O Paquistão realiza nesta quinta-feira (8) a eleição para a sua Assembleia Nacional, que vai definir quem será o primeiro-ministro do país até 2029, em meio a uma grave crise institucional e de violência política.
Nesta quarta-feira (7), pelo menos 26 pessoas morreram e outras 54 ficaram feridas em três atentados contra os gabinetes de vários dirigentes e candidatos políticos, em duas das províncias mais conflituosas do Paquistão, o Baluchistão e Khyber Pakhtunkhwa.
No início da semana, pelo menos dez policiais morreram e outros seis ficaram feridos em um ataque de insurgentes a um centro das forças de segurança em Khyber Pakhtunkhwa.
A crise institucional no Paquistão vem desde 2022, quando o então primeiro-ministro Imran Khan, vencedor na eleição de 2018, foi destituído do cargo por uma moção de censura no Parlamento em abril daquele ano.
Preso desde agosto de 2022, Khan foi sentenciado a três anos de prisão um ano depois, acusado de uso indevido do cargo de primeiro-ministro para comprar e vender presentes em posse do Estado recebidos durante visitas diplomáticas ao exterior.
Ainda que essa condenação tenha sido suspensa por um tribunal de apelações, ele permaneceu preso devido a outras acusações.
Na semana passada, o ex-premiê foi alvo de mais três condenações na Justiça: ele e sua esposa, Bushra Bibi, receberam uma sentença de sete anos de prisão por casamento fraudulento (ela não teria respeitado o período que uma mulher deve esperar após a dissolução de seu casamento ou após a morte de seu marido, de acordo com a lei islâmica); outra de 14 anos de prisão por corrupção, por não ter declarado o dinheiro obtido com a venda de presentes recebidos durante seu mandato; e mais uma de dez anos pela divulgação de conversas privadas consideradas segredos de Estado.
Khan e seus apoiadores alegam que os processos contra ele têm motivação política. Partidários do ex-premiê realizaram violentos protestos no ano passado, inclusive contra instalações do Exército, acusado por eles de ter sido o responsável pela destituição de Khan em 2022.
O partido dele, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), teve a utilização do seu símbolo (um taco de críquete – Khan foi um atleta vitorioso nesse esporte) vetada pela Suprema Corte do Paquistão. Além disso, vários integrantes da legenda foram presos, impedidos de concorrer pela Justiça ou forçados a disputar a eleição como candidatos independentes.
Com Khan fora da disputa, analistas projetam que o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, da Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N, na sigla em inglês), é favorito para voltar ao cargo, que ocupou por três períodos nas décadas de 1990 e 2010 (não consecutivamente).
Sharif voltou recentemente ao Paquistão após um exílio autoimposto de quatro anos em Londres e foi liberado pelos tribunais das condenações que o impediam de participar da vida política.
A crise econômica e a presença de grupos terroristas também contribuem para a instabilidade institucional no Paquistão, amplificada por denúncias de tentativas de fraude eleitoral.
Porém, em entrevista à CNN, Farzana Shaikh, membro do programa Ásia-Pacífico do think tank britânico Royal Institute of International Affairs, destacou que a população paquistanesa está “desesperada por normalização”.
“Por mais descontente que o povo paquistanês possa estar, também está desesperado por alguma estabilidade após meses de caos”, disse ela. “Então, por resignação, eles aceitarão os resultados.” (Com Agência EFE)
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