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Cardeal alemão Reinhard Marx defende sacramentos a divorciados em nova união, desde que avaliados alguns fatores | ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
Cardeal alemão Reinhard Marx defende sacramentos a divorciados em nova união, desde que avaliados alguns fatores| Foto: ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS

A maioria dos bispos de língua alemã que participam do Sínodo dos Bispos sobre a família, encontro que vai até o próximo domingo (25), no Vaticano, defende a readmissão aos sacramentos de alguns divorciados ‘recasados’. O círculo menor (grupo linguístico) formado por esses prelados pede ao Papa Francisco que cada caso seja avaliado, de modo que alguns casais de segunda união voltem a receber a comunhão.

Discussões do Sínodo apontam que preparação para matrimônio poderá ter mudança

O Sínodo dos Bispos sobre a família -- encontro realizado no Vaticano desde o último dia 4 e que segue até 25 de outubro -- entra em sua semana conclusiva e indica que poderá haver mudança em relação à preparação para o matrimônio católico.

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A proposta faz parte do relatório publicado nesta quarta-feira (21) pelo grupo formado pelos cardeais alemães Reinhard Marx e Walter Kasper e pelo austríaco Christoph Schönborn, que após uma semana de debates sobre a terceira e última parte do Instrumentum Laboris, o documento de trabalho do Sínodo, apresentaram, com outros 12 grupos linguísticos, sugestões para o texto final da assembleia.

“Nós estabelecemos critérios. Por exemplo: temos que avaliar quais foram os erros do primeiro matrimônio, como era o relacionamento da pessoa com a família do ex-cônjuge, a reputação dentro da comunidade. E a partir dessa análise, a pessoa poderá voltar aos sacramentos”, disse o cardeal Reinhard Marx, que participou da coletiva de imprensa desta quarta-feira, no Vaticano.

Marx é um dos cardeais mais solicitados pelos jornalistas credenciados. A proposta de abertura feita por ele lhe rendeu 130 pedidos de entrevistas até agora.

“Não podemos tomar decisões no Sínodo, somente o papa pode fazê-lo. É que queremos fazer tudo de um ponto de vista teológico e pastoral para que a reconciliação possa acontecer”, ressaltou.

Sínodo abre espaço para leigos e membros de outras denominações cristãs

Entre esta quinta e sexta-feira (16), o Sínodo dos Bispos sobre a família -- encontro que está sendo realizado no Vaticano -- deu espaço para os leigos participantes da assembleia.

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Boa parte dos padres sinodais chegou a sugerir que fique a cargo do bispo decidir sobre isso após avaliar cada caso. Diante da proposta, o grupo de língua inglesa moderado pelo cardeal George Pell reagiu contra o que foi cogitado. “Isso poderia ser um risco para a unidade da Igreja Católica”, afirmou.

Além disso, o mesmo grupo e o de língua francesa moderado pelo cardeal Robert Sarah falam da importância de se promover a atenção pastoral aos homossexuais, reforçando a doutrina da igreja sobre o acompanhamento que deve ser feito em relação a essas pessoas. “Também temos que dar atenção às famílias na qual essa pessoa com atração pelo mesmo sexo está inserida”, reforçou o grupo de Pell.

Casais de segunda união são tema de nova etapa de debates no Sínodo

Nesta quinta-feira (15), os padres refletiram sobre os divorciados que voltam a se casar, durante novo ato do Sínodo dos Bispos sobre a família, no Vaticano.

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Divergências

Desde o ínicio do Sínodo, os padres falaram sobre as opiniões divergentes que surgem durante os debates. O cardeal Reinhard Marx, ainda na coletiva desta quarta, não escondeu as tensões existentes. Um exemplo foi o desconforto com uma afirmação do cardeal autraliano Georg Pell durante a assembleia. De acordo com Marx, Pell teria dito que a proposta de acesso ao sacramento por parte dos divorciados “recasados” é “kasperiana”, uma vez que ela foi apresentada no Sínodo de 2014 pelo cardeal alemão Walter Kasper.

“Houve coisas que são inaceitáveis em um Sínodo. Creio que o cardeal Kasper não gostou e tivemos essa impressão. Mas já resolvemos a questão. No Sínodo não estamos combatendo. Não é Ratzinger contra Kasper”, disse.

Língua espanhola

O grupo do cardeal Rodríguez Maradiaga continua sendo um dos mais ousados e polêmicos do encontro. Em relação aos casais de segunda união, os membros questionam porque essas pessoas não podem assumir determinados serviços na Igreja.

“Sem dúvida temos que tirar do caminho muitos grilhões para que os divorciados que voltaram a se casar possam participar mais amplamente da vida da Igreja: não podem ser padrinhos, não podem ser catequistas, não podem dar aulas de religião. Temos que mostrar que escutamos o grito de tantos que sofrem pedindo para participar mais plenamente da vida da Igreja”, salienta.

Já o grupo moderado pelo cardeal Francisco Ortega reforçou que não se trata de mudar a doutrina, mas de promover a pastoral entre aqueles que vivem em situação irregular.

“Devemos promover um desenvolvimento harmônico entre verdade e acompanhamento, doutrina e pastoral, sem dicotomias […] A possibilidade sacramental da reconciliação e da eucaristia, apesar de ser importante, não é a única”, ressaltou.

Educação sexual

Além desse tema, os bispos continuam a insistir em uma formação mais consistente para os noivos e numa melhor preparação dos sacerdotes que acompanham os casais.

“Esta formação precisa estar fundada na teologia bíblica, na antropologia cristã e nos ensinamentos da Igreja. Nossa proposta é que a educação sexual seja baseada em um autêntico ensinamento cristão sobre a sexualidade”, sugere o grupo de Pell.

Na quinta-feira (22), a comissão responsável pela elaboração do texto final do Sínodo apresentará aos padres um primeiro esboço do que pode vir a ser o parecer final da assembleia.

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