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A opositora venezuelana Maria Corina Machado com senadores brasileiros e mulheres de presos políticos | Twitter de Maria Corina Machado / Reprodução
A opositora venezuelana Maria Corina Machado com senadores brasileiros e mulheres de presos políticos| Foto: Twitter de Maria Corina Machado / Reprodução

A missão com senadores brasileiros que chegou na tarde desta quinta-feira (18) a Caracas, na Venezuela, para uma visita de solidariedade aos presos políticos no país foi impedida de deixar o aeroporto da capital venezuelana. O ônibus que levava os parlamentares foi cercado por manifestantes favoráveis ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que atiraram pedras e gritaram palavras de ordem. Além disso, o governo de Nicolás Maduro bloqueou as vias de acesso ao presídio de Ramo Verde, onde está preso o líder oposicionista Leopoldo López.

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Depois de ser recebida no aeroporto por Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López; Mitzy Capriles, esposa de Antonio Ledezma; Patricia de Ceballos, esposa de Daniel Ceballos; e pela ex-deputada cassada María Corina Machado, a comitiva seguiria para o presídio de Ramo Verde, mas o ônibus foi cercado logo na saída do aeroporto.

Com o trânsito engarrafado, os manifestantes cercaram o veículo e gritar palavras de ordem. “Chávez não morreu, se multiplicou” e “Fora, fora”, foram algumas das frases.

Itamaraty lamenta

No fim do dia, o Itamaraty lamentou o caso e classificou de “inaceitáveis” os ataques de manifestantes contra os parlamentares brasileiros. “À luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, o governo brasileiro solicitará ao governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido”, diz o texto. Até a noite desta quinta-feira, no entanto, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não havia conseguido falar com sua colega venezuelana.

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Na nota, o Itamaraty garante que os parlamentares foram recebidos e tiveram apoio da embaixada brasileira, contrariando as informações divulgadas pelos senadores em Caracas. “O governo brasileiro cedeu aeronave da FAB para o transporte dos Senadores e prestou apoio à missão precursora do Senado enviada na véspera a Caracas. Por intermédio da Embaixada do Brasil, o governo brasileiro solicitou e recebeu do governo venezuelano a garantia de custódia policial para a delegação durante sua estada no país, o que foi feito”, diz o texto, acrescentando que o embaixador brasileiro, Ruy Pereira, recebeu os parlamentares no aeroporto e depois seguiu em seu carro de volta a Caracas.

“Ambos os veículos ficaram retidos no caminho devido a um grande congestionamento, segundo informações ocasionado pela transferência a Caracas, no mesmo momento, de cidadão venezuelano extraditado pelo Governo colombiano.

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O senador Ronaldo Caiado (DEM-TO), que integra a comitiva, disse que o veículo foi apedrejado. “Não conseguimos sair do aeroporto. Sitiaram o nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo. Estou tentando contato com o presidente Renan”, escreveu Caiado. “Filmei o apedrejamento que fizeram contra nosso ônibus, mas o sinal de internet é ruim.”

Caiado disse ainda que o embaixador do Brasil na Venezuela não tomou nenhuma providência. “O embaixador do Brasil na Venezuela nos recebeu no aeroporto e foi embora. Agora estamos sendo agredidos e não tem representante do governo”, publicou no Twitter. “O Congresso Nacional está sendo duramente atacado e agredido aqui na Venezuela”, escreveu o senador por volta das 16h30. Segundo o canal VivoPlay, o governo bloqueou todas as vias até o presídio de Ramo Verde.

Segundo membros da escolta dos senadores, o bloqueio se deve ao translado de um prisioneiro extraditado da Colômbia. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), porém, disse que já telefonou para o embaixador do Brasil, Rui Pereira, para que tome providências. Pereira teria prometido ligar diretamente para a Chancelaria venezuelana. Para o senador mineiro, é difícil imaginar que essa situação não seja possível sem a conivência das autoridades.

Também estão na comitiva Cássio Cunha Lima (PSDB), José Agripino (DEM), Ronaldo Caiado (DEM), Ricardo Ferraço (PMDB), José Medeiros (PPS) e Sérgio Petecão (PSD). A comitiva planejava almoçar com representantes da MUD, principal coalizão opositora. Também está prevista uma visita ao prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, que está em prisão domiciliar.

Também no Twitter, Maria Corina Machado publicou que o governo de Nicolás Maduro bloqueou as vias que deixam o aeroporto, para tentar impedir que os senadores cheguem à prisão onde está Leopoldo López. “Nunca em nossa história uma missão oficial havia sito tratada desta maneira. É indignante”, disse ela ao canal venezuelano VivoPlay.

Governo tentou evitar visita

O governo venezuelano tentou ao máximo evitar a visita dos brasileiros. Na terça-feira, o governo de Nicolás Maduro adiou a resposta sobre a autorização para o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousar em Caracas. A autorização foi dada no dia seguinte, mas os senadores foram informados que não poderão visitar os presos políticos. A comitiva deve embarcar de volta ao Brasil na noite desta quinta-feira.

Para se contrapor à presença dos senadores, o governo venezuelano convidou um grupo de brasileiros militantes de esquerda e membros de sindicatos, que cumpre agenda de encontros e aparições na mídia estatal.

Maria Corina Machado disse que a visita dos políticos brasileiros é histórica. Segundo ela, nunca aconteceu antes uma missão oficial desse gênero no país. E elogiou a coragem e iniciativa da comissão. “Vocês estão presenciando gesto histórico e sem precedente. O Brasil envia mensagem ao mundo inteiro de que a democracia está conosco. A indiferença do governo brasileiro é cumplicidade”, disse Corina. Segundo ela, a chegada dos brasileiros desencadeia um movimento em defesa da democracia no país.

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