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O USS Blue Ridge, da Marinha dos EUA, em Cingapura, em 9 de maio
O USS Blue Ridge, da Marinha dos EUA, em Cingapura, em 9 de maio| Foto: Bryan van der Beek / Bloomberg

A voz no rádio no meio do Mar da China Meridional segue um roteiro familiar para o capitão Eric Anduze, que comanda o USS Blue Ridge. É a China ao telefone.

"Eles vão nos contatar e dirão – 'navio do governo dos EUA, esta é a embarcação da Marinha da China número tal. Vamos nos manter a cinco milhas de vocês e escoltá-los enquanto vocês fazem o seu trânsito", disse Anduze, descrevendo a voz em língua inglesa de um navio de guerra chinês rival.

A resposta dos EUA é curta: "Embarcação chinesa, esta é a embarcação do governo 1 9, câmbio, desligo". A partir daí, silêncio, enquanto os navios de potências mundiais rivais avançam juntos.

As interações navio-navio são um potencial ponto de tensão regular para as duas maiores forças armadas do mundo em águas disputadas. Em setembro, um contratorpedeiro chinês navegou a uma distância de um campo de futebol do USS Decatur, uma manobra considera pelos EUA como "insegura e não profissional". Isso não impediu futuras navegações – os EUA enviaram dois contratorpedeiros de mísseis guiados a 12 milhas náuticas de ilhas disputadas no início deste mês.

Capitão Eric Anduze, comandante do USS Blue Ridge, da Marinha dos EUA, durante uma visita de jornalistas ao navio ancorado em Cingapura, 9 de maio
Capitão Eric Anduze, comandante do USS Blue Ridge, da Marinha dos EUA, durante uma visita de jornalistas ao navio ancorado em Cingapura, 9 de maio| Bryan van der Beek / Bloomberg

Localizado no Japão, o Blue Ridge é um viajante frequente pelo Mar da China Meridional, que Pequim considera suas águas contra uma comunidade internacional cada vez mais preocupada com o seu avanço. A área abriga as principais rotas marítimas e pesqueiras que provocaram disputas entre a China e seus vizinhos.

A China construiu e equipou ilhas artificiais com prédios, torres de comunicação, portos e pistas de pouso para consolidar suas reivindicações, o que muitos observadores internacionais dizem ser provocações militares. Os EUA dizem que viajam pelas águas como se as reivindicações expansivas não existissem, percorrendo as rotas marítimas como faz o Blue Ridge, ou nas chamadas patrulhas de "liberdade de navegação" perto das ilhas disputadas. Essas últimas viagens são vistas pela China como agravantes.

Pequena cidade flutuante

A Marinha dos EUA permitiu que veículos de comunicação, incluindo a Bloomberg, conhecessem por dentro o tipo de navio que está sendo usado para navegar pelas águas disputadas. O mais antigo navio de guerra operacional da Marinha Americana, o Blue Ridge é o principal da 7ª Frota e está ancorado em Cingapura, parte de um tour por cidades portuárias do sudeste asiático.

O Blue Ridge é anunciado como um dos navios tecnologicamente mais avançados do mundo. Ele opera como um nó central de informações para uma frota cuja extensão se estende da fronteira indo-paquistanesa até a Linha Internacional de Data no Oceano Pacífico. Através de seus diversos computadores circula uma base de dados que segundo a Marinha fornece um "quadro tático completo de contatos aéreos, superficiais e subsuperficiais". É o que ele faz: navega e sabe das coisas.

Membros da equipe mostram a ponte durante uma visita de jornalistas ao USS Blue Ridge, que estava ancorado em Cingapura, em 9 de maio
Membros da equipe mostram a ponte durante uma visita de jornalistas ao USS Blue Ridge, que estava ancorado em Cingapura, em 9 de maio| Bryan van der Beek / Bloomberg

O navio é uma pequena cidade flutuante com mais de mil marinheiros a qualquer momento. Há camas e lanchonetes, academias e uma agência de correio. Um hospital em miniatura tem leitos para doentes e uma sala de cirurgia, além de um dentista para fazer obturações ou extrair um dente – a menos que as ondas fiquem muito agitadas. No convés, os marinheiros podem correr por uma pista improvisada ao redor do navio.

Anduze disse que o Blue Ridge, desde fevereiro, foi escoltado por embarcações chinesas cerca de seis vezes de forma quase banal e agora rotineira.

Em Washington, a visão é de que a China usa "táticas coercivas", incluindo suas embarcações navais e paramilitares, para fazer valer as reivindicações no Mar da China Meridional, informou o Pentágono na semana passada em seu relatório anual sobre o poder militar da China. Eles são direcionados "de forma calculada para estar abaixo do limiar de provocação de conflitos", embora tenham escalado para casos de quase-acidentes com navios de guerra dos EUA.

Oficiais da Marinha no Blue Ridge se recusaram a comentar em detalhes os encontros mais agressivos, exceto para dizer que nada semelhante aconteceu com eles enquanto passavam pelas rotas marítimas do Mar da China Meridional. "Nós tivemos navios que vêm a cerca de três a quatro milhas de distância e, em seguida, simplesmente navegam conosco por toda a área", disse Anduze. Essas interações foram "muito seguras".

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