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Um funcionário da Comissão Eleitoral checa o número de caixas com os votos: resultado final  deve sair na quinta-feira | Atef  Hassan/Reuters
Um funcionário da Comissão Eleitoral checa o número de caixas com os votos: resultado final deve sair na quinta-feira| Foto: Atef Hassan/Reuters

Plano de retirada será mantido, afirma oficial

Agência Estado

O comandante das forças militares americanas no Iraque, general Ray Odierno, anunciou on­­tem que o cronograma de retirada do país até o fim de 2011 está mantido. O plano dependia do êxito da realização das eleições parlamentares de domingo no país árabe.

"A menos que haja um evento catastrófico, não vemos mudança", disse Odierno. "Acreditamos que estamos bem no caminho para isso Achamos que isso (as eleições) foi mais um marco."

De acordo com Odierno, os atuais 96 mil soldados americanos serão mantidos até maio. A partir daí, o contingente será re­­duzido, chegando a 50 mil no início de setembro.

As tropas dos Estados Unidos supostamente deixarão a missão de combate, concentrando-se no treinamento das Forças Armadas iraquianas, que já somam 197 mil homens. Finalmente, todos os soldados devem sair até o fim de 2011.

Hoje, os soldados americanos já não são visíveis em Bagdá. Fo­­ram completamente substituídos por militares e policiais iraquianos, que utilizam veículos blindados Humvees e fuzis M-4 e M-16, como os empregados pelo Exército americano, embora muitos ainda empunhem os ve­­lhos AK-47. Helicópteros sobrevoam constantemente a capital, muitos tripulados por militares iraquianos. Os americanos continuam presentes nas estradas e no interior do país.

A retirada foi promessa da campanha do presidente Barack Obama em 2008, que considera que os EUA devem concentrar seus esforços na luta contra a Al-Qaeda e o Taleban, no Afega­­nis­­tão e Paquistão. Mas o plano de retirada pareceu ameaçado nos últimos seis meses, quando os atentados a bomba voltaram a recrudescer, aparentemente por causa da aproximação das eleições parlamentares de domingo.

  • Veja como foi a participação da população iraquiana nas últimas eleições

Apesar dos intensos ataques com foguetes e bombas, quase dois em cada três eleitores iraquianos saíram para votar no domingo, na segunda eleição parlamentar desde a queda de Sad­­dam Hussein, em 2003. Resulta­­dos parciais da contagem de votos em Bagdá e em algumas províncias devem começar a sair somente hoje, mas havia ontem indicações de que a coalizão do primeiro-ministro Nuri al-Maliki saiu na frente.

Segundo a Alta Comissão Elei­­toral Independente, 11,7 milhões de eleitores foram às urnas, o que equivale a 62,5% do total. A par­­ticipação ficou abaixo da elei­­ção parlamentar de dezembro de 2005, de 70%, realizada no auge do conflito sectário no país. Os atentados de domingo mataram 38 pessoas e feriram mais de cem.

Além da Al-Qaeda, que havia ameaçado perturbar a votação, há suspeitas de envolvimento de grupos políticos, interessados em prejudicar seus adversários. Con­­troles mais rigorosos de identidade nas seções eleitorais também podem ter dificultado a votação.

Integrantes não só da coalizão Estado de Direito, de Maliki, mas também de outros grupos, que acompanharam a apuração, disseram à Associated Press que a legenda do primeiro-ministro te­­ve um bom desempenho. A coalizão afirma estar liderando a contagem em nove das 18 províncias iraquianas.

Maliki, que lidera o Partido Da­­wa, originalmente xiita islâmico, tenta se apresentar como um político não sectário, embora sua aliança não tenha atraído políticos seculares de peso.

Sua votação é maior em Bagdá – que elege 68 das 325 cadeiras do novo Parlamento – e no sul, onde se concentra a maioria xiita, que representa dois terços da população do país.

Já nas províncias do norte e do oeste, onde se concentra a população sunita, a mais votada foi a aliança Al-Iraqiya, liderada pelo ex-primeiro-ministro Ayad Alla­­wi. Ele é xiita, mas de tendência não sectária, e a aliança reúne 11 partidos xiitas, dez sunitas e um turcomano.

Em Faluja, 80 quilômetros a oes­­te de Bagdá, reduto sunita sob in­­fluência da Al-Qaeda, os eleitores disseram que votaram em candidatos sunitas da Al-Iraqiya. Os mo­­radores de Faluja acusaram o go­­verno Maliki de estar por trás de al­­guns dos ataques de domingo, se­­gundo eles com a intenção de evi­­tar que os sunitas saíssem para votar.

A suspeita foi reforçada depois que a polícia encontrou um veículo do Exército com foguetes den­­tro, como os que foram disparados em Faluja, Bagdá e noutras cidades iraquianas no domingo. A cidade sofreu 18 ataques com foguetes e explosivos, que deixaram seis mor­­tos – dois policiais e quatro civis.

Apesar disso, a participação sunita parece ter sido alta. Os su­­nitas, que representam cerca de um terço da população iraquiana, boicotaram as eleições de 2005, o que os deixou sub-representados no Parlamento, potencializando a força política da maioria xiita. A experiência foi traumática.

Nessas eleições, a Comissão de Transparência e Justiça do Parla­­mento impediu a participação de cerca de 500 candidatos, acusados de ter pertencido ao Partido Baath, de Saddam Hussein.Entre eles estavam integrantes importantes da Al-Iraqiya. A comissão é liderada por deputados da frente xiita sectária Aliança Nacional Iraquiana (INA) e a decisão foi respaldada por Maliki.

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