• Carregando...
Peter Jennisken, da Nasa, e Muawia Shaddad, da Universidade de Khartoum, no Sudão, ambos ao centro, acompanham estudantes na caça aos meteoritos | Nasa
Peter Jennisken, da Nasa, e Muawia Shaddad, da Universidade de Khartoum, no Sudão, ambos ao centro, acompanham estudantes na caça aos meteoritos| Foto: Nasa
  • Traços da travessia do asteroide 2008 TC3 pela atmosfera terrestre, no Sudão

No dia 6 de outubro de 2008, um pequeno asteróide foi detectado por um telescópio automatizado do Arizona, nos Estados Unidos. Até aí, ele era apenas mais um dos incontáveis asteroides que são descobertos todos os dias por sondagens astronômicas. A diferença é que o minúsculo bólido de 6 de outubro ia adentrar a atmosfera da Terra algumas horas depois - e os cientistas estavam determinados a encontrar o que restasse dele no solo.

Satélites e observadores em terra acompanharam a trajetória do asteroide, que atravessou o ar como uma bola de fogo até que, a 37 km de altitude, explodiu. O que restasse dele estaria espalhado pelo deserto da Núbia, localizado entre o Egito e o Sudão.

Uma expedição internacional liderada por cientistas americanos e com participação de pesquisadores sudaneses foi conduzida no deserto em busca dos pedregulhos espaciais. Foram encontrados 47 meteoritos - pedaços do asteróide original -, com massa total de quase 4 quilos.

"Como ele explodiu a 37 km de altitude, não era esperado que algum fragmento macroscópico sobrevivesse", afirmam os cientistas liderados por Peter Jenniskens, astrônomo da Nasa e do Seti Institute, na Califórnia. "Reportamos que uma busca dedicada ao longo da trajetória de aproximação recuperou 47 meteoritos."

Com isso, os pesquisadores realizaram um feito inédito: pela primeira vez um asteroide foi detectado no espaço e acompanhado até sua colisão com a Terra, com a subsequente recuperação de pedaços que indicam minuciosamente sua composição. O resultado foi parar na capa da edição desta semana do periódico científico "Nature".

O feito equivale a conduzir uma missão de retorno de amostras de um asteroide, como a tentada recentemente pela sonda japonesa Hayabusa - só que sem gastar fortunas com a decolagem e a espaçonave.

Normalmente, os asteroides são classificados de acordo com suas propriedades reflexivas - ou seja, com a "cara" que eles têm no espaço. Mas, com as pedras em mãos, Jenniskens e sua equipe puderam identificar em detalhes a composição de um asteroide cuja classificação por observação astrônomica era conhecida. Um belo avanço.

Os cientistas apreciam a oportunidade de estudar asteroides e sua composição pois acredita-se que com isso seja possível abrir uma janela para a época em que os planetas do Sistema Solar estavam se formando. Os asteroides são pedregulhos que sobreviveram, mais ou menos inalterados, desde aquele período, 5 bilhões de anos atrás.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]