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Para analistas e parlamentares conservadores, desempenho fraco dos Tories nas urnas em maio e novas punições pelo Partygate poderiam selar destino político do premiê britânico
Para analistas e parlamentares conservadores, desempenho fraco dos Tories nas urnas em maio e novas punições pelo Partygate poderiam selar destino político do premiê britânico| Foto: EFE/EPA/NEIL HALL

Em janeiro, antes do início da guerra na Ucrânia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, enfrentava o momento mais difícil do seu mandato, com críticas públicas e ameaças de destituição por parte de parlamentares do seu próprio partido devido ao Partygate – como foi apelidado o escândalo em que autoridades do Reino Unido burlaram regras do lockdown durante a pandemia e participaram de eventos e festas.

As sanções à Rússia e a resposta à invasão da Ucrânia, deflagrada por Moscou em 24 de fevereiro, deram fôlego ao líder dos Tories, o partido conservador britânico, mas a trégua pode estar perto do fim.

Em 5 de maio, serão realizadas eleições locais no país (coincidindo com a eleição da Assembleia da Irlanda do Norte), nas quais serão escolhidos os integrantes de 146 conselhos unitários, metropolitanos e distritais na Inglaterra, 32 conselhos na Escócia e 22 no País de Gales, além de sete prefeitos ingleses eleitos diretamente.

Analistas políticos e parlamentares conservadores acreditam que a pressão pela destituição de Johnson pode aumentar se os Tories naufragarem nas urnas. Uma pesquisa divulgada este mês apontou que os conservadores devem perder aproximadamente 800 assentos e o controle de cerca de 20 conselhos locais em maio.

O analista político Robert Hayward, filiado ao partido de Johnson, alertou em entrevista ao The Guardian que o futuro do primeiro-ministro poderá ser decidido por duas questões: um desempenho fraco dos Tories nas urnas em maio, que a legenda atribuiria ao desgaste da imagem do premiê, e novas punições pelo Partygate.

Johnson já foi multado no início de abril por ter participado de uma festa de comemoração do seu aniversário em Downing Street, residência oficial do premiê britânico, em junho de 2020. A Polícia Metropolitana está investigando 12 eventos em que integrantes do governo teriam desrespeitado o lockdown, e ao menos seis tiveram participação de Johnson.

“Esses dois pontos podem desencadear todo o processo ocorrido em janeiro novamente”, afirmou Hayward. Após o anúncio da primeira multa aplicada ao primeiro-ministro, a Polícia Metropolitana informou que não serão emitidas mais punições relativas ao Partygate até as eleições locais de maio, mas as investigações continuam.

Um parlamentar conservador, entretanto, disse ao Sunday Express que o eleitor britânico tem outras preocupações além do desrespeito ao lockdown durante a pandemia. “Há problemas sobre o custo de vida, em particular, que o governo não está abordando e, se as eleições locais forem ruins [para o partido], veremos as cartas chegarem novamente”, afirmou, sob a condição de anonimato.

A referência é o requisito de que ao menos 54 parlamentares conservadores enviem uma carta para pedir um voto de desconfiança contra Johnson, que poderia tirá-lo da liderança do partido e, por consequência, do cargo de primeiro-ministro, que ocupa desde 2019.

Porém, outro parlamentar conservador, favorável à saída de Johnson, disse também ao Sunday Express que acredita que qualquer possibilidade de destituir o primeiro-ministro “já acabou”, mesmo que os resultados eleitorais em maio sejam ruins e que o premiê receba outras punições pelo Partygate.

“A Ucrânia colocou tudo em perspectiva. Vimos na Rússia como é um verdadeiro ditador e, no meio de uma guerra, o Partygate parece muito menos importante”, argumentou. Somente depois de 5 de maio haverá uma resposta para essa dúvida.

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