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Primeiro debate das eleições presidenciais de 2020 nos EUA ocorreu no dia 29 de setembro, em Ohio.
Primeiro debate das eleições presidenciais de 2020 nos EUA ocorreu no dia 29 de setembro, em Ohio.| Foto: AFP

A pouco mais de 30 dias das eleições, os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), postulante à reeleição, e Joe Biden (Partido Democrata), enfrentaram-se na noite desta terça-feira (29) naquele que foi o primeiro debate do pleito de 2020. Trata-se do momento mais importante até agora para as campanhas.

O encontro ocorreu na Case Western Reserve University, universidade privada localizada em Cleveland, Ohio, no centro-oeste do país, e teve como moderador o apresentador da Fox News Chris Wallace. Os ânimos estavam elevados. Biden chamou Trump de "palhaço" em mais de uma ocasião e houve até menção ao Brasil: "as florestas tropicais brasileiras estão sendo destruídas", disse o democrata ao falar sobre mudanças climáticas e o meio ambiente.

Cada candidato espera que o debate tenha como resultado o fortalecimento de suas bases e a conquista dos votos dos eleitores indecisos. Trump e Biden terão ainda duas outras oportunidades do gênero até as eleições, marcadas para 3 de novembro: em 15 de outubro, em Miami, Flórida, e no dia 22 do mesmo mês, em Nashville, Tennessee.

A escolha presidencial de 2020 nos EUA promete ser uma das mais polêmicas dos últimos tempos. A pandemia de coronavírus já infectou mais de 7,2 milhões de pessoas no país e causou a morte de 205,6 mil delas. O voto por correspondência, que já é permitido nos EUA mas deve ser adotado amplamente este ano justamente por conta da epidemia de Covid-19 sofre ataques constantes de Trump, que não acredita que o sistema possa ser 100% seguro.

Além disso, protestos ligados ao Black Lives Matter e contrários à polícia tomam conta do país desde maio, quando George Floyd foi morto. Há, também, a indicação a jato de Amy Coney Barrett, escolhida de Trump para substituir Ruth Bader Ginsburg, morta em 18 de setembro, na Suprema Corte. E como se tudo isso não fosse suficiente, o New York Times publicou, no domingo (27), matéria sobre uma suposta evasão fiscal de Trump – o que levou Biden a divulgar seu imposto de renda e pedir ao republicano que faça o mesmo. Vários pontos polêmicos, é claro, surgiram nesse primeiro debate. Confira os principais assuntos discutidos entre os candidatos:

Suprema Corte

A rápida indicação de Amy Coney Barrett para ocupar a vaga aberta com a morte de Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte, a pouco mais de um mês da eleição, foi o primeiro tema discutido no debate desta terça-feira (29). Enquanto Biden disse que a nomeação não deveria ocorrer em meio a um processo eleitoral já iniciado, Trump respondeu que tinha todo o direito de fazer a indicação ao mais alto tribunal do país pois venceu a eleição em 2016 – e foi eleito para um mandato de quatro anos, não menos do que isso.

“Temos [o Partido Republicano] o direito de indicá-la porque vencemos as eleições [de 2016]. Os democratas não ganharam”, afirmou o atual presidente. “As eleições têm consequências. (...) Temos o Senado. Temos a Casa Branca e temos uma indicada fenomenal, respeitada por todos”.

Biden também alegou que a indicação de Barrett seria uma manobra de Trump para tentar derrubar o Obamacare, vez que a juíza já teria se manifestado de forma contrária à lei federal promulgada na gestão de Barack Obama, de quem Biden foi vice, que tem como objetivo controlar os preços dos planos de saúde no país e expande os planos de seguros públicos e privados para uma maior parcela da população dos EUA.

Crise do coronavírus

Os Estados Unidos já somam mais de 200 mil mortos em decorrência da Covid-19. Biden não poupou críticas ao modo com que Trump tem lidado com a pandemia. O democrata lembrou que o candidato à reeleição disse que na Páscoa, em abril, a pandemia já teria passado. Biden acusou o oponente de nunca ter fornecido um plano de combate à doença ao povo americano. Nas palavras do candidato do Partido Democrata, Trump "entrou em pânico" com a situação.

