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Dilma foi orientada pelo comitê de campanha a aproveitar os holofotes das Nações Unidas | Mike Segar/ Reuters
Dilma foi orientada pelo comitê de campanha a aproveitar os holofotes das Nações Unidas| Foto: Mike Segar/ Reuters

Opinião

Debater o clima talvez frustre os imediatistas

Eduardo Saldanha, professor de Direito Internacional da FAE

A Cúpula sobre o Clima em Nova York nesta semana, assim como outros encontros que visam debater a questão do clima e do meio ambiente, não necessariamente trouxe decisões imediatamente aplicáveis, o que pode, de certa forma, frustrar os imediatistas.

O encontro em Nova York faz parte de uma série de negociações internacionais que têm como principal objetivo estabelecer diretrizes para ações conjuntas, além de ressaltar a necessidade de serem assumidos compromissos conjuntos por parte dos países membros das Nações Unidas.

Nesse caso, a assunção de compromissos, na prática da ONU, busca mais influenciar e facilitar a instituição de políticas internas mais efetivas na busca por controlar as mudanças climáticas antropogênicas (provocadas pelo ser humano), do que, como gostariam alguns ambientalistas, organizações não governamentais e cientistas, impor de maneira imediata normas que resultem em mudanças radicais no trato internacional à questão climática.

Embora sejam dignas de nota a participação tímida de alguns dos maiores poluidores do mundo e a negativa brasileira em aderir imediatamente a um documento que mais uma vez explicita a necessidade de controlar e fiscalizar o desmatamento ilegal, não é o caso de se decretar o fracasso da cúpula nova-iorquina, uma vez que deve-se ter a percepção que esta, como outros encontros havidos no seio da ONU, deve ser entendida como um encontro que fomenta a cooperação internacional e, mesmo sem unanimidade, acaba por determinar diretrizes importantes a serem adotadas, o que certamente influencia políticas internas até mesmo daqueles que saem desgostosos ou com sentimento de terem sido preteridos, como é o caso brasileiro.

A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) aproveitou ontem a tribuna da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas para fazer uma prestação de contas do mandato e exaltar as conquistas do governo e da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) na construção de uma "sociedade inclusiva" e de uma "economia moderna".

Leia a íntegra do discurso de Dilma Rousseff na ONU

Dilma dis­­se que o Brasil passa por uma "grande transformação" e combate "sem tréguas" a corrupção e assegurou que não deixou de cuidar da solidez fiscal e da estabilidade monetária, sabendo "dar respostas" à crise econômica mundial.

Ela também destacou que, apesar dos efeitos da crise, o país gerou empregos, valorizou salários, reduziu a desigualdade e saiu do Mapa da Fome, conforme apontou relatório da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês).

A presidente foi orientada pelo comitê de campanha a ir a Nova York e usar os holofotes da ONU como um palanque de alcance internacional — um espaço que os adversários dela na corrida pelo Palácio do Planalto não possuem. Ela discursou diante de uma plenária lotada e foi muito aplaudida.

Mais tarde, Dilma rebateu a crítica de ter usado a tribuna da ONU como palanque eleitoral. "Sugiro que vocês olhem os meus quatro discursos aqui", disse a presidente a jornalistas.

"Os meus quatro discursos são muito parecidos no que se refere a falar sobre uma questão fundamental. Falar que o Brasil reduziu a desigualdade, aumentou a renda, ampliou o emprego. Em todos os discursos, em todos eles", disse. A presidente avaliou que essas conquistas são um "orgulho" para o país e fazem com que o Brasil seja respeitado no exterior.

Dilma também disse que o Brasil se recusou a assinar um acordo que prevê o fim do desmatamento das florestas até 2030 porque o país não foi consultado sobre os termos do documento que, segundo ela, fere a legislação brasileira.

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