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Joe Biden, presidente dos EUA, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante cúpula em Genebra, Suíça, 16 de junho
Joe Biden, presidente dos EUA, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante cúpula em Genebra, Suíça, 16 de junho| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN POOL

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, se encontraram pela primeira vez desde que o democrata assumiu a Casa Branca. A reunião nesta quarta-feira (16), em um casarão chamado Villa La Grange, na área central de Genebra, na Suíça, durou cerca de quatro horas.

Após o encontro, Biden disse que não deseja iniciar uma nova Guerra Fria com a Rússia. Sobre o resultado da cúpula, o mandatário americano se mostrou realista, mas otimista, e comentou que os próximos meses servirão de teste para ver se a conversa desta quarta-feira aproximou os países.

"Não estou dizendo que essas coisas vão funcionar. Acredito que há perspectivas genuínas de melhorar de forma significativa as relações entre ambos os países sem que ninguém renuncie a uma coisa sequer com base em seus princípios e valores", pontuou. Biden disse que não houve "ameaças" durante a cúpula, a qual disse ter sido "quase coloquial".

Putin avaliou positivamente a reunião e afirmou que "não houve nenhuma hostilidade", apesar das divergências existentes entre ambos. Ao fazer um resumo sobre o conteúdo da reunião, Putin definiu que "a conversa foi muito construtiva".

"Os assuntos eram conhecidos por todos: estabilidade estratégica, cibersegurança, conflitos regionais e relações comerciais. Também falamos sobre a cooperação no Ártico", pontuou o presidente russo.

Segurança estratégica

Vladimir Putin e Joe Biden adotaram uma declaração conjunta na qual constatam que seus países são capazes de alcançar, mesmo em períodos de tensão, avanços na segurança estratégica, para reduzir os riscos de conflitos armados e a ameaça de guerra nuclear.

"A recente extensão do tratado Start é um sinal de nosso apego ao controle de armas nucleares. Hoje reafirmamos nosso apego ao princípio de que em uma guerra nuclear não pode haver vencedores e ela nunca deve ser desencadeada", acrescenta o comunicado de três parágrafos divulgado pela presidência russa.

Por fim, o texto enfatiza que, "para atingir esses objetivos, a Rússia e os Estados Unidos iniciarão em breve um amplo diálogo bilateral sobre segurança estratégica, que será substancial e enérgico".

"Com esse diálogo, tentaremos lançar as bases do futuro controle de armas e das medidas de mitigação de risco", conclui o comunicado. Esta declaração conjunta foi a única adotada após a cúpula.

Tratamento a opositores

O presidente americano disse ter deixado claro a Putin que os EUA continuarão se opondo a ações da Rússia que, na visão dele, ferem os direitos humanos. Biden citou o caso da prisão do ativista Alexey Navalny, e afirmou que as consequências contra o Kremlin serão "devastadoras" caso o opositor de Putin morra.

Em entrevista coletiva após a reunião, Putin disse que Navalny infringiu deliberadamente as leis russas, mesmo consciente de que seria condenado à prisão.

Putin também citou a recente ilegalização do Fundo de Combate à Corrupção de Navalny, ao argumentar que tal organização "incitou publicamente a desordem, estimulou a participação de menores em manifestações nas ruas e deu instruções sobre como fabricar coquetéis molotov para usá-los contra as forças de segurança".

Antes, Putin revelou que o tema dos direitos humanos e da situação de Navalny foram acordados na cúpula por iniciativa da parte americana.

Ciberataques

Durante sua coletiva de imprensa, Biden afirmou que o governo americano vai promover retaliações cibernéticas caso a Rússia siga com ciberataques a setores chave da infraestrutura americana.

Biden listou 16 áreas da infraestrutura americana que devem ficar "fora dos limites" dos ataques russos, disse o presidente. Os especialistas trabalharão em "entendimentos específicos sobre o que está fora dos limites e acompanharão casos específicos, desde o nosso setor de energia até nossos sistemas de água", esclareceu Biden, que acrescentou: "não vamos tolerar ameaças da Rússia à nossa soberania".

Em sua entrevista após a reunião, Putin anunciou que Estados Unidos e Rússia iniciarão conversas sobre segurança cibernética. O chefe do Kremlin enfatizou que "é necessário deixar de lado qualquer tipo de insinuação e começar a trabalhar com especialistas em prol dos interesses de EUA e Rússia".

Em meio às acusações, Putin disse que a Rússia também sofre ciberataques e citou como exemplo uma ofensiva ao sistema de saúde de uma das regiões do país. "Desde então, vemos de onde procedem os ataques, vemos que este trabalho é coordenado a partir do ciberespaço dos Estados Unidos", revelou Putin, ressaltando que não acredita que os EUA estejam "interessados em manipulações desse tipo".

Embaixadores

Vladimir Putin anunciou que o embaixador dos Estados Unidos em Moscou e o embaixador russo em Washington, John Sullivan e Anatoly Antonov, respectivamente, retornarão aos seus postos de trabalho em breve.

"Sobre a volta dos nossos embaixadores aos postos de trabalho, o dos EUA a Moscou e o nosso a Washington, decidimos que retornem às atividades", disse o mandatário russo em entrevista coletiva após o encontro.

A tensão entre Kremlin e Casa Branca disparou em março, após Biden chamar Putin de "assassino". Em seguida, Moscou convocou Antonov para consultas e recomendou que o responsável pela delegação americana abandonasse o país.

Em abril, os EUA impuseram sanções à Rússia e expulsaram dez diplomatas por suposta interferência nas eleições presidenciais de 2020, pelo suposto papel no ciberataque à empresa de tecnologia SolarWinds e em atividades na Ucrânia e no Afeganistão.

O Kremlin respondeu com medidas similares, incluiu os EUA em uma lista de países hostis - que significa que o governo americano não poderá contratar profissionais locais para as sedes diplomáticas em território russo - e recentemente limitou a movimentação de diplomatas americanos na Rússia.

Confusão de jornalistas

O início da cúpula foi marcado por uma confusão entre jornalistas dos Estados Unidos e da Rússia, que competiram para entrar na biblioteca de Villa La Grange. Cenas de gritos e empurrões ocorreram do lado de fora da mansão, logo depois que os dois líderes apertaram as mãos e entraram no prédio.

Membros do pool de Biden, o grupo de repórteres que segue o presidente americano, explicaram que a confusão começou em uma entrada lateral quando repórteres americanos e russos correram para a mansão e foram parados por oficiais e pessoal de segurança dos EUA e da Rússia.

Os jornalistas americanos foram repetidamente solicitados a ficar em uma fila separada, mas nenhuma das partes deu ouvidos a essas instruções e começaram a gritar e empurrar para entrar, enquanto um oficial suíço pedia que se acalmassem.

O tumulto continuou enquanto as autoridades da Casa Branca tentavam trazer os jornalistas americanos para o interior da biblioteca, argumentando que os EUA e a Rússia haviam concordado com o número de repórteres permitidos.

Enquanto isso, Biden e Putin começaram a conversar na biblioteca da mansão, enquanto muitos jornalistas ainda estavam do lado de fora. No final, apenas nove dos 13 repórteres que compõem o pool do presidente dos EUA conseguiram obter acesso.

Com informações da Agência EFE e do Estadão Conteúdo.

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