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Eleições do Irã

Clérigo iraniano diz que "baderneiros" deveriam ser executados

Conselho dos Guardiões disse não ter detectado violações no pleito. Ahmadinejad se reelegeu com vitória esmagadora sobre Mousavi

Um clérigo iraniano conservador pediu nesta sexta-feira (26) a execução de "baderneiros", num claro sinal das autoridades de reprimir a oposição ao resultado da eleição presidencial realizada em 12 de junho.

O principal órgão legislativo do Irã, o Conselho de Guardiães, disse não ter detectado violações no pleito, o qual classificou de a votação mais "saudável" desde a Revolução Islâmica de 1979.

O conselho já havia rejeitado pedidos de anulação da eleição, feitos pelo ex-primeiro-ministro Mirhossein Mousavi, um moderado que liderou as manifestações desde que foi declarado segundo colocado na eleição, atrás do atual presidente Mahmoud Ahmadinejad.

"Quero que o Judiciário... puna os líderes baderneiros com firmeza e sem mostrar nenhuma clemência para ensinar a todos uma lição", disse Ahmad Khatami em palestra religiosa na Universidade de Teerã.

A TV estatal iraniana disse na quinta-feira que oito integrantes da milícia Basji foram mortos por "baderneiros" durante os protestos. Anteriormente, a mídia estatal havia informado que 20 pessoas morreram nas manifestações.

Autoridades iranianas acusam Mousavi de ser o responsável pelo derramamento de sangue, enquanto o ex-premiê moderado diz que o culpado é o governo.

Khatami, que é membro da Assembleia de Especialistas, disse que o Judiciário deve acusar os líderes "desordeiros" como "mohareb", pessoas que promovem guerra contra Deus.

"Eles devem ser punidos brutalmente e de forma selvagem", disse.

Pelas leis iranianas, a punição para as pessoas condenadas por serem "mohareb" é a execução.

Os simpatizantes de Mousavi planejam soltar milhares de balões na sexta-feira com a mensagem "Neda, você sempre estará em nossos corações", em memória a Neda Agha Soltan, a jovem morta na semana passada que se tornou um dos ícones das manifestações.

Khatami disse que Neda foi morta pelos próprios manifestantes para propósitos de propaganda.

"Ao assistir o filme, qualquer pessoa inteligente vê que os baderneiros a mataram", disse.

O jornal britânico "Times" citou o médico Arash Hejazi, que aparece em vídeos divulgados na Internet ajudando Neda, ecoando as acusações da oposição de que a estudante de música de 26 anos foi morta por um miliciano do governo.

"Ela era só uma pessoa que estava na rua e que era contra a injustiça que acontecia em seu país, e por isso ela foi assassinada", disse. Hejazi, que depois dos protestos fugiu para a Grã-Bretanha.

As autoridades usaram uma combinação de alertas, prisões e ameaça de ação policial para tirar as grandes manifestações das ruas da capital desde o sábado.

A Rússia, que ao lado da China parabenizou Ahmadinejad pela vitória na eleição, disse na sexta-feira que está bastante preocupada com o uso da força no Irã.

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