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O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un| Foto: EFE/EPA/KCNA

Na última década, a ditadura comunista de Kim Jong Un na Coreia do Norte executou publicamente pelo menos 23 pessoas, incluindo sete que foram condenadas por assistir ou distribuir vídeos de K-pop da Coreia do Sul, de acordo com relatório do Transitional Justice Working Group, uma organização de defesa dos direitos humanos de Seul.

O documento foi publicado na quarta-feira (15), às vésperas do aniversário de dez anos do regime de Kim, que assumiu o poder depois da morte de seu pai, Kim Jong Il. O relatório foi feito com base em seis anos de pesquisa e 683 entrevistas com pessoas que escaparam da Coreia do Norte e mapeia os locais onde as pessoas foram mortas e enterradas em execuções sancionadas pelo Estado, além de locais oficiais que podem conter documentos e outras evidências relacionadas a esses eventos.

Desde que assumiu o poder, Kim Jong Un tem combatido a influência estrangeira e atacado as produções culturais sul-coreanas - músicas, filmes e novelas - que para ele são um "câncer terrível" que corrompe as mentes da população da Coreia do Norte.

"Os entrevistados relataram com frequência que as regras de execução pública exigem que três atiradores disparem um total de nove balas contra o corpo da pessoa condenada", afirma o relatório. "As famílias dos executados foram muitas vezes forçadas a assistir à execução".

A maioria das execuções ocorridas durante o regime de Kim foi realizada na cidade de Hyesan, situada ao norte do país, e que serve de polo comercial na fronteira com a China.

Segundo o relatório, a cidade de 200 mil habitantes é a principal origem de informações externas, incluindo a circulação de produtos culturais da Coreia do Sul, que são armazenados em pen drives que chegam pela fronteira com a China.

Os outros motivos para as execuções públicas citados pelos entrevistados foram crimes relacionados a drogas (5), prostituição (5), tráfico humano (4), homicídio ou tentativa de homicídio (3) e "atos obscenos" (3).

Entre as 23 execuções documentadas, 21 foram por fuzilamento e duas por enforcamento. O tamanho do público que era reunido para as execuções costumava ser de centenas de pessoas, embora alguns entrevistados disseram ter testemunhado multidões de mil ou mais pessoas.

Um dos entrevistados relatou que as execuções costumavam ser abertas a grandes multidões, mas que nos anos recentes a exibição dessas mortes parece ter se tornado mais restrita a grupos ligados aos condenados, como o seu local de trabalho.

Em alguns casos, líderes de grupos de bairros recebiam o anúncio prévio das execuções e eram responsáveis por levar os seus grupos aos eventos.

Para um dos entrevistados, a violência brutal era uma mensagem de alerta do Estado. "Mesmo quando fluído estava vazando do cérebro da pessoa condenada, as pessoas tinham que ficar na fila e olhar para o rosto da pessoa executada, como uma mensagem de alerta".

Legado de "repressão brutal"

A organização Human Rights Watch (HRW) afirmou nesta quinta-feira que o aniversário de dez anos da morte de Kim Jong Il deveria atrair a atenção global para o "regime brutal" de seu filho Kim Jong Un.

Segundo a ONG, Kim Jong Un expandiu a vigilância invasiva e a repressão aos norte-coreanos, negou à população a liberdade de movimento dentro do país e para fora de suas fronteiras e respondeu à pandemia de Covid-19 com "insegurança alimentar elevada que é ameaça de fome generalizada".

"O legado de Kim Jong Il é a morte de centenas de milhares, talvez milhões, de norte-coreanos nos anos 1990", disse Lina Yoon, pesquisa sênior de Coreia do Norte na HRW. "Assim como os regimes de seu pai e de seu avô, o regime de Kim Jong Un é baseado na brutalidade, medo e repressão, instigando violações sistemáticas de direitos, dificuldades econômicas e possível fome".

A HRW relata que o ditador norte-coreano isolou ainda mais o país durante a pandemia, sob o pretexto de proteger a população. Ele impôs medidas desnecessárias e extremas que incluíram o bloqueio de quase todo o comércio oficial e não oficial e aumentou a vigilância para impedir que pessoas deixassem o país ou que informações fossem vazadas, além de criar uma crise alimentar e humanitária.

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