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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, caminham juntos após uma cerimônia de plantio de árvores na aldeia de Panmunjom, em 27 de abril de 2018. | KOREA SUMMIT PRESS POOL/AFP
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, caminham juntos após uma cerimônia de plantio de árvores na aldeia de Panmunjom, em 27 de abril de 2018.| Foto: KOREA SUMMIT PRESS POOL/AFP

Em 2016, o líder norte-coreano Kim Jong-un ameaçou atacar a residência do presidente da Coreia do Sul com mísseis, prenunciando crescentes tensões que mantiveram o mundo alerta desde então. 

Então, quando Kim estendeu a mão e sorriu para o presidente sul-coreano Moon Jae-in nesta sexta-feira (27), a cena dificilmente poderia ter sido mais surreal. 

O momento histórico foi o resultado de meses de negociações e pressão da China e dos Estados Unidos, embora não esteja claro até que ponto a Coreia do Norte está disposta a ceder. A Coreia do Norte continua sendo responsável por crimes horríveis contra sua própria população, incluindo campos de trabalho e tortura — algo que não foi abordado em uma declaração que os dois líderes divulgaram nesta sexta-feira. 

Em sua declaração, Kim e Moon anunciaram o "objetivo comum" de desnuclearização na península coreana, que foi o mais claro compromisso já acordado pelos dois países. Curiosamente, a promessa da Coreia do Norte de desnuclearizar vem depois de um ano em que Kim fez grandes avanços no desenvolvimento e teste de armas nucleares. 

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O líder norte-coreano ainda pode voltar atrás de sua promessa e voltar a ser agressivo? Ele certamente pode, mas o clima de amizade desta sexta-feira pode adicionar um obstáculo extra. Kim deve estar ciente da mensagem que todo movimento público nesta sexta-feira — muitos abraços, sorrisos e apertos de mão — enviou ao mundo. (A cúpula não foi transmitida ao vivo dentro da Coreia do Norte e permanece incerto quanto das cenas amistosas os norte-coreanos poderão ver.) 

Inicialmente cercado por funcionários norte-coreanos que depois ficaram para trás, Kim se aproximou da fronteira que dividiu a Coreia do Norte e a Coreia do Sul por quase sete décadas. No lado sul-coreano daquela fronteira — marcado por uma pequena barreira — Moon estava esperando. Ambos apertaram as mãos antes de Kim entrar na Coreia do Sul. 

Nenhum líder norte-coreano visitou a Coreia do Sul desde o fim de fato da guerra da península, que durou até 1953. 

Nos primeiros segundos da visita histórica, Kim saiu do roteiro, pedindo ao líder sul-coreano que também entrasse na Coreia do Norte. 

Em uma cena que imediatamente deu a volta ao mundo, Kim e Moon foram para a Coreia do Norte de mãos dadas, onde ficaram por alguns momentos antes de voltar para a Coreia do Sul e partirem para Panmunjom, a chamada "aldeia de trégua". (O armistício que encerrou a Guerra da Coreia foi assinado em 1953.) 

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Sexta-feira pode ter sido sobre guerra e paz, mas também teve macarrão. 

Em outro momento surreal, o ditador conhecido por matar sua própria população disse: "Trouxemos macarrão gelado de Pyongyang. Espero que o presidente aprecie o macarrão vindo de longe". Kim fez uma pausa, percebendo que Seul e Pyongyang estão a apenas 120 quilômetros de distância, e continuou: "Bem, eu não posso dizer que eles vieram de longe". 

Ele então empregou um tom mais sério, lembrando a todos que ele e Moon agora "falariam francamente, séria e honestamente". 

As conversas "francas" não pareciam ir mal. 

Em um intervalo, Kim e Moon plantaram um pinheiro "como uma expressão de seu desejo de paz e prosperidade" e derramaram água de um rio norte-coreano e de um sul-coreano sobre ele. 

Uma segunda guerra da Coreia foi quase desencadeada em agosto de 1976, quando soldados norte-coreanos mataram dois oficiais americanos e feriram quatro norte-americanos e quatro sul-coreanos que estavam em uma missão para cortar uma árvore na zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte e do Sul. 

A mensagem da cerimônia de plantação de árvores de sexta-feira? Não há mais atritos acidentais. 

Kim e Moon repetidamente pareciam se desviar do cronograma cuidadosamente preparado e da coreografia oficial. Depois que os dois apertaram as mãos enquanto a cúpula já estava em andamento, Kim e Moon se abraçaram. 

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Embora a cúpula certamente tenha produzido imagens históricas, os especialistas também ficaram surpresos com resultados mais tangíveis. No final do dia, Kim e Moon concordaram com uma declaração de três páginas, divulgada como a "Declaração da Panmunjom", batizada com o nome da aldeia que ambos visitaram. 

Em sua declaração, eles afirmam que "a Coreia do Sul e do Norte compartilham a visão de que as medidas iniciadas pela Coreia do Norte são muito significativas e cruciais para a desnuclearização da Península Coreana e concordaram em desempenhar suas respectivas funções e responsabilidades nesse sentido". 

"A Coreia do Sul e do Norte concordaram em buscar ativamente o apoio e a cooperação da comunidade internacional para a desnuclearização da península coreana", diz o comunicado. 

As imagens de sexta-feira podem eventualmente acompanhar seções de livros de história sobre como as tensões na península coreana chegaram ao fim — ou como um momento de falsas esperanças. 

Não importa o que aconteça, sempre haverá o vídeo de Kim e Moon, de mãos dadas enquanto ouvem pop coreano após o pôr do sol.

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