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Imagem de satélite capturada em 22 de junho de 2020, divulgada pela Maxar Technologies, mostra a Linha de controle real, a fronteira entre a Índia e a China| Foto: Satellite image ©2020 Maxar Technologies / AFP

Imagens de satélites captadas nesta segunda-feira (22) pela empresa americana Maxar Technologies parecem mostrar que no último mês a China construiu estruturas militares em uma área disputada pela Índia, apesar das negociações bilaterais em andamento para desmobilização das tropas na fronteira.

Comparado com os registros de 22 de maio, as fotos mostram como a China avançou sua posição no Vale Galwan enquanto a Índia parece ter diminuído sua infraestrutura no local, conhecido como Ponto de Patrulha 14 da Linha de Controle Real, que divide os dois países. Foi nessa área de fronteira que, em 15 de junho, houve um confronto violento entre as tropas, sem uso de armas de fogo, que resultou na morte de pelo menos 20 militares indianos e um número desconhecido de baixas chinesas.

O problema é que Índia e China, há décadas, não conseguem chegar a um acordo sobre onde passa a Linha de Controle Real, na região montanhosa do Himalaia. A Índia afirma que os chineses têm instalações em seu território e a China reivindica todo o Vale Galwan.

Segundo a agência de notícias Reuters, que foi quem primeiro publicou as novas imagens de satélite, a nova estrutura chinesa inclui tendas camufladas ou estruturas cobertas contra a base do penhasco e, a uma curta distância, um potencial novo acampamento em construção com paredes ou barricadas. A agência informou ainda que essa nova base não aparece em imagens da semana passada, o que indica que a China não está interessada em desmobilizar suas tropas, apesar do recente diálogo com comandantes do exército indiano para diminuir a tensão na região.

Nesta segunda-feira, após dez horas de conversa, comandantes dos exércitos da China e da Índia concordaram em desmobilizar suas tropas nas zonas de conflito ao longo da Linha de Controle Real. Neste processo, os soldados de ambos os lados terão que recuar a uma certa distância e deve haver uma redução das forças militares ao longo das áreas disputadas. O assunto já havia sido tratado pelas partes no início de junho, mas as novas imagens de satélite mostram que um alívio das tensões na fronteira depende muito mais de ações do que de palavras.

Ontem, diplomatas das duas nações nucleares concordaram em “sinceramente implementar um entendimento sobre desmobilização e alívio das tensões” ao longo da divisa. Mas após divulgação das fotos, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, disse que a “continuação da situação atual apenas viciaria a atmosfera para o desenvolvimento do relacionamento” entre os países.

Para a Índia, "o cerne da questão é que desde o início de maio, o lado chinês acumula um grande contingente de tropas e armamentos ao longo da" Linha de Controle Real. Criticando a postura chinesa, Srivastava afirmou que “o destacamento de um grande corpo de tropas e mudanças de comportamento também foram agravadas por reivindicações injustificadas e insustentáveis”. “A recente mudança na posição chinesa no vale de Galwan [ao reivindicar o vale] é um exemplo”, disse ele, informando que ambos os lados permanecem mobilizados em grandes números na região do Vale Galwan enquanto os contatos militares e diplomáticos continuam.

No meio desta briga com a China, o ministro de Defesa da Índia, Rajnath Singh, aproveitou uma visita a Moscou nesta semana para pedir à Rússia que acelere a entrega do sistema de defesa aérea S-400 Triumph, de US$ 5,2 bilhões, segundo a imprensa indiana. A entrega estava programada para o fim de 2021, mas foi adiada por causa da pandemia. A China já possui o S-400, enquanto a Índia tem o antecessor S-300. Analistas de defesa acreditam que a Índia esteja mais interessada em aprimorar seu sistema de defesa aéreo agora que as tensões com a China aumentaram no Himalaia.

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