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Em seu último pronunciamento televisivo como presidente da República, Jacques Chirac pediu na terça-feira à França que se mantenha unida e fiel aos valores que fizeram do país uma força na Europa e uma defensora da paz mundial.

Ele se disse orgulhoso de seus 12 anos no cargo e afirmou que agora pretende se dedicar a campanhas pelo desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural. Chirac, de 74 anos, desejou boa sorte ao também conservador Nicolas Sarkozy, que o sucede na quarta-feira.

"Unidos, temos todo o patrimônio, toda a força, todo o talento para nos impormos neste novo mundo que está se desenvolvendo perante nossos olhos", disse Chirac, em pé detrás de um púlpito.

Ele disse que a França, unida, continuará sendo um "motor da construção européia, uma nação generosa na linha de frente dos desafios que o mundo enfrenta - paz, desenvolvimento e ecologia".

O pronunciamento não teve nada da dramaticidade teatral usada pelo líder derrotado de centro-direita Valéry Giscard d'Estaing, que em 1981 se levantou e abandonou a mesa presidencial ainda com as câmeras funcionando, quando dava seu "au revoir" a milhões de espectadores.

O sucessor dele, o socialista François Mitterrand, estava com câncer em estado terminal ao concluir seu segundo mandato, em 1995, e por isso se despediu com um simples comunicado.

Chirac, presidente desde então, deixa um legado dúbio para Sarkozy, um ex-protegido que virou adversário.

Nesses 12 anos, ele aboliu o serviço militar obrigatório, teve participação importante no fim da guerra civil iugoslava da década de 1990 e foi o primeiro presidente a reconhecer que autoridades francesas colaboraram com o Holocausto.

Mas, ao menos fora da França, será provavelmente mais lembrado por sua oposição à invasão do Iraque, em 2003, encarnando o que o ex-secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld qualificou jocosamente de "Velha Europa".

Chirac e sua esposa, Bernadette, trocarão agora o palácio do Eliseu por um apartamento no centro de Paris que pertence à família do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Al Hariri, assassinado em 2005.

Como cidadão comum, Chirac não terá mais imunidade contra as denúncias de corrupção vinculadas ao seu cargo anterior, de prefeito de Paris. Ele nega qualquer irregularidade.

Essas acusações e as repetidas promessas descumpridas ao longo de 45 anos de carreira política lhe valeram o apelido de "Super-Mentiroso" num popular programa humorístico de TV.

Chirac representa também o último sobrevivente de uma geração política que começou com os governos do general Charles de Gaulle no pós-guerra.

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