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Com 2 milhões e meio de passageiros ao ano, a empresa afirma que as embarcações são a quarta atração turística mais popular de Paris | /Divulgação
Com 2 milhões e meio de passageiros ao ano, a empresa afirma que as embarcações são a quarta atração turística mais popular de Paris| Foto: /Divulgação

Os Bateaux-Mouches se dizem os últimos barcos do amor. “Ofereça a ela o seu amor; nós tomamos conta do resto.” É o que diz o site das lanchas envidraçadas que cruzam o Rio Sena, em Paris.

“Por mais de 60 anos, a Compagnie des Bateaux-Mouches tem contado uma história de amor para gerações de passageiros, curiosos, poetas, para os românticos ou apaixonados”, diz a página. Uma história de amor que se tornou amarga agora atinge a empresa, que opera os maiores e mais populares barcos de Paris.

No ano passado, Charlotte Bruel, pintora e herdeira da fortuna da Bateaux-Mouches, deu início a um processo de divórcio contra o homem que, além de seu marido, também era gerente da companhia. Agora, a mídia francesa afirma que Radé Matovic apresentou uma queixa de “abuso fraudulento de fraqueza”, ao alegar que sua mulher está sendo manipulada por quatro pessoas.

A reivindicação de Matovic foi comparada à saga de Liliane Bettencourt, que foi a julgamento em fevereiro. A octogenária herdeira da L’Oréal foi espoliada em centenas de milhões de euros por amigos e conselheiros. Um novo julgamento é esperado para o próximo mês.

Matovic declara que Bruel, de 49 anos, sofreu de “problemas sérios de ansiedade” por três anos.

A promotoria de Paris concordou em investigar o caso. Matovic, que é sete anos mais novo do que a mulher, foi gerente da Bateaux-Mouches por 11 anos, até ser demitido por Bruel no ano passado.

“Algumas pessoas têm tirado vantagem da vulnerabilidade dela para persuadi-la a tomar decisões que vão contra os interesses da empresa”, alega o marido.

Charlotte Bruel, única filha do fundador da Bateaux-Mouches, e dona de 99,77% da empresa, se recusou a comentar o caso publicamente. E, nesta semana, seus advogados estavam impedidos de falar. Mas, de acordo com a revista “Paris Match”, na reunião geral anual da empresa, em setembro, ela acusou o marido de montar um enredo de golpe para assumir, sozinho, o controle dos negócios, dizendo que ele a havia deixado “na posição ridícula de ser despojada de toda a autoridade, colocando a companhia em perigo”.

Nascido em Montenegro, Matovic era o braço direito do pai de Charlotte, Jean Bruel, que fundou a Bateaux-Mouches em 1949. O patriarca da família Bruel, que morreu em 2003, teve a ideia de usar lanternas deixadas pelo Exército alemão em 1944 para equipar os barcos turísticos, de modo a iluminar os grandes monumentos de Paris à noite.

Até hoje, os 15 bateaux-mouches, que parecem casas verdes flutuantes, têm lâmpadas poderosas para clarear o cais do Rio Sena depois do anoitecer. Eles também oferecem jantares românticos, servidos por garçons com tradicionais aventais brancos.

Com 2 milhões e meio de passageiros ao ano, a empresa afirma que as embarcações são a quarta atração turística mais popular de Paris, depois da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo e da Catedral de Notre Dame. O nome — literalmente, “barcos voadores” — vem de uma antiga expressão francesa para o trabalho de iluminação do rio.

“Jean Bruel me ensinou os negócios”, — disse Matovic ao jornal “Le Parisien”. “Depois que ele morreu, reorganizei a companhia e investi milhões de euros. Em 2003, nossas operações chegaram a € 10 milhões. Agora, alcançamos € 24 milhões”.

Ele afirma que quatro pessoas exploraram a sua mulher, convencendo-a a impulsionar seus ganhos “de uma maneira completamente não justificada”. Ele também alega que elas começaram a interferir no gerenciamento da empresa para excluí-lo da organização por ele “ser a única pessoa que enfrenta suas decisões destrutivas”.

Como diz o ditado francês: “La vie n’est pas une longue fleuve tranquille.” A vida não é um rio longo e calmo.

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