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Nada a comemorar. | Enrique De La Osa / Reuters
Nada a comemorar.| Foto: Enrique De La Osa / Reuters

Cuba festejará nesta quinta-feira (30) os 50 anos da revolução que levou Fidel Castro ao poder, levantando a bandeira do socialismo e próxima de fazer as pazes com seu inimigo, os Estados Unidos.

Não há sinais de que Fidel, afastado do poder e do público desde que adoeceu há quase dois anos e meio, vá participar da reunião para festejar o aniversário da revolução em Santiago de Cuba, a primeira cidade tomada pelos rebeldes há meio século.

Será seu irmão Raul, que o substituiu na Presidência no último mês de fevereiro, que falará no palco da prefeitura de Santiago no qual Fidel Castro declarou a vitória no dia 1º de janeiro de 1959, depois da fuga do ditador Fulgêncio Batista.

"Nós revolucionários cubanos poderemos olhar para o passado com a cabeça erguida e para o futuro com a mesma confiança na nossa força e capacidade de resistir", disse Raúl Castro no final de semana.

A Cuba construída por Fidel durante suas quase cinco décadas no poder provoca opiniões diversas: alguns a vêem como uma sociedade mais justa e outros como um sistema autoritário.

O 50º aniversário da revolução acontece semanas antes da posse de Barack Obama, o primeiro presidente dos Estados Unidos disposto a conversar com as autoridades comunistas da ilha.

A perspectiva de uma normalização das relações como os Estados Unidos é vista como uma possível salvação para uma economia cronicamente dependente de importações e sem verbas devido à crise financeira global, à queda nos preços de suas exportações de níquel, e aos multimilionários estragos causados neste ano por furacões.

Cuba, que depois da revolução rompeu com toda a América Latina, com a exceção do México, tem hoje boas relações com todos os seus vizinhos, menos El Salvador. A ilha é apoiada por governos de várias tendências, desde o do venezuelano Hugo Chávez até o de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil.

Igualdade de oportunidades

Seus partidários lembram que, depois de tomar o poder, Fidel Castro erradicou o analfabetismo, massificou a educação, elevou os indicadores sociais a níveis escandinavos e até mandou o primeiro cosmonauta negro ao espaço.

Os críticos apontam que os frequentes confrontos com os Estados Unidos e a lógica bipolar da Guerra Fria levaram Cuba a interpretar as divergências como uma vulnerabilidade frente ao inimigo.

Embora o Comandante tenha aposentado seu uniforme, seus guerrilheiros septuagenários de Sierra Maestra seguem governando sob as ordens de seu irmão Raúl, de 77 anos.

Os filhos da revolução lutam para chegar ao final do mês, apesar de seus títulos universitários, e muitos de seus netos se dizem esgotados depois de duas décadas de crise econômica.

"A revolução cubana trouxe igualdade de oportunidades", disse Roberto, um funcionário público de 61 anos.

"As pessoas se esquecem que Cuba, antes da revolução, era um país vendido aos Estados Unidos, onde os pobres não tinham futuro", explicou.

Aproximadamente 70 por cento dos cubanos não conhece outro sistema, e nem outros governantes senão os irmãos Castro. A maioria resume as conquistas da revolução em duas palavras: saúde e educação gratuitas.

Entretanto, ambos serviços públicos, dizem, se deterioraram com a crise da década de 1990, quando a implosão da União Soviética deixou Cuba sem um padrinho.

"Desde então o discurso oficial foi por um lado e a vida por outro. Nunca mais voltaram a se encontrar", disse Cristina, uma socióloga de 38 anos.

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