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Barracas de moradores sem teto em rua de Los Angeles | Flickr/Haymarketrebel
Barracas de moradores sem teto em rua de Los Angeles| Foto: Flickr/Haymarketrebel

 Quais são os estados mais pobres dos Estados Unidos? Faça essa pergunta a um americano médio e ele vai responder Mississippi, Louisiana ou Novo México. E, de fato, são esses os estados que tradicionalmente lideram os rankings, ano após ano. Na outra ponta, a dos mais ricos, geralmente ficam os estados de New Hampshire, Minnesota e Maryland. 

Acontece que, desde 2011, o departamento que produz as estatísticas populacionais no país, o Census Bureau, introduziu um novo indicador. Ele cruza os dados tradicionais com uma informação muito relevante: o custo de vida local. Afinal, a renda tem menos valor em lugares onde a moradia, a educação, o transporte ou a saúde são mais caros. 

Quando se considera esse índice, chamado Supplemental Poverty Measure (SPM), os resultados são bem diferentes. “O SPM considera uma gama maior de programas sociais, assim como os gastos reais de acordo com o poder de compra. Por isso, é um meio melhor para medir o bem-estar financeiro”, afirma Marybeth Mattingly, pesquisadora do Stanford Center on Poverty and Inequality. “O SPM é mais preciso”, concorda Caroline Danielson, pesquisadora de políticas públicas do Instituto da Califórnia. 

A Califórnia lidera, com 20,4% da população abaixo da linha de pobreza na média entre 2014 e 2016. Em segundo vem a Flórida, com 18,8%, seguida de perto pela Louisiana, com 18,4%. Na parte de cima da tabela estão Minnesota, com 8% de pobres, Vermont, com 8,6%, e New Hampshire e Iowa, empatados com 8,8%. A média nacional é 14%.

 Apoio social 

Na Califórnia, um em cada cinco moradores não têm acesso às necessidades mais básicas. Quando se olha apenas para as crianças, o indicador é ainda mais alto: 23,8%, quase um quarto do total – e mais 26% estão apenas um pouco acima da linha de pobreza. Entre os negros, 25,1% são pobres. Entre os latinos, 30,4%, quase um terço. Nas contas do governo do próprio estado, são 2,3 milhões de crianças pobres, além de 1,3 milhão que seriam pobres se não existissem os programas sociais. Só em Los Angeles vivem 700 mil crianças pobres. 

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Por falar em programas sociais, a Califórnia, que é o terceiro maior estado americano em área e o maior em população, tem uma das maiores redes de apoio do país. São ações de distribuição de cupons que valem alimentos, de subsídio para moradia, de desconto para a compra de remédios e de complementação de renda. O estado tem 12% da população americana, mas seus moradores representam um terço de todos os habitantes dos Estados Unidos que recebem algum tipo de apoio governamental, seja estadual ou federal. 

Além disso, o produto interno nruto (PIB) do estado cresceu 12,5% no acumulado de cinco anos entre 2011 e 2016, o dobro dos 6,27% da média do país. Como é possível que, mesmo assim, a Califórnia não consiga alcançar indicadores melhores? 

 Vida cara 

Grande parte do problema está no custo de vida. A Califórnia é o terceiro estado mais caro para se viver, entre as 50 unidades da federação americana. Só perde para Nova York e Havaí. O custo da eletricidade também é alto, o sétimo do país. Por isso mesmo, o estado tem 134 mil sem-teto, um quarto do total do país. 

Além disso, o governo estadual estima que, mesmo entre os diferentes condados do estado, as diferenças dos preços são muito grandes, principalmente no custo da moradia. Para viver em Orange County, por exemplo, uma família precisa de uma renda anual de US$ 3.500 a mais do que na média do estado, enquanto que o necessário para sobreviver em Central Valley é US$ 5.400 a menos, por ano, do que a média

“Uma das principais causas da pobreza no estado é o alto custo da moradia nas áreas mais povoadas”, diz Marybeth Mattingly. “A Califórnia tem muitos programas sociais, ainda que os mais amplos deles também estejam disponíveis em outros estados, porque têm suporte do governo federal. O maior problema é o custo de vida, que é muito alto”, afirma Caroline Danielson. 

Por outro lado, para alguns críticos, como Kerry Jackson, do Pacific Research Institute, os próprios programas sociais atrapalham na ascensão social. Para ele, nos estados que reformaram seus programas antipobreza, nos anos 1980 e 1990, como Wisconsin, Michigan e Virginia, a redução dos benefícios colocou mais pessoas no mercado de trabalho. “Os burocratas que implementaram os programas antipobreza da Califórnia, no entanto, resistiram a fazer reformas”, alega. 

“Agências públicas tendem a maximizar seus orçamentos, através dos quais ganham poder, status e segurança”, diz Kerry Jackson. “Ao aumentar continuamente seus orçamentos, a burocracia da ajuda social tem um incentivo para ampliar sua base de ‘clientes’” 

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