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O senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado há mais de um ano na representação brasileira em La Paz, foi levado num carro da embaixada até Mato Grosso do Sul. Isso foi feito sem autorização do governo da Bolívia, que já pediu explicações ao Brasil. Em nota divulgada mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que só soube no sábado da chegada do senador boliviano e que vai abrir um inquérito para investigar o caso. O diplomata brasileiro Eduardo Sabóia disse em entrevista ao "Fantástico', que foi dele a decisão de trazer o senador boliviano ao Brasil.

"Tomei a decisão de conduzir essa operação pois havia o risco iminente à vida e à dignidade do senador", afirmou.

Pinto desembarcou na madrugada em Brasília após deixar La Paz com um carro da embaixada brasileira até Corumbá, em Mato Grosso do Sul. O senador estava asilado na embaixada brasileira na Bolívia havia mais de um ano, alegando perseguição política do governo Evo Morales.

"Havia uma violação constante, crônica de direitos humanos, porque não havia perspectiva de saída, não havia uma verdadeira negociação em curso e tinha um problema de depressão que estava se agravando. Tivemos que chamar um médico e ele começou a falar de suicídio, dizia constantemente que queria que nos o tirássemos de lá e advogados dele também dizendo isso. E um quadro que podia degenerar ou num suicídio ou num risco também para as pessoas que trabalham na embaixada", afirmou o diplomata brasileiro.

Saboia disse que percebeu que o quadro do político podia degenerar porque Pinto passou 452 dias em um cubículo ao lado de sua sala. "Eu me sentia como se tivesse o DOI-Codi (órgão policial da ditadura militar brasileira) ao lado da minha sala de trabalho. Um confinamento prolongado e sem perspectivas", disse Saboia.

O diplomata disse que tentou negociar a vinda do senador ao Brasil sem sucesso e falou que faltou empenho para solucionar o caso. "Estive em Brasília duas vezes, dizendo que a situação estava ruim. Pedi para sair de La Paz, porque disse que não ia compactuar com uma situação que atenta à dignidade humana e à honra do meu país. Não preciso de instruções específicas para situações de urgência", afirmou.

Saboia disse que foi instruído pelo Itamaraty a não dar declarações logo que chegou ao Brasil com o político boliviano, mas que mudou de ideia após o órgão soltar uma nota mencionando o seu nome. O Itamaraty não quis comentar as declarações do diplomata.

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