"Este é o homem que lhes sugeriu injetar água sanitária", falou Biden, referindo-se à Trump. O presidente retrucou: "Eu disso isso sarcasticamente e você sabe. Isso foi dito de forma sarcástica".

Trump também retrucou Biden dizendo que ele jamais teria feito o trabalho que foi feito pela atual gestão - e lembrou da forma com que o governo Obama lidou com a gripe suína, em 2009.

"Nós temos as roupas [hospitalares]. Temos máscaras. Fizemos os ventiladores [mecânicos]. E agora estamos a semanas de uma vacina", pontuou Trump que, mais uma vez, culpou a China pelo vírus e disse que a imprensa não tem feito um bom trabalho na cobertura da situação.

Impostos

Biden questionou Trump sobre sonegação de impostos, dizendo que o valor pago pelo republicano em dois anos foi menor do que o recolhido por professores. "Eu paguei milhões de dólares em imposto de renda", defendeu-se o presidente. Ao mesmo tempo, Trump disse, de forma bastante sincera: "Eu não quero pagar impostos". Segundo o presidente, as brechas fiscais voltadas aos americanos ricos estão lá para serem exploradas.

"Eu construí boas empresas. Milhões de dólares. Ninguém quer pagar impostos. Eu era desenvolvedor de negócios privados, qualquer pessoa privada, a menos que seja tola, usa a própria lei para pagar o mínimo de impostos possível, então nós usamos, por exemplo, créditos de impostos fiscais, depreciação. O governo Obama me ofereceu esse privilégio", afirmou Trump.

Nesse mesmo tópico, o atual presidente voltou a acusar a família Biden de ter recebido US$ 3,5 milhões de Moscou e falou sobre negócios do filho do democrata, Hunter Biden, no setor de energia da Ucrânia. Segundo Trump, serian negócios corruptos.

"Não preciso ouvir tais coisas desse palhaço", disparou Biden. "Não se trata de minha família ou da família dele, mas de sua [dos eleitores] família. Ele [Trump] não quer falar sobre o que você precisa".

Black Lives Matter e violência policial

Sobre as tensões raciais crescentes no país, Joe Biden afirmou que Trump “não fez virtualmente nada” pelos afro-americanos durante seu tempo como presidente e criticou a atuação do republicano durante as manifestações de extrema-direita ocorridas em Charlottesville, na Virgínia, em 2017. Na ocasião, um homem de 20 anos atropelou manifestantes contrários aos supremacistas brancos, matando uma mulher e deixando vários feridos. Trump disse, à época, que "há ótimas pessoas dos dois lados".

Trump respondeu relembrando o papel de Biden enquanto senador na aprovação do Violent Crime Control and Law Enforcement Act, de 1994, que teria levado a um aumento significativo nas prisões de afro-americanos, segundo o republicano.

“Eu estou deixando as pessoas saírem da prisão”, disse Trump, lembrando a reforma que aprovou em seu primeiro ano de mandato. “Você tratou a comunidade negra tão mal quanto qualquer pessoa neste país”, disse Trump.

Sobre a necessidade de realizar reformas na polícia, Biden disse: “A maioria dos policiais são homens e mulheres decentes, mas há maçãs podres que quando encontradas precisam ser retiradas [do serviço]. A maior parte dos policiais não está feliz de ver o que aconteceu com George Floyd, com Breonna Taylor”, afirmou, dizendo que a violência nunca é o caminho.

Voto por correspondência

Trump alegou que votos por correio colocam a eleição em risco e disse que diversas cédulas já foram encontradas jogadas perto de um rio. Para o republicano, é absurdo que os votos sejam contados até 10 de novembro, uma semana depois da eleição. Já Biden sugeriu que aceitará o resultado da eleição quando os votos forem contados, aceno que o republicano não fez.

"Encontraram votos dentro de uma lata de lixo e todos tinham o nome Trump", afirma o presidente. Ele não confirmou se vai aceitar, ou não, o resultado das eleições caso seja derrotado.

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