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Guillermo Zuloaga, proprietário da Globovisión, a última emissora de televisão importante da Venezuela a fazer críticas ao presidente Hugo Chávez, fugiu do país após a emissão de um mandado de prisão contra ele. A informação foi confirmada por Edith Ruiz, diretora de relações institucionais da emissora nesta quarta-feira.

"Ele não está mais na Venezuela", disse Ruiz, que também afirmou não saber do paradeiro exato de Zuloaga.

Agora, observadores se perguntam por quanto tempo mais o governo vai permitir que a Globovisión, sediada em Caracas, permaneça no ar, tendo em vista que seu proprietário é um fugitivo internacional. Críticos do governo dizem o fechamento da emissora, mesmo que temporário, pode funcionar para o partido governante antes das eleições legislativas de setembro, que prometem ser bastante concorridas.

Na sexta-feira, as autoridades ordenaram a prisão de Zuloaga para que ele pudesse responder a uma acusação, feita um ano atrás, de irregularidades relacionadas a uma agência de venda de carros pertencente a ele e à sua família. Zuloaga nega as acusações e as chama de outro exemplo de "terrorismo judicial" do governo Chávez.

Nos últimos dias, Chávez pediu publicamente a Zuloaga, uma das pessoas mais influentes do país, que se entregasse e disse que o empresário seria considerado inocente até que sua culpa fosse provada.

Mas na noite de segunda-feira, Zuloaga falou na Globovisión por telefone de um local não identificado e disse que não tem planos de se entregar a Chávez. "Eu cheguei à conclusão de que com minha rendição não estarei fazendo nenhum favor à Globovisión, ao país ou à minha família", disse ele.

Zuloaga acrescentou que as acusações do governo contra ele foram feitas com o único propósito de fechar a Globovisión, que é efetivamente o único canal local onde críticas a Chávez são ouvidas.

Funcionários do escritório do presidente e do escritório da Promotoria Geral não estavam disponíveis para comentar a informação de que Zuloaga não estava mais na Venezuela.

As autoridade tiveram Zuloaga em suas mãos em março, quando ele foi detido por declarações supostamente "ofensivas e desrespeitosas" sobre Chávez num programa de televisão. Mas grupos de direitos humanos internacionais e a Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu sua libertação e o governo Chávez o soltou horas mais tarde.

O Departamento de Estado norte-americano disse que desaprova o mandado de prisão contra Zuloaga. "Este é o último exemplo do contínuo ataque do governo da Venezuela à liberdade de imprensa", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, na segunda-feira. Ele acrescentou que os Estados Unidos pedem ao governo venezuelano que "defenda o princípio do respeito aos direitos humanos, incluindo liberdade de imprensa, que é essencial para democracias representativas".

Outros grupos internacionais também protestaram, nos últimos dias, contra o mandado de prisão venezuelano contra Zuloaga. "Se o governo está usando a acusação contra Zuloaga como pretexto para silenciar e intimidar a única emissora crítica que persiste, os direitos dos cidadãos de ser informados serão seriamente restritos e a democracia na Venezuela vai sofrer outro golpe", disse o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), sediado em Nova York, na segunda-feira em seu site.

Num caso que parece ter relação com a acusação contra Zuloaga, o governo tomou o controle na segunda-feira de um banco de porte médio chamado Banco Federal, afirmando que ele não correspondia às exigências de liquidez.

O presidente do banco, Nelson Mezerhane, é um importante investidor da Globovisión e críticos de Chávez dizem que essa ligação é a razão verdadeira pela qual o banco foi tomado.

Mezerhane, assim como seu parceiro de negócios Zuloaga, é conhecido por fazer declarações críticas a Chávez em público. Mezerhane também fugiu do país.

Durante seus 11 anos no poder, Chávez tem sido frequentemente acusado de tentar silenciar seus críticos fazendo acusações contra eles, de maneira que possa detê-los e colocá-los na cadeia.

Um ex-governador, Oswaldo Alvarez Paz, foi detido em março por dizer na televisão que a Venezuela se tornou um paraíso para traficantes de drogas. Chávez disse que a afirmação infringe a lei que proíbe "divulgar informações falsas" ou faze comentários incendiários com o objetivo de ameaçar a paz e a estabilidade.

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