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Mesmo que haja um acordo para acabar com a crise política, Honduras terá de enfrentar um passivo de agressões aos direitos humanos que envolve pelo menos cinco assassinatos e 94 presos políticos, além de autoexílios e estupros ocorridos durante os três meses de vigência do governo de facto.

O Comitê de Parentes de Desaparecidos e Presos Políticos (Cofadeh) acusa as forças de segurança do regime de Roberto Micheletti de adotar a "Operação Silêncio" com o objetivo de eliminar ativistas favoráveis ao retorno do presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe em 28 de junho.

"Um comando das forças de segurança conduz a Operação Silêncio desde que Zelaya foi derrubado", afirmou à Agência Estado Bertha Oliva, coordenadora-geral do Cofadeh. "Eles prepararam um roteiro da morte", completou, referindo-se a uma lista de opositores que estariam marcados para morrer.

Na última sexta-feira, o professor Mário Fidel Contreras, de 50 anos, foi morto com um tiro no rosto quando saia de sua casa, em San Angel, bairro de classe média de Tegucigalpa. Os criminosos se deslocaram em motocicletas e deixaram no local um bilhete com advertências à Frente Nacional de Resistência (FNR), movimento aliado a Zelaya do qual Contreras era membro.

Antes de Contreras, outros três professores vinculados à FNR morreram em crimes cometidos pelas forças de segurança ou por assassinos de aluguel. Félix Murillo López foi morto no dia 17. Ele era protegido da Justiça por ser testemunha do assassinato de outro colega, Roger Vallejo Soriano. O professor Martín Rivera foi a terceira vítima.

O Cofadeh registrou ainda o sequestro e a morte do agricultor Antonio Leiva, líder de uma entidade camponesa e membro da FNR. A polícia e o Exército estão sendo responsabilizados ainda pela morte de Francisco Alvarado durante um conflito com manifestantes pró-Zelaya.

Olga Ofíres, de 35 anos, e Wendy Elizabeth Ávila, de 24 anos, morreram em consequência da aspiração de gás lacrimogêneo lançado pelas forças de segurança em protestos. Wendy estava diante da embaixada brasileira quando foi atacada.

Quem também sofreu nas mãos dos golpistas foi Rosa Maria Valleriano Flores, de 42 anos, que, na semana passada, apresentou ao Cofadeh denúncia de agressão de soldados e policiais. Funcionária da Secretaria de Obras Públicas, viúva e mãe de seis crianças, ela saía do posto de seguro social, em Tegucigalpa, quando foi atacada por soldados.

Por causa dos golpes, ela perdeu os dentes, fraturou as costelas e foi alvo de insultos e cusparadas. "Eles me chamavam de cadela de Mel (Manuel Zelaya), diziam que eu valho somente 500 lempiras (US$ 26)", relatou. "Havia jornalistas e ativistas de direitos humanos, que também apanharam. Uma senhora foi golpeada por me defender."

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