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Os norte-americanos mais velhos, que habitualmente interferem mais nas eleições por causa de sua presença maciça às urnas, estão apoiando o republicano John McCain na mesma proporção em que os mais jovens apóiam o democrata Barack Obama.

As pesquisas dizem que se trata do maior conflito eleitoral entre gerações em várias décadas, o que é ainda mais notável quando se sabe que em todas as faixas etárias a economia é de longe a questão mais importante para a eleição presidencial de 4 de novembro. "É certamente algo que nunca aconteceu antes", disse o estatístico John Zogby.

Na maioria das pesquisas nacionais, Obama está ligeiramente à frente de McCain. Mas a pesquisa Zogby do começo de outubro mostra que, entre os prováveis eleitores com 65 anos ou mais, McCain tem uma vantagem de 21 pontos percentuais. Entre os prováveis eleitores de 18 a 29 anos, o democrata lidera pelos mesmos 21 pontos.

O eleitorado mais velho vota sistematicamente nos republicanos desde 2000, e o fim da geração que cresceu sob o "New Deal", programa de recuperação econômica e reformas sociais do presidente Franklin Roosevelt, na década de 1930, pode explicar essa mudança.

"As pessoas mais velhas agora incluem a geração da Guerra Fria, da Guerra da Coréia, dos anos 50", disse Zogby. "São mais conservadores do que a geração do 'New Deal'."

McCain, de 72 anos, veterano do Vietnã e parlamentar desde 1982, pode se tornar o presidente mais velho a assumir um primeiro mandato nos EUA. Já Obama, senador em primeiro mandato, pode ser um dos mais jovens presidentes.

"Embora Obama lidere no quesito economia na maioria dos testes de confiabilidade, os eleitores mais velhos estão mais preocupados com a sua falta de experiência do que os mais jovens. Eles também têm uma opinião melhor sobre John McCain," disse outro estatístico, Andrew Kohut, do Pew Research Center.

É o caso de Dick Sturm, 75 anos, motorista na Disney World. "John McCain não está prometendo o mundo. Obama promete um monte de coisas que não pode cumprir, e francamente não confio nele", diz Sturm.

Os maiores de 65 anos representam 12,4 por cento da população dos EUA, mas nas últimas eleições respondem por quase 20 por cento dos votos. Na eleição presidencial de 2004, 72 por cento deles votaram - presença bem mais significativa que os 47 por cento entre os eleitores de 18 a 24 anos, segundo o Departamento do Censo.

Mas a participação dos jovens nas eleições primárias deste ano cresceu, e é possível que o comparecimento deles às urnas rivalize com o de seus avós.

A disparidade entre gerações é visível na Flórida, reduto de aposentados, onde um em cada seis moradores tem 65 anos ou mais.

Em um vídeo que circula na Internet, a humorista Sarah Silverman sugere que jovens judeus acudam à Flórida para tentar convencer seus avós aposentados a votarem em Obama, ameaçando cancelar futuras visitas caso os idosos insistam em votar em McCain.

Mas não é a pressão dos netos que ameaça fazer Manuel Meles, de 74 anos, desistir de votar em Obama. "McCain tem experiência, mas não confio naquela mulher (Sarah Palin) que ele escolheu para vice-presidente. O outro é muito brilhante, mas é jovem", disse Meles, funcionário de uma sapataria, que pretende assistir ao terceiro e último debate entre os candidatos antes de se decidir.

Outro idoso da Flórida, Al Mansifeld, disse que a sua chapa ideal reuniria McCain com o candidato a vice de Obama, o veterano senador Joe Biden, de 65 anos. "Com relação ao imposto sobre as empresas, acho que teremos problemas com Obama, mas McCain não vai resolver a saúde."

Julio Salgueiro, um ex-designer de 82 anos, está indignado por ver seu dinheiro de contribuinte bancando a conta de investidores "que fizeram desaparecer por mágica 700 bilhões de dólares", e acha que Obama, por sua origem humilde, vai defender melhor os interesses da classe média - que nos EUA é quem ganha menos de 250 mil dólares por ano.

"Os republicanos são o partido dos ricos", disse Salgueiro, que nasceu em Havana. "Obama será o meu próximo presidente."

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