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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.| Foto: JESSICA TAYLOR / AFP

A pandemia do novo coronavírus colocou grandes desafios a governantes. Meios para diminuir o contágio, preparação de hospitais e de tratamentos, escolhas das vacinas disponíveis e em desenvolvimento são questões que preocupam os principais mandatários do mundo.

Levará algum tempo, porém, para que se faça um verdadeiro balanço de quais foram as melhores medidas. Enquanto isso, a população afetada, seja pela doença seja por medidas restritivas maiores ou menores, avalia o trabalho de seus governantes através dos índices de popularidade – ao menos nos países em que há liberdade de expressão suficiente para isso.

A crise atual também revelou disparidades entre os países nos mais diversos setores, entre eles na capacidade de produção e aplicação de vacinas. A vacinação é vista pela OMS como um meio eficaz para obtenção da imunidade coletiva que encerraria com a pandemia e muitos países estão apostando na vacinação em massa.

Israel, por exemplo, já vacinou cerca de 60% de sua população e muitas restrições já foram removidas. Restaurantes, cafés e salas de eventos foram reabertos em todo o país, por exemplo. Mas os serviços internos estão limitados para indivíduos que receberam ambas as doses da vacina contra Covid-19 ou que se recuperaram da doença. Caso contrário, devem comer ao ar livre apenas.

Pode-se dizer que a forma como a vacinação foi conduzida em Israel ajudou a aumentar a popularidade de Netanyahu. Afinal seu partido ganhou as últimas eleições (embora precise ainda formar uma coalizão para governar).

Em contrapartida, como está a popularidade dos governantes de outros países democráticos enquanto ocorre a vacinação?  Comparamos os dados de Reino Unido, Chile, França e Alemanha. Entre eles, alguns estão em estágio bastante acelerado de vacinação, enquanto outros patinam. Optamos por deixar os Estados Unidos de fora da comparação, devido à troca recente de governo em meio à pandemia e o início da vacinação em massa no país.

Reino Unido

Em termos proporcionais, o Reino Unido é o segundo país que mais vacinou seus cidadãos. Aproximadamente 45% da população recebeu ao menos uma dose das vacinas contra a Covid-19.

Se no dia 8 de janeiro deste ano o país atingiu o pico de 68.192 novos casos confirmados por dia, no dia 31 de março apenas 4.115 casos foram relatados, de acordo com o site Our World in Data (OWD). Escolas já reabriram na maior parte do país, que deve alcançar um desconfinamento mais amplo no dia 12 de abril.

A expectativa de um retorno à normalidade e o sucesso da vacinação tanto pela agilidade como em relação à queda do número de casos fez aumentar também a popularidade do primeiro-ministro do país, Boris Johnson.

Na última pesquisa de opinião feita pelo instituto Opinium e divulgada pelo The Guardian em 14 de março deste ano, o premiê britânico alcançou uma aprovação de 45% e desaprovação de 38%. Essa foi a primeira vez desde maio do ano passado que ele ultrapassou o líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, em popularidade (que recebeu aprovação de 34% contra 29% de desaprovação).

Chile

No final de março, o Chile alcançou a taxa de 35% de sua população vacinada. Em termos percentuais é o terceiro país melhor colocado na administração de vacinas contra a Covid-19. Nada mal para um país dito “em desenvolvimento”.

O Chile é conhecido por ser o país economicamente mais aberto da América Latina. Isso facilitou a aquisição rápida de vacinas. O Ministério da Saúde prevê que 80% dos chilenos terão recebido suas doses ainda no primeiro semestre deste ano.

Porém, e apesar da vacinação acelerada, o governo chileno resolveu retornar com as medidas de restrição após ver os casos de Covid-19 diários dobrarem em dois meses. No dia 27 de janeiro, o país apresentava 3.388 casos diários, já numa tendência de alta; no dia 27 de março, 7.592. Segundo o governo, com a vacinação a população relaxou suas medidas preventivas e os casos dispararam.

A vacinação acelerada não foi suficiente, porém, para elevar muito a popularidade do presidente Sebastián Piñera. No último 29 de março, apenas 19% aprovavam o governo, contra desaprovação de 70%, de acordo com o instituto de pesquisa chileno Plaza Pública. Apesar da aprovação baixa, Piñera já esteve muito pior. Há pouco mais de um ano, o presidente chegou a 6% de popularidade, em meio a protestos gigantescos.

Eleições para uma nova constituinte devem ser adiadas em algumas semanas por conta do aumento repentino de casos da Covid-19.

França e Alemanha

Os dois países de maior peso geopolítico na União Europeia seguem mais ou menos no mesmo passo quanto à vacinação, com aproximadamente 11% de sua população vacinada. No ranking da vacinação, ambos os países figuram logo abaixo do top 10. E ambos ainda estão enfrentando uma nova subida nos casos de covid-19.

A diferença, porém, é no número de casos. Enquanto, a Alemanha está apresentando atualmente uma média semanal móvel de 17.200 casos, a França conta com 38.009, quase o dobro.

No início da crise da covid, no ano passado, Angela Merkel tinha 70% de aprovação, mas com o ritmo lento da vacinação no país e o atraso na distribuição em massa de testes rápidos a confiança no governo caiu. A última pesquisa do YouGov mostra 39% de aprovação para a chanceler alemã.

Analistas apontam que a queda da popularidade de Merkel pode afetar o resultado de seu partido (a União Democrata-Cristã) nas eleições gerais que devem ocorrer em setembro deste ano.

Já Macron, que colocou a França em seu terceiro lockdown nacional, a partir de sábado (3), incluindo toque de recolher entre 19 horas e 6 horas, enfrenta baixa popularidade segundo a última sondagem do instituto de pesquisa francês Ifop.

Apenas 37% dos franceses estão satisfeitos com seu presidente em sondagem no mês de março, uma queda de 3 pontos em relação ao mês anterior. Na última pesquisa, a desaprovação chegou a 60%.

As próximas eleições gerais na França serão apenas em abril do ano que vem. O tempo dirá se um ano é suficiente para que Macron mude sua imagem pela gestão da pandemia.

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