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Londres – O número de cantos que um pássaro consegue realizar é um bom indicador de saúde, de acordo com um novo estudo científico. Os cientistas descobriram que pardais machos com um maior "repertório musical" tem cérebros maiores, sistema imunológico mais resistente e estão, no geral, em melhor forma que outros pardais "menos talentosos".

Os cientistas suspeitavam há muito tempo que o número de canções que um macho consegue cantar podem sinalizar se ele é ou não um bom candidato à reprodução. Pesquisas anteriores mostraram que machos com um repertório musical mais complexo acham parceiras mais cedo durante a época de acasalamento.

"Machos com grandes repertórios serão capazes de prover às fêmeas benefícios diretos, tais como um maior auxílio no cuidado dos filhotes e defesa do território. Benefícios indiretos também podem vir por meio de genes superiores, que serão herdados pela prole", relatou um grupo de pesquisadores, chefiados por Jeremy Pfaff, da Universidade de Western Ontario, no Canadá. O estudo foi publicado no jornal da Royal Society, o mais importante sobre pesquisa biológica. Os pesquisadores analisaram mais de 500 cantos de 70 pássaros e correlacionaram a complexidade do canto com várias características físicas, incluindo a diversidade genética das aves e também seu sistema imunológico. Eles também mediram o tamanho do HVC (centro vocal superior), a parte do cérebro dos pássaros responsável pelo canto. Os resultados mostram que pássaros que têm mais "cantos" possuem HVCs maiores e sistemas imunológicos mais resistentes. O estudo usou como base a comparação da taxa de glóbulos brancos (sistema de defesa) com relação a de glóbulos vermelhos (que carregam oxigênio pelo corpo) encontradas nas aves. Os pássaros mais saudáveis apresentavam mais glóbulos brancos do que vermelhos.

Os pesquisadores também descobriram que os pássaros com "repertório" mais diversificado tinham maior diversidade genética.

O pesquisador Pfaff afirma que o canto complexo das aves é um bom exemplo de característica ornamental singular usada na seleção sexual, com a acústica funcionando como um "rabo de pavão". "Em muitas espécies as fêmeas preferem os machos com maior repertório", diz.

O cientista explica ainda que pássaros que não foram bem alimentados quando filhotes apresentaram maior tendência a ter problemas de crescimento, serem mais fracos e frágeis e terem cérebros menos desenvolvidos.

"Os sistemas neurais responsáveis pela busca de alimento e detecção de presas ou o aprendizado eficiente de busca por alimento têm grandes chances de serem superiores em pássaros com repertórios maiores. Machos que tiveram experiências de estresse durante seu desenvolvimento irão provavelmente ter cérebros menores, o que geralmente é agravado pela redução do seu sistema de canto, que é incapaz de manter um vasto repertório musical", finaliza.

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