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Em El Paso, Texas, no dia 16 de novembro de 2020, enfermeiros organizaram caravana pedindo às pessoas que fiquem em casa. Nos vidros dos carros, os profissionais de saúde colaram cartazes com os dizeres “Fique em Casa”.
Em El Paso, Texas, no dia 16 de novembro de 2020, enfermeiros organizaram caravana pedindo às pessoas que fiquem em casa. Nos vidros dos carros, os profissionais de saúde colaram cartazes com os dizeres “Fique em Casa”.| Foto: AFP

Nas duas últimas semanas, os olhares de todo o mundo estiveram voltados para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. A disputa acirrada entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, a demora na contagem de votos e a judicialização do pleito tomaram os noticiários. Ao mesmo tempo, outro fenômeno, mais silencioso, avançava pelo país: a segunda onda da pandemia de Covid-19. Até o momento, os EUA registram, aproximadamente, 11,3 milhões de casos da doença e 247 mil mortes em decorrência da Covid-19.

O número de pessoas hospitalizadas por conta do vírus vem crescendo nos EUA desde o último dia 10, quando o país superou a marca de 60 mil internados, quantidade que não tinha sido atingida desde o início da pandemia, em março. Na segunda-feira (16), o registro foi de 73 mil pessoas hospitalizadas infectadas pelo vírus, um novo recorde no país, segundo o Covid Tracking Project. Já o número de pacientes em unidades de terapia intensiva chegou à maior cifra desde abril, com 14,3 mil internados.

A segunda onda de coronavírus nos Estados Unidos tem algumas particularidades em comparação à primeira, que assolou o país no semestre passado. Na primavera (do Hemisfério Norte), a região mais atingida foi a Nordeste, tendo em Nova York o epicentro da doença. Na Big Apple, em abril, caminhões refrigerados precisaram ser usados como necrotérios improvisados, causando cenas que pareciam ter saído diretamente de um filme de terror.

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No verão (inverno no Hemisfério Sul), por sua vez, o SARS-CoV-2 atingiu com mais força o chamado “Cinturão do Sol”, que compreende o Sul e o Sudoeste dos EUA. Em junho e julho, a Flórida, tradicional destino de férias não só dos norte-americanos, mas de brasileiros, a pandemia saiu do controle. Agora, quando o país está na reta final do outono, a pandemia chegou com força a comunidades do interior do Oeste e do Meio-Oeste.

Ao mesmo tempo, hoje, conforme o feriado de Ação de Graças e as festas de fim de ano se aproximam, praticamente todos os estados norte-americanos são considerados focos da doença. A única exceção é o Havaí, que, até o momento, registrou 16,7 mil infecções e 221 mortes por Covid-19.

Dois estados já ultrapassaram 1 milhão de infectados: Texas (1.0666.918) e Califórnia (1.044.194). Essas localidades têm, respectivamente, o segundo e o terceiro maior número de mortes. No Texas, 20 mil pessoas já perderam a vida para o coronavírus, enquanto na Califórnia foram 18,3 mil vítimas fatais. Por mais que Nova York seja o quinto estado mais infectado em números absolutos, com 563,7 mil casos, a localidade registra o maior número de mortes: 34,1 mil.

Escolas e academias afetadas

No Michigan, no Meio-Oeste, o governo anunciou, no último domingo (15), a suspensão, por três semanas, de aulas presenciais nas escolas e faculdades do estado. Outras restrições, que começam a valer a partir desta quarta (18), incluem a proibição de comer em restaurantes e bares durante o período, além da suspensão de atividades esportivas em grupo, incluindo as realizadas em academias de ginástica, exceto para os atletas profissionais ou que representam instituições de ensino. Cinemas e cassinos também serão fechados e as reuniões particulares estão limitadas a duas famílias.

A governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, afirmou recentemente que o estado, que viu o número de casos dobrar nas últimas semanas, está à beira de um “colapso”. A localidade registra, hoje, 289 mil infecções e 8,4 mil mortes.

As academias também foram alvo de restrições no estado de Nova York, onde o governador Andrew Cuomo definiu que locais de prática esportiva e exercícios físicos e estabelecimentos que têm autorização para vender bebidas alcoólicas, inclusive bares e restaurantes, devem permanecer abertos até, no máximo, as 22h. No estado, reuniões sociais em residência estão limitadas a 10 pessoas. Medida similar foi adotada no Minnesota, onde foi determinado que bares e restaurantes fechem até as 22h.

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Já na Costa Oeste, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou na segunda-feira (16) que mais de 94% da população está sujeita a restrições mais rígidas. Restaurantes, igrejas e outros locais de culto e academias vão permanecer fechadas. O mandatário disse estar considerando um toque de recolher estadual a fim de conter a propagação da Covid-19.

Newson e os governadores de Oregon e Washington, na mesma região, também emitiram avisos de viagem pedindo às pessoas que chegam aos estados, incluindo moradores que estiveram fora e estão retornando para casa, que façam uma espécie de auto-quarentena.

No estado de Washington, medidas de restrição já estão valendo para bares e restaurantes. Agora, academias, teatros, museus e cinemas vão fechar. No domingo (15), o governador Jay Inslee disse que aquele era o “dia de saúde pública mais perigoso dos últimos 100 anos da história do nosso estado”. Inslee afirmou que se a propagação do vírus não for controlada o quanto antes, muito em breve hospitais e necrotérios vão ficar sobrecarregados.

Outras medidas

Em Iowa, a governadora Kim Reynolds estipulou que reuniões em espaços fechados estão limitadas a 15 pessoas e que casamentos e funerais realizados em espaços abertos podem receber até 30 convidados. Assim como em Nova York, os bares e restaurantes do estado devem fechar às 22h, no máximo. Foi baixada, ainda, a obrigatoriedade de máscaras em situações nas quais não for possível manter o distanciamento social (em locais públicos, por exemplo).

Outros estados que tornaram obrigatório o uso de máscara de proteção foram Dakota do Norte, Ohio, Utah e Virgínia Ocidental. Ainda, em Ohio, o governo estadual não descarta fechar restaurantes, bares e academia se os casos continuarem crescendo por lá. 305 mil pessoas já foram infectadas pelo coronavírus no estado e 5,7 mil pessoas perderam a vida para a doença na localidade.

No Wisconsin e Nevada, autoridades pediram aos moradores que façam o possível para permanecer em isolamento em casa pelos próximos 15 dias, a fim de evitar que medidas restritivas mais duras sejam tomadas. Em Chicago, por sua vez, negócios não essenciais devem fechar às 23h e encontros particulares estão limitados a 10 convidados. Já em Maryland, restaurantes tiveram que reduzir sua capacidade de atendimento presencial para 50%, enquanto o governo de Indiana limitou eventos e reuniões e interrompeu o processo de reabertura econômica.

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