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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (esq.) e o prefeito de Budapeste, Istvan Tarlos, após as eleições locais, 13 de outubro de 2019
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (esq.) e o prefeito de Budapeste, Istvan Tarlos, após as eleições locais, 13 de outubro de 2019| Foto: FERENC ISZA / AFP

Dois líderes do Leste Europeu foram abalados nesta segunda-feira (14) com resultados das eleições em seus países. Os resultados das eleições locais na Hungria foram um duro golpe ao primeiro-ministro Viktor Orbán, enquanto na Polônia, o partido do governo perdeu o controle do Senado.

Os resultados na Hungria mostraram uma vitória clara da oposição na disputa da prefeitura da capital Budapeste e outras vitórias sobre o partido governante em pelo menos dez das 23 maiores cidades do país.

Com 98% dos votos apurados nas eleições de domingo, Gergely Karácsony, da oposição, contava com 51% dos votos, contra 44% do candidato do partido Fidesz, de Orbán.

Enquanto isso, os resultados finais das eleições da Polônia no domingo deram ao partido de direita Lei e Justiça 235 assentos no parlamento. O número constitui uma maioria, mas não substancial o suficiente para promover mudanças constitucionais.

O Lei e Direito, no entanto, perdeu o controle do Senado, a câmara alta, que pode atrasar e aumentar o escrutínio quando se trata de mudanças na lei, embora não tenha o poder de anular as mudanças. Os opositores conquistaram 51 dos 100 assentos no Senado.

A Polônia e a Hungria foram alertadas pela União Europeia por fragilizar a independência de instituições estatais.

Hungria

Tanto nas eleições para o Senado na Polônia quanto na votação municipal na Hungria, os partidos da oposição se uniram para apoiar um candidato único, em uma estratégia que parece ter sido bem sucedida.

"Isso pode ser considerado um ponto de virada na política húngara", disse Andras Biro-Nagy, diretor da Policy Solutions, um instituto de pesquisa europeu. "Nos últimos nove anos, o Fidesz parecia invencível, quando Orbán e seu partido venceram todas as eleições em todo o país. Acho que essa pode ser a primeira rachadura no sistema construído por Orbán". A estratégia é vista como um caso de teste para a próxima eleição geral em 2022.

Após sua vitória, o novo prefeito da oposição prometeu construir uma cidade transparente, verde e reconhecida. Ele comparou a disputa às eleições de Istambul em março, quando o partido do governo também sofreu uma derrota humilhante.

A eleição local foi um grande golpe para Orbán. O primeiro-ministro disse que “tomaria nota” do resultado. "O que podemos dizer é que estamos prontos para cooperar pelo interesse das pessoas que vivem no país e em Budapeste", disse ele.

O partido de Orbán também está envolvido em um escândalo sexual, apesar de seus esforços para se posicionar como defensor dos valores conservadores da família cristã. Um proeminente prefeito e membro do Fidesz, Zsolt Borkai, recusou-se a renunciar após a divulgação de um vídeo que mostrava o prefeito, casado e pai de dois filhos, participando de uma orgia regada a cocaína em um iate.

"Penso que em muitas cidades divididas este foi o fator decisivo nos últimos dias, e talvez em Budapeste também", disse Biro-Nagy.

Polônia

Enquanto a oposição na Polônia se unia em torno dos candidatos ao Senado, analistas disseram que a campanha parlamentar do principal partido da oposição foi fraca. Que a Plataforma Cívica, de centro-direita, tenha conseguido conquistar 134 assentos com essa "liderança fraca" é "incrível", disse Jaroslaw Kuisz, editor-chefe do semanário online Kultura Liberalna.

Observadores do Departamento de Instituições Democráticas e Direitos Humanos disseram na segunda-feira que, embora as eleições na Polônia tenham ocorrido sem problemas, elas foram marcadas por "retórica intolerante" e "viés na mídia pública". O partido no poder mobilizou a mídia estatal em seu apoio.

Apesar de ganhar apenas alguns assentos a mais no complexo sistema de eleição da Polônia, o partido ganhou 2 milhões de eleitores extras após uma campanha que visava difamar a comunidade LGBT e prometia expandir seu popular programa de bem-estar social.

O Lei e Justiça provavelmente ficará decepcionado com os resultados gerais, disse Kuisz, que destacou que o poder do Senado não é "enorme", enquanto o partido pode convencer alguns senadores a mudar de lado.

No entanto, "simbolicamente, é muito importante que um dos principais órgãos do processo legislativo seja perdido", afirmou.

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