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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a Europa não pode “depender de um fornecedor que nos ameaça explicitamente”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a Europa não pode “depender de um fornecedor que nos ameaça explicitamente”| Foto: EFE/EPA/KENZO TRIBOUILLARD

Nesta semana, a Comissão Europeia apresentou as linhas gerais do plano REPowerEU (numa tradução livre, “Recarregar a União Europeia”), com o objetivo de zerar as importações de combustíveis fósseis da Rússia até o final da década.

As propostas, que serão aprofundadas nos próximos dias, são uma reação à invasão russa da Ucrânia – com a meta de sangrar Moscou economicamente, a dependência europeia de energia exportada pelo país governado por Vladmir Putin ficou escancarada.

A Rússia fornece 45% do gás natural consumido pelos 27 estados-membros da UE. O país também é o principal fornecedor de petróleo bruto e carvão para o bloco, representando 27% e 46% das importações desses combustíveis, respectivamente.

“Temos de nos tornar independentes do petróleo, do carvão e do gás russos. Não podemos depender de um fornecedor que nos ameaça explicitamente. Temos de agir já para atenuar o impacto do aumento dos preços da energia, diversificar o nosso abastecimento de gás para o próximo inverno e acelerar a transição para as energias limpas”, declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Diversificação de fontes

Com os preços de energia já em alta, a instituição projeta que o REPowerEU terá medidas para atenuar esse impacto, como auxílios estatais a empresas, em especial as que têm custos energéticos elevados, e limites de preços temporários.

Os comunicados divulgados pela Comissão Europeia colocaram bastante ênfase na dependência do gás natural russo, cuja importação a UE acredita que poderá reduzir em dois terços até o final do ano.

A comissão projeta apresentar até abril uma proposta legislativa para garantir as capacidades de armazenamento de gás na UE em pelo menos 90% até 1º de outubro de cada ano. Um comunicado destacou que há reservas no momento, mas “que é crucial garantir o reabastecimento do armazenamento antes da próxima temporada de aquecimento no inverno [de novembro a abril]”.

Para reduzir progressivamente as importações de gás russo, a UE quer diversificar as compras do combustível, por meio de maiores importações de gás natural liquefeito (GNL) e gasodutos de outros fornecedores, e aumentar produção e importação de biometano, hidrogênio e outras energias renováveis.

No esforço para diversificar o fornecimento de gás através de outros gasodutos ou GNL, Estados Unidos, Noruega, Catar, Azerbaijão, Argélia, Egito, Coreia do Sul, Japão, Nigéria, Turquia e Israel foram apontados como parceiros cruciais. Segundo a Comissão Europeia, a UE atingiu recordes de importação de GNL em janeiro e fevereiro.

Outros focos serão aumento da eficiência energética e supressão dos gargalos na infraestrutura.

Custos e prazos

As dúvidas recaem sobre os custos e se é factível que os prazos estipulados pela Comissão Europeia sejam cumpridos. O analista de política energética Ben McWilliams disse à BBC que a UE deve ter mais facilidade para encontrar fornecedores alternativos de petróleo do que de gás, “já que não há tantos gasodutos assim”.

“Acho que se estivermos em uma realidade em que o petróleo e o gás russos pararem de fluir para a Europa, precisaremos de medidas de racionamento”, ponderou McWilliams. “Parte do debate agora é se poderemos dizer às famílias [europeias] para diminuir em um grau seus termostatos, o que pode economizar uma quantidade significativa de gás.”

A analista Simone Tagliapietra afirmou, também à BBC, que pelo tempo que levam para serem desenvolvidas e implantadas, as energias renováveis “no curto prazo não são uma solução”.

“Então, para o próximo inverno, o que pode fazer a diferença é a troca de combustível, como a operação de usinas a carvão, como a Itália e a Alemanha planejam fazer em caso de emergência”, destacou.

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