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Soldados ucranianos se aquecem nas imediações de Kiev, neste domingo (27)
Soldados ucranianos se aquecem nas imediações de Kiev, neste domingo (27)| Foto: EFE/ Alisa Yakubovych

No início da invasão do Iraque em 2003, o então general David Petraeus (mais tarde diretor da Agência Central de Inteligência) perguntou retoricamente ao autor Rick Atkinson: “Como isso termina?”, enquanto eles inspecionavam juntos o campo de batalha.

A mesma pergunta está sendo feita sobre a guerra na Ucrânia. Embora não tenhamos bola de cristal, é possível pensar em finais alternativos para esse conflito. Vejamos como a guerra pode terminar.

A primeira opção é a mais preocupante. A Rússia segue com a invasão, aumentando o poder de fogo e a força para alcançar o sucesso, o que resulta na tomada da capital Kiev e outras grandes cidades como Kharkiv.

Infelizmente, a luta para tomar essas cidades provavelmente as destruiria. A história fornece exemplos de grandes confrontos que ocorreram em cidades como Stalingrado, na Segunda Guerra Mundial; Huê, na Guerra do Vietnã; a cidade de Grozny, na Primeira Guerra da Chechênia; e Mossul, na luta contra o Estado Islâmico. Em todos esses casos, a cidade-alvo foi destruída.

Nessa opção, a Rússia isolaria uma ou mais grandes cidades ucranianas e as destruiria ou as submeteria à fome, tirando a vida de milhares de civis. Depois de tomar essas cidades, Putin se prepararia para uma ocupação da Ucrânia. Depois, seria uma longa e sangrenta campanha das forças ucranianas para atacar os ocupantes russos e fazer com que eles se retirassem.

Outra opção seria a ofensiva russa parar antes de tentar capturar a capital e outras grandes cidades. A resistência ucraniana e problemas logísticos poderiam fazer com que os ataques russos perdessem força.

É muito cedo para julgar se isso já está acontecendo. Se os russos forem realmente impedidos de atingir seus objetivos, é provável que eles busquem terrenos mais defensáveis, como atrás de rios ou outros obstáculos, cavando e mantendo as partes da Ucrânia que capturaram.

Se Putin e seu exército forem detidos, isso levantaria mais opções. Ele poderia dobrar a ofensiva e convocar ainda mais forças para reforçar seus ataques. Parte das forças da Rússia ainda não estão nas operações da Ucrânia.

Se Putin vê essa invasão como chave para sua sobrevivência como líder russo, ele pode enviar todo o exército russo. Ainda mais se ele sentir que a situação é desesperadora o suficiente. O comandante russo pode até empregar uma arma nuclear de baixo rendimento para sinalizar sua determinação e causar mais destruição. Os EUA e o resto do mundo, por precaução, não forneceriam automaticamente uma resposta nuclear.

Alguns sugeriram que os EUA deveriam declarar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. Embora a ideia seja atraente, impor uma zona de exclusão aérea significaria que os pilotos dos EUA abateriam jatos russos. Isso poderia levar a um alargamento do conflito a toda a Europa e ao mundo.

Se o ataque da Rússia parar, pode ser o momento de buscar uma solução mediada com negociações em um local neutro e um cessar-fogo. Embora a maioria dos países do mundo tenha condenado o ataque da Rússia, há alguns que permaneceram neutros, e as negociações podem ocorrer nesses territórios.

Nessas conversas, Putin poderia tentar trocar parte do território ucraniano que capturou em outros lugares por uma porção maior da área de Donbas, que está em conflito desde 2014. Ninguém estaria disposto a dar a Putin e à Rússia quaisquer concessões ou uma polegada de território, mas também haveria o desejo de parar o derramamento de sangue.

Ainda há alguns cenários mais improváveis ​​de como a guerra pode acabar.

Putin poderia renunciar em um ritual encenado, enquanto colocaria um sucessor escolhido a dedo que iria repudiar as ações do líder russo anterior e buscar alívio das sanções, negociando o melhor acordo possível.

Ou, ainda mais improvável, Putin poderia ser deposto por outros líderes russos preocupados com o destino de seu país. Embora isso pareça atraente, a realidade é que Putin, como ex-agente da KGB, já afastou ou eliminou quaisquer indivíduos que representassem qualquer tipo de ameaça ao seu governo.

Há um coringa: a China

A China inicialmente se alinhou com a Rússia em declarações feitas nas Olimpíadas de Pequim e desde então se recusou a chamar o ataque da aliada de invasão. Também chegou ao ponto de acusar os EUA de “acender a chama” do conflito. O país da Ásia Oriental ainda se absteve de votar em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a invasão russa.

Mas à medida que mais e mais países se movem para ajudar a Ucrânia e enviar armas, o apoio da China à Rússia estará sob crescente análise.

É preciso acreditar que já está experimentando o “remorso do comprador” ao se alinhar com a Rússia. Embora a China se importe pouco com a opinião mundial, ela depende do comércio para sustentar sua economia, e não demorará muito para que as sanções atualmente aplicadas à Rússia sejam estendidas àqueles que fazem negócios com Moscou.

Os EUA e aliados deveriam pressionar fortemente a China para que renuncie ao apoio à Rússia, e há indicações de que já está fazendo isso.

É cedo neste conflito. Embora a invasão esteja em andamento há oito longos dias, em termos de guerra, ela está apenas começando. Os americanos se acostumaram a soluções rápidas. Embora uma resolução mais iminente possa acontecer, a luta também pode continuar por semanas e meses.

Ainda que existam atualmente muitas incógnitas, uma coisa é certa: a melhor resposta é torcer pelos bravos ucranianos e seu sucesso.

Thomas W. Spoehr, tenente-general aposentado do Exército, é diretor do Centro de Defesa Nacional da The Heritage Foundation.

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