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Após o Partido Comunista da China anunciar no domingo (25) a intenção de mudar a Constituição para extinguir o limite à reeleição, diversos internautas usaram as redes sociais para reclamar da medida, temendo que o atual líder, Xi Jinping, perpetue-se no poder indefinidamente.

Os comentários, porém, sumiram nesta segunda (26) após um esforço do governo ditatorial para defender o dirigente. Enquanto as críticas foram censuradas e buscas por termos que remetem a questão, bloqueadas, diversos textos com elogios a Xi e ao partido foram publicados na internet.

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A sigla que comanda a ditadura chinesa propôs no domingo a anulação da cláusula que estabelece um máximo de dois mandatos presidenciais, abrindo caminho para que Xi permaneça no poder depois de 2023. A proposta será aprovada por delegados na reunião anual do Congresso chinês, em março.

Embora a China seja uma ditadura partidária, o regime não é personalista -da abertura até agora, dirigentes eleitos pelo partido ficam no poder por no máximo dois mandatos de cinco anos.

A medida vai ainda acrescentar ao documento o pensamento político de Xi, já incluído na Constituição partidária, em mais uma mostra de seu prestígio político.

Apesar de o atual líder manter a popularidade alta graças a uma campanha contra a corrupção, muitos chineses temem que a medida dê poder demais ele. Alguns o compararam ao ditador norte-coreano, Kim Jong-un.

"Que horror, vamos virar a Coreia do Norte", escreveu um internauta em alusão ao país controlado desde 1948 pela família Kim. "Estamos seguindo o exemplo do nosso vizinho", afirmou outro.

Os dois comentários foram retirados do ar na noite de domingo, quando o Weibo -microblog chinês nos moldes do Twitter- começou a bloquear nas pesquisas o termo "limite de dois mandatos".

Usuários chineses também trocaram imagens comparando Xi ao Ursinho Pooh inebriado com um pote de mel, meme que Pequim já tentou bloquear diversas vezes em vão.

Além disso, o site do jornal oficial do partido, o "Diário do Povo", tirou do ar na noite de domingo o espaço de comentários no texto que tratava da mudança constitucional. Ele voltou ao ar nesta segunda, apenas com elogios.

Após as críticas, diversas autoridades e entidades oficiais defenderam a proposta.

O Ministério das Relações Exteriores chinês, que normalmente só comenta assuntos diplomáticos, declarou que emendar a Constituição diz respeito apenas o povo chinês. O porta-voz da pasta, Lu Kang, afirmou que a Carta vem sendo melhorada desde a criação, em 1954, e que o fim do limite de reeleição é um passo nesse sentido.

Editorial do jornal estatal "Tempos Globais" diz que a mudança não significa que Xi poderá permanecer o quanto quiser: "Desde a reforma e a abertura, a China resolveu com êxito e continuará a resolver de forma coerente a substituição da liderança nacional e partidária".

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