• Carregando...

EUA revisarão ajuda ao país, afirma Rice

Jerusalém – A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse ontem, em Israel, que a decisão do presidente Perez Musharraf de impor estado de emergência ao Paquistão vai obrigar o governo americano a revisar a ajuda financeira ao país.

Os EUA já enviaram cerca de US$ 11 bilhões ao aliado no Oriente Médio desde os ataques de 11 de setembro de 2001, quando Musharraf colocou-se ao lado dos norte-americanos na luta contra o terrorismo. O valor mensal da ajuda chega a US$ 150 milhões. Condoleezza deu a entender, porém, que o país não deve suspender por completo o envio de recursos. "Parte do valor enviado ao Paquistão está diretamente ligado ao combate ao terrorismo", disse.

Islamabad – Um dia após decretar um estado de emergência que a ex-premiê Benazir Bhutto classificou de "golpe sobre o golpe'', o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, apertou o cerco à dissidência ordenando a prisão de ativistas e líderes de oposição. O regime ainda afirmou que as eleições parlamentares previstas para janeiro podem ser adiadas "em até um ano''.

Entre 400 e 500 pessoas foram presas, inclusive Javed Hashmi, presidente do PLM-N (Partido da Liga Muçulmana), do ex-premier exilado e rival de Musharraf Nawaz Sharif. Redes de tevê privadas – incluindo canais estrangeiros – permaneciam fora do ar ontem à noite.

Em Lahore, no nordeste do país, cerca de 200 policiais munidos de gás lacrimogêneo interromperam uma reunião de opositores na Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, detendo dezenas de pessoas. Além disso, na aparente tentativa de inibir protestos de rua programados para hoje, pelo menos 80 advogados foram presos. As entradas da Suprema Corte, do Parlamento e de partidos políticos foram bloqueadas por policias militares.

Lei marcial

O procurador-geral, Malik Mohammed Qayyum, negou se tratar de lei marcial, alegando que o premier Shaukat Aziz (submetido a Musharraf) segue no posto.

A atual legislatura acaba em janeiro, quando eram previstas eleições. Mas o premier Aziz disse a jornalistas que a votação pode ser retardada em até um ano pelo estado de emergência.

Nos últimos meses, o ditador que tomou o poder em 1999 – e que é o principal aliado dos EUA na região (leia texto abaixo) – vem tentando manter o combalido equilíbrio político de seu regime, acuado por pressões da oposição por maior abertura política e de facções muçulmanas contrárias à sua aliança com Washington e favoráveis à adoção da lei islâmica. Soma-se a isso a cobrança americana por mais eficácia no combate ao terrorismo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]