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Marinheiros transportam refeições prontas do porta-aviões americano USS Theodore Roosevelt, em base naval em Guam, para tripulantes que testaram negativo para Covid-19 e estão isolados em hotéis locais
Marinheiros transportam refeições prontas do porta-aviões americano USS Theodore Roosevelt, em base naval em Guam, para tripulantes que testaram negativo para Covid-19 e estão isolados em hotéis locais| Foto: Julio RIVERA / US NAVY / AFP

A pandemia do novo coronavírus é “o maior desafio global desde a Segunda Guerra Mundial”, como descreveu o secretário-geral da ONU, António Guterres. Além das medidas para prevenir a propagação do vírus e tratar a população infectada, os países precisam equilibrar a necessidade de proteger sua força militar contra a Covid-19 e de manter prontidão para potenciais combates.

Para evitar a proliferação do novo coronavírus entre seus militares – e assim proteger a segurança nacional – exércitos reduziram suas operações e estabeleceram regras rígidas para os seus membros. Ainda, membros das forças militares pelo mundo estão atuando em ações de combate ao novo inimigo invisível.

Especialistas alertam para o risco de adversários aproveitarem o caos e a redução das forças de defesa - enquanto militares estão infectados ou transferidos para operações de logística no combate à epidemia.

Guterres disse na quinta-feira que a pandemia "representa uma ameaça significativa" à paz e à segurança global "potencialmente levando a um aumento da instabilidade social e da violência que prejudicariam grandemente a nossa habilidade de combater a doença", disse o líder da organização, em reunião do Conselho de Segurança.

Veja como a pandemia tem impactado operações militares de alguns países:

Alemanha

A Alemanha mobilizou 15 mil soldados para ajudar as autoridades do país no combate à pandemia.

Além disso, as unidades médicas do governo federal da Alemanha têm cerca de 20 mil soldados, que trabalham na preparação dos cinco hospitais militares para a pandemia. O departamento de compras militares, normalmente responsável pela compra de armas e equipamentos, alocou 241 milhões de euros para a busca de equipamentos médicos no mercado global, que serão distribuídos por hospitais e clínicas da Alemanha pelo Ministério da Saúde do país, segundo a Deutsche Welle.

Uma porta-voz do governo alemão disse, no final de março, que 6 mil reservistas se voluntariaram para ajudar durante a crise. Eles incluem 240 médicos e outros profissionais de saúde.

Na quarta-feira, o ministério da Defesa da Alemanha informou que o exército alemão está doando 60 respiradores para o Reino Unido, país em que o sistema de saúde sofre os efeitos da pandemia. Cerca de 10 mil respiradores estão disponíveis no Reino Unido, mas o país precisa de pelo menos 18 mil nos próximos sete a dez dias, segundo o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock.

Estados Unidos

Um das estratégias do Exército dos EUA durante a pandemia é o plano de continuar treinando soldados em “bolhas de segurança” contra o coronavírus. Para isso, batalhões seriam testados, e os soldados que não tiverem covid-19 seriam transportados em ônibus desinfectados para um local isolado.

As forças armadas dos EUA têm mobilizado os seus membros para atuar no esforço de combate ao vírus. Nas últimas semanas, a Força Aérea americana levou 3,5 milhões de cotonestes para testes da Itália, onde são produzidos. Cerca de 27 mil membros da Guarda Nacional dos EUA estão apoiando ações dos estados, a Corporação de Engenheiros do Exército está instalando hospitais de campanha nas regiões mais afetadas do país, navios-hospitais estão ancorados em Nova York e Los Angeles, e cientistas do Exército trabalham no desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus.

O número de casos de infecção pelo novo coronavírus entre militares é uma preocupação do Departamento de Defesa do país. No porta-aviões nuclear americano USS Theodore Roosevelt, pelo meno 416 marinheiros estão infectados pelo novo coronavírus, segundo a CNN. O número de doentes no porta-aviões, que está em Guam, território dos EUA na Micronésia, representa mais de 20% de todos os casos de coronavírus nas forças armadas americanas.

Até a quinta-feira (9), 97% de toda a tripulação tinha sido testada. "Já testamos quase toda a tripulação. Ainda temos cerca de mil testes para relatar. Mas 3.170 tiveram resultado negativo; 416 testaram positivo, 187 desses estavam assintomáticos, 229 tinham sintomas. Ainda temos 1.164 resultados pendentes", disse uma autoridade do Pentágono.

A propagação do coronavírus no porta-aviões esteve no centro de uma controvérsia que terminou com a renúncia do secretário interino da Marinha dos EUA, Thomas Modly, na terça-feira.

O Exército dos EUA também incentiva a criação de novos respiradores com um concurso que vai oferecer US$ 100 mil para o desenvolvimento do protótipo do desenho vencedor, segundo o Defense One.

França

O presidente da França, Emmanuel Macron, no final de março, convocou as forças armadas para a "guerra contra o coronavírus". Uma das ações foi a construção de um hospital de campanha em Mullhouse para tratar os pacientes de Covid-19.

Navios da Marinha francesa no Estreito de Ormuz não estão mais parando em portos regionais além de Abu Dhabi, operações aéreas foram afetadas, exercícios cancelados e atrasos na retirada de aeronaves de algumas regiões.

A França decidiu retirar todos os seus assessores militares do Iraque em 25 de março, devido à propagação do coronavírus no país. Os temores relacionados à pandemia também levaram o governo iraquiano a decidir suspender o treinamento militar no país.

Na quarta-feira (8), o porta-aviões francês Charles de Gaulle, único do país, começou a retornar para o país depois que 40 membros da tripulação começaram a mostrar sintomas de Covid-19, disse o ministério da Defesa da França. Nesta sexta-feira, o ministério confirmou que 50 tripulantes estão infectados.

O porta-aviões, com 1.760 pessoas a bordo, participou de operações de combate a radicais islâmicos no Iraque e na Síria no começo do ano, e se preparava para retornar ao Mediterrâneo.

Na França, pelo menos 600 membros das forças militares contraíram o novo coronavírus, disse o ministro da Defesa na semana passada.

Polônia

Milhares de soldados poloneses trabalham para vigiar as ruas durante a quarentena, desinfectar hospitais e dar apoio às patrulhas de fronteira, segundo o Ministério da Defesa do país.

Rússia

As forças armadas da Rússia também anunciaram medidas para combater a propagação do novo coronavírus. O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma inspeção na prontidão das tropas contra uma infecção em massa, na última semana de março.

Entre as ações dos militares russos de combate à pandemia estão a construção de 16 centros médicos espalhados pelo país, que devem ficar prontos até 15 de maio.

Foram criadas quatro unidades especializadas com médicos, engenheiros, polícia militar, defesa aérea, tanques, tropas de apoio, assim como tropas de proteção química, biológica e nuclear. No total, mil membros e 200 equipamentos avançados compõem as unidades, que realizaram treinamentos anti-epidemia em sete regiões, segundo o Moscow Times.

Soldados da Guarda Nacional estão patrulhando as ruas de Moscou para garantir que os idosos respeitem as ordem de ficar em casa.

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