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Mercado em Quito, Equador, 21 de março de 2020. O pequeno país é um dos mais afetados pelo novo coronavírus na América do Sul
Mercado em Quito, Equador, 21 de março de 2020. O pequeno país é um dos mais afetados pelo novo coronavírus na América do Sul| Foto: Cristina Vega RHOR / AFP

Pouco mais de um mês após a chegada do novo coronavírus na América do Sul, o Equador registrou aumento exponencial dos casos de Covid-19 e se tornou um dos países mais afetados pela pandemia na região, estando atrás apenas de Brasil e Chile em número de casos confirmados.

Segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins (EUA), o país tinha 1.962 casos confirmados da doença, 60 mortes e três pacientes recuperados, até esta segunda-feira (30).

Terceiro menor país da América do Sul e com população de cerca de 16,6 milhões de pessoas, o Equador é o país sul-americano com maior número de casos e morte por habitantes - um morto para cada 276 mil habitantes.

Em toda a América, o Equador ocupa o quinto lugar na incidência do novo coronavírus (atrás de Estados Unidos, Canadá, Brasil e Chile).

Para conter a propagação do vírus, o governo do presidente Lenín Moreno decretou estado de exceção no país, com medidas que incluem toque de recolher e multa a quem desrespeitar as restrições de circulação.

Os equatorianos só podem sair de casa para comprar alimentos, medicamentos e combustível, lembrou o vice-presidente, Otto Sonnenholzner, em pronunciamento na sexta-feira, pedindo que os cidadãos respeitem o toque de recolher. "Todos vivemos uma situação muito grave, todos temos algum conhecido ou um ente querido infectado e, por isso, descumprir a quarentena é um ato criminoso, é atentar contra a vida", disse o vice-presidente, segundo o El Universo.

Segundo o Ministério de Governo do Equador, até esta segunda-feira, 1.016 pessoas haviam sido detidas no país por descumprir a ordem de ficar em casa; 1.189 foram multadas por desrespeitar o toque de recolher e 1.980 motoristas foram multados por desobedecer a restrição à circulação de veículos.

Desde 25 de março, pessoas que circulam entre as 14 e as 5 horas podem receber multa de US$ 100 (cerca de R$ 519), na primeira vez, ou US$ 400 (cerca de R$ 2.077), se forem reincidentes.

Moreno já havia decretado no dia 17 de março toque de recolher em todo o país entre 21 e 5 horas.

A ministra do Interior do Equador, María Paula Romo, anunciou nesta segunda-feira que a suspensão da jornada de trabalho presencial foi estendida até o dia 5 de abril e que serão mantidas as operações de controle nas ruas.

Primeiro caso em festa familiar

Um dos motivos para o alto número de infectados pelo novo coronavírus no Equador são os laços do país sul-americano com a Espanha, um dos maiores focos de Covid-19 na Europa. A embaixada do Equador em Madri relata que 422 mil equatorianos vivem em território espanhol atualmente, segundo a BBC. Essa seria a maior comunidade latino-americana na Espanha.

O primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus no Equador foi de uma mulher equatoriana, de 71 anos, que morava em Madri e voltou ao país sul-americano em 14 de fevereiro para passar férias. A família a recebeu com uma festa de boas-vindas com 30 convidados. A "paciente zero" do Equador foi hospitalizada em 22 de fevereiro e teve resultado positivo para Covid-19 no dia 29 de fevereiro, segundo a AFP. Ela morreu por consequência da doença.

No total, 12 pessoas da família da paciente zero foram infectadas.

Os casos de infecção pelo novo coronavírus se concentram nas duas cidades mais populosas do país: Guayaquil e a capital, Quito.

Para o ministro da Saúde equatoriano, Juan Carlos Zevallos, o comportamento das pessoas não foi o ideal e facilitou a expansão do vírus pelo país. "Pessoas que chegaram com sintomas e que vinham do estrangeiro foram ordenadas a ficar em casa, mas saíram para festas, se abraçaram, cumprimentaram os outros e isso fez com que a infecção se propagasse especialmente nestas regiões do país", disse Zevallos à BBC.

Em Guayaquil, segundo maior cidade do Equador, uma vala comum está sendo construída em um cemitério para que os mortos por Covid-19 sejam enterrados, devido à grande quantidade de casos, segundo o site de notícias local Ecuavisa, que citou autoridades locais. A capacidade inicial seria para 300 corpos.

A ministra María Paula Romo disse em entrevista à televisão na sexta-feira que, nos três dias anteriores, 100 corpos haviam sido recolhidos de casas no país. Ela disse que entre esses casos, alguns morreram por Covid-19 e outros por motivos diferentes, incluindo por problemas respiratórios.

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