem esquecer o resultado final. Então, a família quer deixar muito claro que não houve justiça. Eles ainda querem uma explicação de verdade sobre o que aconteceu", disse ao site do GLOBO a voluntária Estelle du Boulay, que atua como porta-voz da família de Jean Charles.

Segundo Estelle, os voluntários promovem atividades como encontros públicos, promoção das novidades sobre a investigação, e eventos em datas especiais, como o aniversário da morte de Jean Charles. Especialistas de diversas áreas também colaboram, dando, por exemplo, apoio legal e psicológico. Apenas no site de relacionamentos Facebook, a comunidade da campanha intitulada "Justice 4 Jean" ("Justiça para Jean") conta com mais de 800 membros.

"Três ou quatro dias depois de Jean ser morto a família que estava aqui se deu conta do quão grande isso ia ser e de que iam precisar de ajuda. Eles procuraram então pessoas neste país que pudessem ajudá-los nestas questões", explica Estelle.

Jean Charles foi atingido por sete tiros disparados por policiais depois de ser confundido com um terrorista. O leitor Pedro D'Avila perguntou por que tantos tiros foram disparados, mas para Estelle a resposta só virá com o fim das investigações.

"O número de tiros é uma questão, mas mesmo um só tiro teria que ser investigado. A grande questão é por que eles precisavam atirar na cabeça", disse ela, lembrando que os policiais estavam muito próximos de Jean e, ao contrário da versão inicialmente apresentada pelas autoridades, o brasileiro não usava roupas pesadas sobre as quais pudesse esconder armas. "Ele foi identificado de maneira errada. Não era um típico britânico branco, por exemplo. Esse tipo de vida às vezes é menos valorizado e isso é sempre motivo de preocupação", salienta.

Além das respostas sobre o caso, um dos principais objetivos da campanha é que os envolvidos na morte de Jean Charles sejam levados a um julgamento criminal.

"Num caso como esse, é engraçado que nenhum oficial tenha enfrentando, individualmente, uma corte legal. Nós queremos que a evidência seja levada a um tribunal e este tribunal tome sua decisão. Se um homem inocente morreu, por que o caso não pode ser levado à corte de maneira normal?", questiona Estelle.

O novo inquérito não vai apontar culpados, mas pode concluir se a morte de Jean Charles foi ilegal ou não. Para Estella, o veredicto poderá abrir novas possibilidade para a família.

"Não vai haver justiça com este inquérito, mas é um passo adiante", conclui.

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