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Índia e China aumentaram presença militar no Himalaia| Foto: Mohd Arhaan ARCHER/AFP

A China parece estar se preparando para um confronto com a Índia. As tensões têm aumentado na fronteira entre os países, na parte ocidental do Himalaia, desde maio por causa de uma disputa territorial de décadas e, embora conversas de alto nível diplomático estejam acontecendo, o fim do impasse ainda parece estar longe.

Nesta semana, a emissora de TV chinesa CCTV informou que uma brigada militar da região do Tibete e uma brigada de aviação do exército chinês realizaram recentemente um treinamento conjunto em uma “área desconhecida que está a mais de 4.000 metros acima do nível do mar”, um descrição que se assemelha à geografia do território contestado por Índia e China. Cerca de 300 militares de elite participaram do exercício, cujo objetivo era "aprimorar as habilidades de ataque tridimensional" dos comandos de elite e melhorar as "capacidades gerais de combate das tropas estacionadas no Tibete". Houve treinamento de paraquedistas e manobras no platô tibetano. Segundo a CCTV, mais de 1.000 soldados devem ser treinados para “estabelecer uma boa base” para o paraquedismo armado em áreas de grande altitude.

Analistas internacionais veem o exercício como uma provocação à Índia e uma preparação para um possível conflito com o vizinho. O especialista militar Song Zhongping disse ao jornal South China Morning Post que o fato de a China ter deslocado forças de elite de várias unidades para treinar saltos aéreos em grande altitude é um sinal claro de que o país se prepara para um potencial conflito militar. Segundo ele, mesmo que os saltos com paraquedas façam parte do treinamento regular das forças especiais chinesas, é necessário treiná-las em grande altitude, já que o ar mais rarefeito e a radiação mais forte representam desafios para a condição física dos soldados.

O editor-chefe do jornal chinês estatal Global Times, Hu Xijin, também acredita que os exercícios recentes no platô tibetano visam a situação na fronteira entre China e Índia. No Twitter, ele escreveu que “o exército indiano deve parar de provocar ou estar preparado para ser derrotado”. Em outra publicação, ele sugere que se as tropas indianas não se retirarem da margem sul do lago Pangong Tso, um dos pontos de disputa entre os países, o Exército de Libertação Popular da China “os enfrentará durante todo o inverno”. “A logística das tropas indianas é ruim, muitos soldados indianos morrerão com a temperatura congelante ou de Covid-19. Se uma guerra estourar, o exército indiano será derrotado rapidamente”, completou.

Embora as lideranças chinesas e indianas afirmem que estão comprometidas a negociar a questão de forma pacífica, as conversas diplomáticas ainda não surtiram efeito. Na semana passada, os ministros de Defesa das duas nações se encontraram pessoalmente em uma reunião mediada por Moscou, porém, não chegaram a um acordo.

Nesta quinta-feira (10), foi a vez dos ministros das Relações Internacionais de Índia e China conversarem. Um acordo para diminuir as tensões foi firmado e seus efeitos ainda estão para ser vistos em campo.

Nas últimas semanas os desentendimentos se aprofundaram. Na segunda-feira, Índia e China trocaram acusações sobre quem violou o acordo bilateral de 1996 que coíbe o uso de armas de fogo na fronteira entre os dois gigantes asiáticos, depois que tiros foram disparados na região do Himalaia por onde passa a Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês). O incidente, segundo a imprensa indiana, foi o primeiro com arma de fogo na fronteira desde 1975, quando quatro soldados indianos morreram. Em junho, um confronto físico entre tropas de fronteira deixou 20 soldados indianos mortos e um número desconhecido de baixas chinesas.

A disputa territorial é antiga. A LAC foi estabelecida em 1962, mas indianos e chineses não conseguem chegar a um acordo sobre onde exatamente passa a linha demarcatória. Contudo as tensões começaram a escalar em maio deste ano, quando ambos os países aumentaram a presença militar ao longo da fronteira, de olho nas obras de infraestrutura que o vizinho estava realizando nas regiões autônomas de Ladakh, em território indiano, e do Tibete, no lado chinês.

A Índia também está aumentando sua presença militar na fronteira, para onde designou uma força de operações especiais composta quase em sua totalidade por tibetanos, treinados para lutar em regiões montanhosas em grande altitude.

Atualização

Acrescenta resultado do encontro entre os ministros de Relações Exteriores de Índia e China que ocorreu nesta quinta-feira e no qual os países chegaram a um acordo para diminuir as tensões na fronteira.

Atualizado em 11/09/2020 às 07:14
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