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TV de Seul noticia lançamento de míssil da Coreia do Norte
TV de Seul noticia lançamento de míssil da Coreia do Norte| Foto: Jung Yeon-je/AFP

A Coreia do Norte disparou o que parecia ser um míssil balístico projetado para submarinos, testando a tolerância do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com os testes de armas conduzidos pelo ditador Kim Jong-un. Poucas horas antes, os dois lados haviam concordado em reiniciar as negociações nucleares.

Os militares sul-coreanos disseram que o míssil foi disparado perto da área de Wonsan, no leste da Coreia do Norte, pouco depois das 7h da quarta-feira (2). O projétil voou 910 quilômetros no espaço antes de cair no mar. O secretário-chefe de gabinete japonês, Yoshihide Suga, disse que o míssil pode ter se separado durante o voo, com pelo menos uma peça caindo na zona econômica exclusiva do Japão, perto da cidade de Shimane, no sudoeste do país.

"O lançamento desse tipo de míssil balístico é uma violação das resoluções das Nações Unidas", disse o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a repórteres em uma entrevista de emergência. "O Japão protesta fortemente e condena a ação".

O Ministério da Defesa da Coreia do Sul disse que não pode confirmar se o míssil foi lançado no mar ou de um local em terra.

O míssil foi a primeira arma de longo alcance que o regime de Kim Jong-un testou desde seu último teste intercontinental de mísseis balísticos em novembro de 2017, um movimento que pode aumentar sua alavancagem de barganha. Até agora, o presidente dos EUA ignorou uma enxurrada recente de lançamentos de mísseis de menor alcance.

"A Coreia do Norte está sempre tentando forçar as fronteiras do que a comunidade internacional aceitará, o máximo que puder", disse Mintaro Oba, ex-diplomata dos EUA que trabalhou nas questões da Península Coreana. "Programar os lançamentos nos momentos em que é menos provável que os Estados Unidos se oponham certamente cumprem esse objetivo".

Nesta quarta-feira (2), o Departamento de Estado pediu à Coreia do Norte que "abstenha-se de provocações", cumpra as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, se envolva em negociações e trabalhe para a desnuclearização na península coreana.

20 mísseis testados

O teste ocorre depois que o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, alvo da ira de Pyongyang enquanto esteve na administração Trump, disse que os EUA não podem "simplesmente fingir" que a Coreia do Norte está progredindo na desnuclearização, acrescentando que Kim nunca vai abrir mão de seu estoque nuclear sem mais pressão.

As negociações anunciadas nesta semana foram o primeiro sinal de aproximação desde que Kim e Trump se encontraram na fronteira norte-coreana em 30 de junho. Os dois lados fizeram pouco progresso desde que concordaram, no ano passado, em "trabalhar em prol da desnuclearização completa da Península Coreana", já que Kim busca um alívio das sanções maior do que os EUA estão preparados para oferecer.

Pyongyang criticou repetidamente Seul por aceitar armas americanas de alta tecnologia, como caças furtivos F-35. O avançado caça de quinta geração fez sua estreia pública no país nesta terça-feira.

Kim disparou pelo menos 20 mísseis em 11 testes militares diferentes desde que pôs fim ao congelamento de testes, em maio. Os lançamentos incluíram explosões de vários lançadores de foguetes e um novo míssil balístico de curto alcance conhecido como KN-23, que, segundo analistas, é capaz de carregar ogivas nucleares, pode atingir toda a Coreia do Sul e foi projetado para desviar dos escudos dos mísseis dos EUA.

Míssil submarino

O lançamento de um míssil submarino pode demonstrar o progresso de Kim em direção a um dissuasor nuclear de duas pontas capaz de ataques rápidos aos EUA e seus aliados, desde lançadores móveis em terra e submarinos difíceis de rastrear. Se confirmado, o lançamento de quarta-feira terá sido a primeira vez que o regime disparou um míssil projetado especificamente para implantação no mar desde 2016.

A Coreia do Sul disse que o míssil testado na quarta-feira pode ser do grupo de armas lançadas por submarinos de Pukguksong, com alcance superior a 1.000 quilômetros. David Wright, codiretor da Union of Concerned Scientists, disse que, com base nos detalhes divulgados sobre o voo, o míssil pode ter um alcance máximo de cerca de 1.900 quilômetros.

As poucas informações disponíveis sugerem que este poderia ser um novo míssil de combustível sólido conhecido como Pukguksong-3, de acordo com Ankit Panda, membro adjunto do Defense Posture Project for the Federation of American Scientists.

O teste ocorre cerca de dois meses depois que Kim inspecionou um novo submarino que ele disse que em breve seria implantado nas águas entre seu país e o Japão, embora especialistas em armas tenham dito que o submarino ainda não estava pronto para uso.

"A Coreia do Norte divulgou imagens de um novo submarino nas últimas semanas e, é claro, está interessada em criar um aparato nuclear mais dissuasivo possível", disse Scott Harold, cientista político da RAND Corp, um think tank americano. "Nada aqui sugere que eles estejam interessados ​​em cumprir o regime de sanções ou em se preparar para negociar suas capacidades estratégicas".

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