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Bandeira nacional chinesa hasteada na frente da Igreja de São José, também conhecida como Igreja Católica Wangfujing, em Pequim, em 22 de outubro de 2020| Foto: GREG BAKER / AFP

A China e o Vaticano renovaram por mais dois anos um acordo temporário firmado em 2018 sobre a nomeação dos bispos que atuam no país asiático, segundo informaram o governo chinês e o Vaticano em notas publicadas nesta quinta-feira (22). Com este entendimento, as duas partes mantém o diálogo e o reconhecimento de que os bispos nomeados na China devem ter a aprovação do Partido Comunista Chinês e do Vaticano.

Segundo a nota do Vaticano, o pacto tem "fundamental valor eclesial e pastoral" e que, até o momento sua aplicação foi positiva "graças à boa comunicação e colaboração entre as partes". A Santa Sé também afirmou que tem intenção de "continuar o diálogo aberto e construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo chinês".

Apesar do acordo, o governo chinês continua sua campanha de perseguição aos cristãos, não permitindo o exercício da fé em locais e igrejas que não tenham recebido autorização para tal atividade, o que faz com que muitos católicos chineses atendam a missas em igrejas "clandestinas", que não têm a aprovação do regime comunista e apenas reconhecem a autoridade do papa. Isso já levou a prisões de líderes religiosos, fechamento de igrejas e de escolas consideradas confessionais. Também há um esforço para a sinização (ou chinização) das religiões por parte do governo chinês, o que levou até a uma alteração de uma passagem da Bíblia em um livro didático recentemente.

No mês passado, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pediu ao Vaticano que não renovasse o pacto de nomeação dos bispos, alegando que ele fez pouco para proteger os católicos das ações do Partido Comunista.

Sobre esta crítica, a Santa Sé disse nesta quarta-feira que "alguns setores da política internacional" tentaram analisar o acordo sob uma perspectiva geopolítica, mas que ele traz "uma questão profundamente eclesiológica" e que "há a plena consciência" de que o diálogo com a China "favorece uma busca mais frutífera do bem comum em benefício de toda a comunidade internacional". "O caminho ainda é longo e com dificuldades", reconheceu a Santa Sé.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijan, disse que o seu governo e o Vaticano "continuarão a conversar... e avançar no processo de melhorar suas relações".

O acordo, que permanece em sigilo por estar em "fase experimental", representou um avanço depois de quase 70 anos de rompimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e Pequim. Antes do pacto, a insistência de longa data da China de que deveria nomear bispos conflitava com a autoridade papal.

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