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Laboratorio do CITT, onde cientistas estudam o uso de células-tronco para a retina | CITT/Efe
Laboratorio do CITT, onde cientistas estudam o uso de células-tronco para a retina| Foto: CITT/Efe

Vantagens

Procedimento é menos doloroso e garante melhor qualidade do material

Muitas vezes, nos tratamentos genéricos, são utilizadas células da medula óssea, cuja extração é dolorosa. Já para obter gordura amarela, é necessária apenas a aplicação de anestesia local para extraí-la debaixo da pele. Além disso, há outra vantagem fundamental: há melhor qualidade de células-tronco na gordura do que na medula óssea.

"À medida em que uma célula-tronco vai se dividindo, com o tempo, vai envelhecendo. Um paciente de 60 anos tem as células-tronco de sua medula óssea trabalhando sete dias da semana, 24 horas por dia. Por outro lado, a gordura trabalhou muito pouco. Comparativamente, as células da gordura são mais jovens porque trabalharam menos", explica Gustavo Moviglia.

Tumores

Também foi constatado que, no mesmo volume de medula óssea e gordura, há dez vezes mais células-tronco na gordura do que na medula óssea. Ao contrário de outros tratamentos celulares, em que são utilizadas células embrionárias ou geneticamente modificadas com presença de oncogenes (genes presentes em tumores), este tipo de células não gera tumores nem doenças autoimunes.

Uma equipe de cientistas argentinos conseguiu um avanço significativo para o tratamento futuro de problemas de visão ao obter, em laboratório, células progenitoras da retina a partir de células-tronco adultas provenientes de tecido adiposo. O trabalho é do Centro de Pesquisa em Engenharia de Tecidos e Tratamento Celulares (CIITT) da Universidade Maimónides, de Buenos Aires.

"Isso nos dá uma grande possibilidade porque começamos a produzir a partir das células do próprio indivíduo outras que têm um potencial terapêutico", afirmou o diretor do CIITT, o médico Gustavo Moviglia.

Ao contrário de outras pesquisas, nas quais são utilizadas células embrionárias ou modificadas geneticamente em um laboratório, os cientistas argentinos trabalharam a partir de células obtidas de tecido adiposo.

"Foi um grande desafio porque, de todas as células, as com menos possibilidade de serem transformadas em células dos olhos eram as do tecido adiposo. Nós tivemos sorte", ressaltou Moviglia, que tem 27 anos de experiência de pesquisa na área da biologia celular.

O processo implica na utilização de um subgrupo de linfócitos específicos em um cultivo junto a células do tecido adiposo do paciente. Dessa forma elas conseguem se diferenciar para obter células com potencial reparador da retina.

"Com essa população de linfócitos, as células de gordura no dia seguinte eram um pouco diferentes. Ao terceiro dia, começaram a formar as estruturas próprias do olho, ou seja, as células já adquiriram não só os marcadores do olho, mas também as formas, como os cones ou os bastões", explicou Moviglia.

Testes

De modo similar, no passado, a equipe do CIITT demonstrou que pode obter a partir de cultivos com linfócitos células progenitoras neurais, ósseas e de ilhotas de Langerhans (ilhotas pancreáticas). Agora, com o resultado alcançado, a equipe já iniciou a fase de aplicação em ratos.

Em seguida, será testado o tratamento em humanos com problemas de degeneração na retina por idade, uma patologia muito comum em idosos, embora potencialmente o tratamento também possa ser aplicado em casos de retinopatias de origem genérica.

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