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A police van is pictured outside of the Embassy of Ecuador in London on April 11, 2019, after police arrested WikiLeaks founder Julian Assange. – British police have arrested WikiLeaks founder Julian Assange at Ecuador’s embassy in London after his asylum was withdrawn, the police said in a statement Thursday. Assange has been living at the embassy since 2012 when he sought refuge there. (Photo by Niklas HALLE’N / AFP)
A police van is pictured outside of the Embassy of Ecuador in London on April 11, 2019, after police arrested WikiLeaks founder Julian Assange. – British police have arrested WikiLeaks founder Julian Assange at Ecuador’s embassy in London after his asylum was withdrawn, the police said in a statement Thursday. Assange has been living at […]| Foto: AFP

O fundador do Wikileaks Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres, nesta quinta-feira (11), pela polícia do Reino Unido. A Polícia Metropolitana informou que ele foi preso por "não se entregar ao tribunal", descumprindo um mandado emitido em 2012, e que as autoridades de segurança foram convidadas a entrar na embaixada após a retirada do asilo do governo equatoriano.

Posteriormente, a Scotland Yard confirmou que Assange foi preso também em nome dos EUA, após um pedido de extradição. "Julian Assange foi hoje preso em nome das autoridades dos Estados Unidos, às 10h53, após sua chegada a uma delegacia central de Londres. Este é um mandado de extradição nos termos da Seção 73 da Lei de Extradição", informou a polícia.

Ele foi levado sob custódia a uma delegacia central de Londres, onde permanecerá até ser apresentado ao Tribunal de Magistrados de Westminster "o mais rápido possível", segundo a polícia. O Equador já planejava expulsar Assange de sua embaixada nas próximas “horas ou dias”, segundo revelou o WikiLeaks na semana passada.

Acusação de estupro

Assange vivia na embaixada equatoriana em Londres desde 2012 para evitar ser detido e extraditado para a Suécia, onde era investigado por estupro. O processo foi arquivado pela Justiça da Suécia, mas as autoridades britânicas ainda buscam prendê-lo. Assange teme ser extraditado para os Estados Unidos, devido ao seu trabalho com o Wikileaks.

O fundador do Wikileaks nega as acusações de estupro e diz ser perseguido por ter vazado milhares de documentos revelando práticas espúrias de diversos governos ao redor do mundo, em especial dos Estados Unidos.

Em um vídeo publicado logo após a notícia da prisão de Assange, o presidente do Equador, Lenín Moreno, disse que a decisão de retirar o status de asilo do fundador do Wikileaks se deve às "declarações hostis e ameaçadoras de sua organização aliada contra o Equador" e à "transgressão de tratados internacionais".

"O senhor Assange violou reiteradamente as provisões expressas das convenções de asilo diplomático. Ele particularmente violou a norma de não intervir em assuntos internos de outros países", disse.

Segundo Moreno, o alerta mais recente neste sentido se deu em janeiro de 2019, quando o Wikileaks vazou documentos do Vaticano. "Membros-chave desta organização visitaram Assange antes e depois de dito ato ilegal. Esta e outras publicações confirmaram as suspeitas do mundo de que o sr. Assange ainda está ligado ao Wikileaks e, portanto, com as intromissões em assuntos internacionais de outros estados".

Ele também afirmou que Assange instalou equipamentos de distorção não permitidos, bloqueou câmeras de segurança na Missão Equatoriana em Londres, agrediu e maltratou a guarda diplomática e acessou arquivos de segurança da embaixada sem permissão.

O presidente informou ainda que solicitou à Grã-Bretanha a garantia de que Assange não será extraditado a um país onde ele poderia sofrer tortura ou pena de morte, o que governo britânico assegurou por escrito. Ele finalizou o vídeo dizendo que o Wikileaks ameaçou há 12 dias o governo do Equador. "Meu governo não tem nada o que temer e não age sob ameaça".

A expulsão de Assange da embaixada do Equador reflete uma mudança na política do país. A concessão de asilo a Assange deu ao ex-presidente esquerdista Rafael Correa, que agora vive na Bélgica e é procurado pela polícia em seu país por supostas ligações com um sequestro político de 2012, credenciais anti-imperialistas em um momento em que a maior parte dos países sul-americanos, inclusive o Brasil, tinha governos identificados com a esquerda.

Moreno foi eleito presidente em abril de 2017, prometendo dar continuidade às políticas de esquerda de Correa. No entanto, após chegar ao poder, ele se distanciou de seu padrinho político e forjou alianças com partidos de centro e de direita. Moreno procurou consertar os laços desgastados com os Estados Unidos, o maior parceiro comercial do Equador, e chegou a dizer que Assange era "uma pedra no meu sapato".

Resposta do Wikileaks

O Wikileaks caracterizou a expulsão de Assange da embaixada equatoriana como um ato de retaliação por denunciar acusações de corrupção contra Moreno. "Se o presidente Moreno quiser encerrar ilegalmente o asilo de um refugiado para encobrir um escândalo de corrupção no exterior, a história não será gentil", disse o Wikileaks em um comunicado.

No Twitter, a organização disse que atores poderosos, incluindo a CIA (agência de inteligência dos EUA), estão envolvidos em "um esforço sofisticado para desumanizar, deslegitimar e prendê-lo".

Antes da eleição dos EUA em 2016, o Wikileaks divulgou dezenas de milhares de e-mails que foram roubados do Comitê Nacional Democrata e do presidente da campanha de Hillary Clinton, John Podesta, em ciberataques que os EUA concluíram terem sido orquestrados pelo governo russo.

Quando o procurador especial Robert Mueller indiciou 12 oficiais de inteligência militar russos na investigação sobre a interferência russa nas eleições americanas daquele ano, ele disse que estes agentes “discutiram a liberação dos documentos roubados e o momento desses lançamentos” com o Wikileaks “para aumentar o seu impacto nas eleições presidenciais de 2016”.

O diretor executivo da organização Repórteres sem Fronteiras, Christophe Deloire, disse que tornar Assange um alvo por causa das informações "de interesse público" vazadas pelo Wikileaks para jornalistas "seria uma medida punitiva e estabeleceria um precedente perigoso para jornalistas ou suas fontes" caso os EUA desejassem persegui-las no futuro.

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