Curitiba Depois de esperar quase dois anos pelo motivo do cancelamento de seu visto norte-americano, o comerciante curitibano Omar Sharif Uthman Majid descobriu que sua permissão se tornou inelegível sob a seção 212 (A) (3) (B) da Lei de Imigração e Nacionalidade, que se refere à participação, apoio ou suspeita de ligação com atividades terroristas. Em dezembro de 2003, Majid recebeu uma carta do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, onde tinha obtido o visto, revogando a validade da permissão (veja infográfico). Só esta semana ele descobriu a que se referia sua inelegibilidade para o visto, mencionada na carta. "Tentei, sem sucesso, fazer contato pelo telefone indicado. Acabei perdendo o interesse pelo assunto na época. Agora que sei do motivo vou cobrar provas. Se soubesse que era esta a razão teria recorrido antes."
Majid afirma que não tem nenhum vínculo pessoal ou profissional com organizações terroristas nem realiza operações financeiras no exterior. "Estou ainda mais indignado por saber que a anulação do visto ocorreu por suspeita de ligação ao terror. Até então pensava que a revogação fosse uma forma de discriminação por minha origem árabe".
O visto norte-americano de Majid teria validade até 6 de junho de 2012. Ele conta que, semanas antes da carta, recebeu uma ligação de uma pessoa que se apresentou como funcionária do consulado, informando do cancelamento. O comerciante alega não ter atendido ao pedido porque ficou desacreditado de que a ligação pudesse ser verdadeira devido ao tom, que ele classifica como sátira. Em dezembro, veio a carta.
Antes de ter o visto cancelado, Majid esteve em Miami por duas vezes, em junho de 2002 e em abril de 2003. "No retorno desta última viagem, tive de me despir e responder a várias perguntas sobre o roteiro de minha viagem aos policiais no aeroporto." Majid diz estranhar o fato de o consulado não ter solicitado nenhum tipo de esclarecimento antes do cancelamento da permissão. "Não penso mais em visitar os EUA, apenas quero que justifiquem o que levou ao cancelamento do meu visto."
Casado e pai de dois filhos, Majid alega que o cancelamento lhe trouxe constrangimento familiar. Majid é filho de palestino, nascido na Cisjordânia, naturalizado há 40 anos no Brasil.
O advogado de Majid, Daniel de Oliveira Godoy Jr, diz que enviará uma carta ao Ministério da Justiça e à Embaixada dos EUA em Brasília pedindo justificativas sobre a anulação do visto e a retratação sobre a acusação.
A assessoria de imprensa da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, informou que a legislação do país não permite comentários sobre casos individuais sob pena de ferir a privacidade do cidadão. A legislação prevê a possibilidade de cancelamento de vistos em casos específicos, segundo a embaixada.
O Consulado de São Paulo também foi consultado e reafirmou a postura de não comentar casos específicos. A assessoria de imprensa, no entanto, esclareceu que um cidadão que teve o visto cancelado sem saber do motivo pode enviar e-mail para visasaopaulo@state.gov solicitando informações.
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