• Carregando...

Entrevista Liz Sepper, porta-voz da ONG Human Rights Watch.

A eleição dos EUA para o Conselho de Direitos Humanos (DH) da ONU não foi disputada, já que os países são divididos em regiões. Na dos EUA, apenas a Nova Zelândia poderia oferecer concorrência, mas retirou a candidatura. Esse sistema de concordâncias prévias fez com que, para as 18 cadeiras renovadas neste ano, apenas 20 países concorressem. Esta é uma das críticas da ONG Human Rights Watch ao Conselho. A porta-voz da entidade, Liz Sepper, falou sobre essas questões à Gazeta do Povo:

O que os EUA poderiam mudar "por dentro" do Conselho, como sugeriu a embaixadora do país na ONU, Susan Rice?

A presença dos EUA aumentará a pressão sobre países que desrespeitam os DH. Esperamos que o país tenha voz firme para garantir que as principais questões sejam tratadas.

O processo eleitoral para compor o Conselho poderia ser mais efetivo se fosse mais competitivo?

Sim. Por exemplo, acredito que Cuba, China e Arábia Saudita não teriam sido eleitas se houvesse competição. Por outro lado, se países que respeitam os DH se manifestarem, eles serão eleitos, como ocorreu com países do Leste Europeu.

Os próprios membros precisam votar melhor?

Se os países levassem a eleição a sério e votassem com base nos relatórios sobre a situação dos DH dos candidatos, veríamos um Conselho com membros melhores. Em 2006, já houve propostas de reforma, como a necessidade de cada candidato receber 2/3 dos votos da Assembleia-Geral. Mas ainda é preciso obter apenas a metade.

O Conselho é efetivo?

O Conselho... tem um passado misto. O que há de positivo é a avaliação universal periódica, instituída em 2006, quando o órgão foi reformado. Ela prevê que cada país da ONU seja escrutinado a cada quatro anos com relação a sua atuação quanto aos DH.

O que mais já foi feito de efetivo?

O Conselho renovou mandatos de enviados especiais a Mianmar e Coreia do Norte [países criticados pelo desrespeito aos DH], onde há julgamentos extrajudiciais e execuções sumárias. Mas continua a não tratar da melhor forma os casos da Somália e da República Democrática do Congo, por exemplo.

Que outras questões relacionadas aos DH são prementes neste momento?

Estamos vendo países de todas as regiões preocupados com a guerrilha separatista no Sri Lanka, que é a situação mais urgente hoje, e o Conselho ainda não tratou do caso. Temos pedido um apoio especial para aquela população há algum tempo, e o que temos visto é uma resposta muito lenta tanto de Genebra quanto de Nova Iorque.

E na América Latina, há abusos graves?

Sim, o caso de Cuba, por exemplo, único país na região que não admite manifestação política. Gostaríamos de ter visto países poderosos da América Latina desafiando Cuba a se comprometer com reformas para poder se candidatar. Mas não houve concorrência na região. Candidataram-se três países (Cuba, Uruguai e México) para três vagas. (HC)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]