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Quito - A Venezuela saiu como grande vencedora do encontro realizado ontem em Quito, Equador, para debater a crise regional deflagrada pelo pacto militar EUA-Co­lôm­­bia, o qual permitirá o uso de ba­­ses colombianas por militares americanos.

Com uma retórica agressiva e o apoio de vários países, a delegação de Caracas atropelou os planos da Colômbia de incluir na agenda os acordos militares firmados pela Venezuela com a Rús­­sia e o Irã, o que teria diluído o foco sobre Bogotá no encontro de chanceleres e ministros de Defesa dos países da União Sul-Ameri­­cana de Nações (Unasul).

O encontro terminou na noite de ontem sem acordo e com a Colômbia isolada. Até momentos antes do encerramento da reunião, o país sinalizava aceitar firmar uma eventual declaração final – as decisões do bloco são tomadas em consenso – para responder, ainda que vagamente, à principal preocupação da maioria dos participantes : o temor de que os EUA usem as bases da Co­­lômbia para atacar outros países.

Mas os colombianos se recusaram a dar as garantias exigidas por muitos países, entre eles o Brasil, de que as bases não poderão ser usadas para lançar operações das tropas americanas contra outros países, e os debates se encerraram só com a promessa de que os assuntos de defesa controversos serão tratados em breve pelos 12 países-membros.

Segundo relatos de participantes, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, não aderiu ao discurso confrontativo da delegação venezuelana, mas questionou em plenária o colega colombiano, Jaime Bermúdez, sobre por que Bogotá não aceitava colocar por escrito a promessa, reiterada verbalmente pelo governo colombiano, de que nenhum ataque a vizinhos partirá das bases colombianas.

A delegação de Bogotá argumentou que não poderia dar ga­­rantias em nome dos EUA, que não estavam representados no encontro. A Colômbia se recusou a mostrar cópia do acordo com a Casa Branca.

O tema encerrou os debates da manhã. Na pausa para o almoço, integrantes da delegação colombiana exibiam apreensão. Um membro da comitiva confidenciou que a artilharia verbal de Venezuela e Equador estava causando desconforto.

Em contraste com o ar acuado dos colombianos, funcionários venezuelanos andavam alegres e falando alto entre as salas do evento. A posição de Caracas foi explicitada pelo vice-presidente Ramón Carrizález. Ele acusou a Colômbia de emperrar os debates ao ocultar informações relevantes sobre as bases.

O chanceler Nicolás Maduro pediu que a Colômbia faça "uma aliança pela paz, e não pela guerra’’ e rejeitou comparações entre o pacto militar Bogotá-Wa­­shing­­ton e as compras de armamento russo anunciada neste fim de se­­mana pelo presidente Hugo Chá­­vez. Segundo Maduro, o equipamento adquirido é "defensivo’’.

* * * * * * *Corrida armamentista

Países da América do Sul gastam mais com armas.

Colômbia-EUA

Acordo permite o uso de bases colombianas por militares norte-americanos. Países vizinhos temem que os EUA passem a realizar operações além do território colombiano. Venezuela, Equador e Bolívia são os que mais pressionam contra.

Venezuela-Rússia

O governo Hugo Chávez firmou contrato para comprar US$ 2,2 bilhões em armas da Rússia. Caracas também negocia acordo com o Irã para o fornecimento de tecnologia nuclear para produção de energia.

Brasil-França

O governo brasileiro negocia a compra de 36 caças da França. O negócio chegou a ser anunciado pelo presidente Lula, mas ainda não foi oficializado. Outras empresas, como a Boeing (Estados Unidos), estão na disputa.

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