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Imagem de satélite mostra campo de detenção construído entre 2019 e 2020 na cidade de Kashgar, em Xinjiang. Investigações estimam que o local pode receber até 10 mil pessoas (Reprodução/ASIP).
Imagem de satélite mostra campo de detenção construído entre 2019 e 2020 na cidade de Kashgar, em Xinjiang. Investigações estimam que o local pode receber até 10 mil pessoas (Reprodução/ASIP).| Foto:

Ainda que o governo chinês tenha alegado que seu sistema de “reeducação” em Xinjiang, no noroeste do país, estava sendo desmontado, uma investigação realizada pelo Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI, na sigla em inglês), no âmbito do projeto The Xinjiang Data Project, divulgada nesta quinta-feira (23) mostrou que os campos de internamento estão crescendo na região.

Esses locais são voltados a cidadãos uigures e outras minorias étnicas muçulmanas, que correspondem a mais de metade da população de mais de 20 milhões de pessoas que vivem em Xinjiang. A justificativa oficial do governo chinês é de que essas instalações são “centros vocacionais”, voltados à educação profissional. Um vídeo gravado por um modelo uigur detido e vazado recentemente demonstrou, porém, que os locais funcionam como verdadeiras prisões.

O que o relatório da ASIP aponta é que muitos desses “detidos extrajudiciais”, antes encaminhados aos “centros vocacionais”, segundo as informações oficiais de Pequim, agora estão sendo formalmente acusados e trancafiados em instalações de segurança máxima, incluindo prisões recém-construídas ou ampliadas.

A investigação da instituição australiana começou em meados de 2018, motivada por relatos de testemunhas oculares e outras pesquisas. Por meio da análise de imagens de satélite e documentos oficiais de licitação, foram identificadas 380 construções potencialmente ligadas à detenção de minorias.

Uma investigação realizada pelo jornal The New York Times no ano passado apontou que os tribunais de Xinjiang condenaram, em 2017 e 2018, 230 mil indivíduos à prisão ou estipularam outros tipos de punição, muito mais do que em qualquer outro período registrado na região.

Uigures

Foi em 2017 que a repressão às minorias muçulmanas se intensificou na China. As autoridades chinesas usam um sistema amplo e secreto de tecnologia para vigiar os uigures, por meio, principalmente, da invasão de celulares e de ferramentas de reconhecimento facial. Muitas vezes, usar um véu no rosto ou não aparar a barba é motivo suficiente para ser detido. Outro motivo que leva à detenção é ter mais filhos do que é permitido pelo governo.

Nos “campos de reeducação”, os uigures são obrigados a abandonar suas crenças e costumes e a jurar fidelidade ao Partido Comunista para que possam sair desses locais. Os horários são regrados e os “reeducandos” são proibidos de manter qualquer contato com o mundo exterior.

A China também busca apagar a minoria estimulando o casamento entre uigures e pessoas da etnia han, maioria na China. Chineses han também são estimulados a migrar para Xinjiang, recebendo, inclusive, benefícios financeiros para tanto. Além disso, métodos de controle de natalidade forçados e até abortos a fim de diminuir o número de uigures em Xinjiang têm sido registrados.

O relatório completo da ASIP pode ser acessado aqui, em inglês.

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