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Deputados e vereadores discutem fim da fila para quem escolher marca da vacina
Vacina Coronavac da Covid-19.| Foto: Luiz Costa/SMCS

A vacina Coronavac teve efetividade de 86% na prevenção de mortes por Covid-19 no Chile, mostra estudo que acompanhou os resultados de 10,2 milhões de pessoas no país, publicado no periódico científico New England Journal of Medicine na quarta-feira (7).

Para o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), os resultados são "animadores" e mostram que a vacina aplicada em duas doses é segura e efetiva. "Os resultados de vida real do Chile são muito bons e são muito parecidos com os de qualquer outra vacina [contra Covid-19] que está sendo utilizada", afirmou. "O estudo do Chile é muito importante por ser sobre uma vacina que utilizamos bastante no Brasil e com uma população com características muito parecidas".

Para estimar a proteção conferida pela Coronavac, os pesquisadores analisaram os dados do sistema nacional de saúde pública do Chile (Fondo Nacional de Salud), especialmente os registros das pessoas com mais de 16 anos relacionados ao diagnóstico para Covid-19 com teste PCR, hospitalização, internação em UTI e morte em decorrência da doença.

Os 10,2 milhões de participantes incluídos no estudo foram divididos em três grupos: não vacinados; parcialmente vacinados (542 mil pessoas); e totalmente vacinados (4,1 milhões pessoas). O método usado pelo grupo permitiu avaliar a variação do risco desses grupos em todo o período analisado.

A pesquisa monitorou os dados de 2 de fevereiro a 1º de maio de 2021 para calcular as taxas de efetividade, que mostram o funcionamento de uma vacina na "vida real", com a campanha de vacinação em massa. A medida é diferente dos dados de eficácia, que são calculados em estudos clínicos feitos em condições controladas e em grupos específicos, que são mais homogêneos do que a população em geral.

Efetividade da Coronavac para os vacinados com duas doses, após 14 dias:

  • 65,9% para a prevenção de Covid-19;
  • 87,5% para a prevenção de hospitalizações;
  • 90,3% para a prevenção de internações em UTI;
  • 86,3% para a prevenção de mortes.

Esses números significam que o risco de contrair Covid-19 é 65,9% menor, e o risco de morrer por causa da infecção é 86,3% menor, para quem foi vacinado totalmente com a Coronavac, após 14 dias. Ou seja, com a efetividade demonstrada para a Coronavac, para cada 100 pessoas que teriam morrido da doença se não houvesse vacinação, haverá 13 mortes se todos forem vacinados, detalhou Rafael Araos, um dos autores do estudo e assessor de Saúde Pública no Ministério de Saúde do Chile.

A taxa menor de efetividade para morte do que para internações pode ser explicada pelo fato de haver pessoas que morreram antes de serem internadas, em um contexto em que há superlotação de hospitais. "Durante o período do estudo, as UTIs no Chile estavam operando com 93,5% de sua capacidade, em média", apontam os autores. Por causa disso, as estimativas de proteção para mortes relacionadas à Covid-19 podem ser maiores no caso de operação regular do sistema de saúde, dizem os pesquisadores.

Esse cenário aconteceu também no Brasil, diz Cunha. "Com certeza tivemos pessoas que foram a óbito que não chegaram a entrar em UTI. Essa possibilidade existe quando há uma carga de doença muito alta e colapso da rede de saúde, como o Chile e o Brasil tiveram em determinados momentos", explica.

O estudo demonstrou que a proteção aumenta de maneira significativa após a segunda dose do imunizante de vírus inativado. As taxas de efetividade da Coronavac para os vacinados apenas com a primeira dose, de 14 a 28 dias após a aplicação, são as seguintes:

  • 15,5% para a prevenção de Covid-19;
  • 37,4% para a prevenção de hospitalizações;
  • 44,7% para a prevenção de internações em UTI;
  • 45,7% para a prevenção de mortes.

Os pesquisadores também analisaram separadamente o subgrupo de pessoas com mais de 60 anos. Nesse caso, a proteção também aumentou consideravelmente após a aplicação da segunda dose do imunizante.

Efetividade da Coronavac entre as pessoas com 60 anos ou mais vacinadas com duas doses, após 14 dias:

  • 66,6% para a prevenção de Covid-19;
  • 85,3% para a prevenção de hospitalizações;
  • 89,2% para a prevenção de internações em UTI;
  • 86,5% para a prevenção de mortes.

Efetividade da Coronavac entre as pessoas com 60 anos ou mais vacinadas com uma dose:

  • 9,7% para a prevenção de Covid-19;
  • 35% para a prevenção de hospitalizações;
  • 44,5% para a prevenção de internações em UTI;
  • 45,8% para a prevenção de mortes.

"Esses resultados passam a tranquilidade que precisamos para as pessoas que receberam a Coronavac, mostrando que essa é uma vacina que tem uma performance muito parecida com a das outras que temos disponíveis", afirma Juarez Cunha.

Para o presidente do SBIm, o estudo reforça ainda a importância de ir se vacinar quando um imunizante está disponível, e não ficar esperando chegar uma marca de preferência, já que as vacinas usadas no Brasil têm demonstrado ter uma "ótima proteção, em especial para as formas moderadas e graves da doença".

"A melhor vacina é a que está sendo aplicada no seu braço naquele momento", diz Cunha. "A escolha de vacina pode fazer com que leve muito mais tempo para que você seja vacinado. A pessoa vai estar perdendo tempo de estar protegida de uma doença que continua acontecendo de forma muito importante em nosso país", explica o médico.

O estudo do Chile documentou 218.784 casos de Covid-19, 22.866 hospitalizações, 7.873 internações em UTIs e 4.042 mortes entre pessoas de todos os grupos (não vacinados, parcialmente e totalmente vacinados) no período da análise. Entre as mortes registradas, 3.633 ocorreram entre os não vacinados (2.786) e parcialmente vacinados (847).

Fase 3 da Coronavac na Turquia

Um outro estudo sobre a Coronavac mostrou que o imunizante é seguro e proporciona 83,5% de proteção contra Covid-19 sintomática e de até 100% na prevenção de internação. Os dados são da Fase 3 do estudo clínico da Coronavac na Turquia, que foi publicado no periódico científico The Lancet e apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia.

O ensaio clínico duplo-cego randomizado teve a participação de 10.029 adultos com idades entre 18 e 59 anos (6.559 no grupo da vacina e 3.470 no grupo do placebo), entre setembro de 2020 e janeiro deste ano. Houve 41 casos de Covid-19 sintomática; nove estavam no grupo que recebeu a vacina e 32 no do placebo, o que resultou na taxa de 83,5% de eficácia. Não houve nenhum caso de morte. Seis pessoas que receberam placebo foram internadas e nenhum entre os vacinados precisou ser hospitalizado.

Segundo os autores da pesquisa, os efeitos adversos da vacina foram na maioria leves e resolvidos em um dia.

A análise incluiu uma população muito jovem e saudável e um período de acompanhamento muito baixo, além de ter sido feita antes do surgimento de variantes preocupantes do coronavírus, e por isso os autores ressaltam que os dados são preliminares.

O tempo médio de acompanhamento foi de 43 dias, mais curto do que o previsto porque, enquanto o estudo estava em andamento, a Coronavac foi aprovada para uso emergencial na campanha de vacinação nacional da Turquia. Por isso, o comitê de ética da pesquisa decidiu que não seria ético continuar dando placebo aos voluntários, que acabaram recebendo a vacina.

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