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Na foto, o rapper Kanye West durante encontro com Donald Trump em 2018.
Na foto, o rapper Kanye West durante encontro com Donald Trump em 2018.| Foto: AFP

Em meio a polêmicas sobre um suposto transtorno bipolar, recusa em aceitar tratamento e ameaça de expor segredos da família da esposa caso ela o interne, o rapper Kanye West se lançou candidato à presidência dos Estados Unidos, cuja eleição acontece em novembro de 2020.

Se a candidatura do cantor é para valer ou apenas uma jogada de marketing, apenas o tempo dirá. Fato é que ele está longe de ser a única personalidade excêntrica que se lançou ou tentou se lançar candidata ao cargo. Confira a seguir uma lista com postulantes (no mínimo) inusitados a um dos cargos mais cobiçados do planeta:

1. Kanye West

Em 4 de julho, dia em que é celebrada a independência dos EUA, West anunciou sua candidatura à presidência do país por meio de post em seu perfil oficial no Twitter, afirmando que a América precisa "acreditar em Deus" e "unificar suas visões" para construir o futuro.

Já em 19 de julho, em Charleston, na Carolina do Sul, ele lançou oficialmente a candidatura, em um evento confuso e polêmico. Na ocasião, fez comentários contrários ao aborto - ele disse que quando Kim Kardashian ficou grávida da primeira filha do casal, North, ele queria que ela tivesse abortado, e contou que sua própria mãe se recusou a abortá-lo - e criticou a notória abolicionista Harriet Tubman, afirmando que ela “nunca libertou realmente os escravos, apenas fez os escravos trabalharem para outros brancos”. Em outros momentos, chorou, gritou e falou de forma incompreensível.

Kim Kardashian foi às redes sociais pedir compaixão, alegando que o marido sofre de transtorno bipolar e recusa tratamento. Ele, por sua vez, ameaçou expor segredos da família dela caso seja internado contra a sua vontade.

2. Joe Exotic

Uma das sensações do Netflix em 2020 foi, sem dúvida, “A Máfia dos Tigres” (“Tiger King: Murder, Mayhem and Madness”, no original em inglês). Personagem central da série documental, Joseph Allen Maldonado-Passage, mais conhecido como Joe Exotic, foi candidato nas eleições de 2016, que coroaram Donald Trump. Colecionador de felinos, armamentista, gay (e adepto do poliamor) e dono de um estilo peculiar, Exotic anunciou sua candidatura em novembro de 2015, com o slogan “um homem comum para todos”. O primeiro vídeo de sua campanha é um “show” à parte:

Em outubro de 2016, a campanha de Exotic foi assunto de um episódio de "Last Week Tonight", de John Oliver. Na ocasião, o apresentador disse (em tom de piada, obviamente) que "Joe Exotic é, verdadeiramente, o candidato com quem você gostaria de se sentar para tomar uma cerveja, e depois outra, e depois várias, até estar bêbado o suficiente para experimentar metanfetamina. O ponto é: Joe Exotic, faça da América exótica novamente". No fim das contas, Joe conquistou somente 962 votos.

3. Roseanne Barr

A comediante, à frente de um dos sitcoms de maior sucesso das décadas de 1980 e 1990 (“Roseanne”), já foi considerada a “mulher mais odiada da América”, por seu jeito masculino e debochado. A alcunha, porém, não foi suficiente para impedi-la de tentar se tornar a chefe de Estado dos EUA. Em agosto de 2011, Roseanne anunciou, no talk show "The Tonight Show with Jay Leno", que concorreria ao pleito presidencial de 2012, que acabou reelegendo Barack Obama. O partido seria uma legenda criada por ela própria, o “Partido do Chá Verde”.

Em janeiro de 2012, porém, ela se registrou como pré-candidata pelo já existente Partido Verde, mas perdeu a nomeação para Jill Stein. Posteriormente, tentou a candidatura pelo Partido da Paz e Liberdade e obteve sucesso. Roseanne recebeu 67,3 mil votos nacionalmente, ficando em sexto lugar. Apesar disso, ela própria afirmou ter votado em Obama. A empreitada presidencial da humorista foi registrada em vídeo e deu origem ao documentário "Roseanne for President!", de 2015.

4. Jello Biafra

Vocalista original da banda de punk rock Dead Kennedys, Biafra é conhecido por ter visões bastante radicais e libertárias sobre política - é a favor, por exemplo, da descriminalização das drogas e da extinção da pena de morte nos EUA, tema bastante sensível no país.

Em 1979, ele tentou ser prefeito de São Francisco, na Califórnia. Seu slogan era emprestado de uma famosa marca de gelatinas: "sempre há espaço para Jello", uma brincadeira com seu apelido, que forma reduzida em inglês, justamente, de "gelatina". Suas propostas não eram nada convencionais e incluíam, por exemplo, a obrigatoriedade de executivos usarem roupas de palhaço na cidade. Neste pleito, Biafra recebeu 6,5 mil votos, sendo o terceiro entre 10 candidatos.

A aspiração política do ídolo punk não terminou por aí, porém. Em 2000, ele foi pré-candidato à presidência dos EUA pelo Partido Verde. Seu vice? O ativista político Mumia Abu-Jamal, que cumpre prisão perpétua por assassinato. À época, Abu-Jamal se encontrava no corredor da morte, pois sua pena inicial havia sido a de morte, o que foi modificado em 2011. Assim como Roseanne, porém, ele não conseguiu a indicação - recebeu apenas 10 votos dos delegados da legenda. Mas ao contrário da humorista, ele não tentou ser candidato por outro partido.

Em 2020, apoiava o democrata Bernie Sanders e se disse “desapontado” por sua desistência, que deixou o caminho livre para Joe Biden.

5. Gracie Allen

Roseanne Barr não foi a primeira comediante que se candidatou à presidência dos EUA. Muitas décadas antes, Gracie Allen, que à época apresentava um programa de rádio muito popular ao lado de seu marido, George Burns, anunciou que iria concorrer no pleito de 1940 pelo "Partido Surpresa" - em inglês, "Surprise Party" pode significar, também, "festa surpresa". Sua mascote era um canguru e o slogan, "está na bolsa". Ela concedeu entrevistas coletivas, fez um grande comício em Omaha, Nebraska, e foi convidada pela então primeira-dama, Eleanor Roosevelt, a ministrar uma palestra na ala feminina do National Press Club, organização dos profissionais de imprensa dos EUA, em Washington.

A candidatura da humorista foi fortemente apoiada pelo corpo estudantil de Harvard e ela e o marido chegaram a publicar um livro a respeito, “Gracie Allen for President”. Alguns meses antes das eleições, contudo, Gracie anunciou que sua candidatura era uma presepada. Mesmo assim, foi eleita, de forma não oficial por seus fãs, prefeita de uma pequena cidade do Michigan. De qualquer forma, Gracie entrou para a história como uma das primeiras mulheres a se "candidatar" ao cargo e fez com que grande parte do público feminino percebesse que o assunto "política" não deveria ficar restrito aos homens.

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