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| Foto: Jistin Sullivan/AFP

A cinco dias da primária em Nova York, Hillary Clinton e Bernie Sanders se esforçam para ganhar território no Estado que os dois clamam ser seu por direito -ela, nascida em Chicago, foi ex-senadora nova-iorquina entre 2001 e 2009; ele, hoje senador por Vermont, é um legítimo filho do Brooklyn.

Hillary e Bernie ouviram perguntas duras de jornalistas da CNN no primeiro debate em cinco semanas entre os pré-candidatos democratas à Casa Branca, realizado nesta quinta (14), num galpão no Brooklyn.

Por que Hillary não libera transcrições de palestras que deu em Wall Street, ironicamente referidos pelo adversário como “prosa shakespeariana” por custarem até US$ 225 mil?

Sanders deve desculpas a famílias de vítimas da escola primária de Sandy Hook (alvo de um tiroteio em 2012), por se opor no Senado a uma lei que as permitiria processar fabricantes de armas?

A ex-primeira dama se arrepende de ter defendido uma legislação contra crimes que endureceu punições em 1994, na gestão de seu marido, Bill Clinton, e afetou diretamente a população negra do país, historicamente mais vulnerável a ações policiais?

Como o senador por Vermont, caso eleito presidente, pretende defender os interesses americanos se ele é um crítico feroz das grandes corporações?

Foi uma esgrima verbal com picos de tensão -pesquisas põem Hillary dez pontos à frente do oponente, que na véspera reuniu cerca de 25 mil simpatizantes no Washington Square Park.

Sanders, que fazia caretas quando ouvia algo que não gostava, comentou sobre a rival ter associado a aumento da criminalidade a “superpredadores” em 1996. “Todo mundo sabia que esse era um termo racista.”

Alfinetou a ex-secretária de Estado ao afirmar que não liberaria nenhuma conferência sua vendida a Wall Street “por US$ 225 mil, US$ 2.000 ou dois centavos”. Disse que sua barra estava limpa: “Não houve discursos do tipo”.

Sorridente (postura que diminuiu ao longo da noite), Hillary contra-atacou. Questionou por que o adversário disse que ela não era “qualificada” para ser presidente. “Já fui chamada de muitas coisas, mas disso é a primeira vez.”

Sanders de fato disse, dias atrás, que ela não tinha qualificação para tanto. Direcionada a uma mulher que já foi senadora e secretária de Estado, a fala pegou mal, e ele recuou diante das críticas.

Hillary não deixou barato e lembrou que o povo de Nova York votou nela duas vezes para ser sua representante no Congresso, e que o presidente Barack Obama jamais questionou seu julgamento.

Evocou mais uma vez Obama ao rebater a pecha de “puxa-saco de Wall Street” que Sanders tenta colar nela a qualquer custo.

Lembrou que, ao concorrer a presidente, ele também tinha apoio corporativo e recebeu milhões de dólares. “Nem por isso se deixou influenciar ao passar a regulamentação mais dura [para a indústria financeira, a Lei Dodd-Frank].”

Hillary também questionou se a plataforma de Sanders (como universidade gratuita e sistema de saúde público) se segura em pé ou não. No debate, veio à tona uma estimativa sobre quanto custaria tirá-la do papel: US$ 15 trilhões a mais na dívida nacional.

“Acho que, quando você concorre a presidente, deveria ser responsabilizado sobre até que ponto esses números se sustentam, se seus planos vão de fato funcionar”, disse.

O debate começou com uma interpretação da cantora Morgan James para o hino americano, mas a trilha sonora dominante foi a participação da plateia num antigo estaleiro da Marinha. No quesito aplauso e vaias, os dois saíram em empate técnico.

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