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Apoiadores de Keiko Fujimori se reúnem em Lima, Peru, para protestar e denunciar supostas fraudes eleitorais ne segundo turno da eleição presidencial, 9 de junho
Apoiadores de Keiko Fujimori se reúnem em Lima, Peru, para protestar e denunciar supostas fraudes eleitorais ne segundo turno da eleição presidencial, 9 de junho| Foto: EFE/ Paolo Aguilar

A candidata Keiko Fujimori pediu às autoridades eleitorais do Peru nesta quarta-feira (9) que sejam anuladas 802 urnas - o que corresponde a cerca de 200 mil votos - em meio a acusações de irregularidades e "fraude" no segundo turno do pleito presidencial realizado no último domingo no país.

Keiko, que está atrás do esquerdista Pedro Castillo na apuração por 75 mil votos, apresentou o pedido à Junta Nacional de Eleições (JNE). "Estas 802 urnas representam 200 mil votos, que quando foram admitidos devem ser retirados da contagem nacional", disse a candidata.

O candidato esquerdista Pedro Castillo continua à frente de Keiko, de direita, na apuração do segundo turno presidencial do Peru. O sindicalista fala em vitória no pleito, e recebeu uma série de congratulações ao longo do dia.

Às 22h18 (horário de Brasília) Castillo aparecia com vantagem de cerca de 75 mil votos, com 99,004% das atas eleitorais contabilizadas, informa o órgão oficial eleitoral do país (Onpe). O esquerdista tinha 50,212% dos votos, e Keiko 49,788%.

Em um pronunciamento público, Castillo se disse "presidente do Peru", e afirmou que uma contagem oficial de seu partido, Peru Livre, indicou sua vitória. Na ocasião, o candidato clamou para seus seguidores não acreditarem em provocações, como "a subida do dólar e aumento dos preços da cesta básica".

Segundo Castillo, "faremos um governo com estabilidade financeira", no qual haverá respaldo dos empresários. O sindicalista indicou ter recebido congratulações de líderes latinos, e republicou durante a noite uma publicação do ex-presidente boliviano Evo Morales que lhe parabenizou pela vitória no Twitter.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) parabenizou o Peru pela disputa em segundo turno, que a entidade considerou "transparente", segundo o chefe da missão da OEA, Rubén Ramírez. Já o Ministério da Defesa publicou uma nota pedindo aos peruanos para respeitarem o resultado do Onpe, em uma resposta aos pedidos para uma ação militar.

Provas frágeis

A denúncia de Keiko Fujimori de suposta "fraude sistemática" foi lançada na segunda-feira à noite, quando a contagem de votos já estava adiantada e Castillo aparecia como o provável vencedor.

Em entrevista coletiva, ela apresentou uma série de "provas" - em sua maioria coletadas em redes sociais - e "notícias falsas" sem muito apoio, para refutar os relatórios preliminares das missões eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore), que destacaram a lisura das eleições.

Entre as supostas evidências está o caso de seções eleitorais onde todos os votos foram a favor de Castillo, algo provável em regiões do país onde o candidato ganhou com 88% dos votos e que corresponde ao fato de que também há seções eleitorais com todos os votos a favor de Keiko, como foi visto em Miami, nos Estados Unidos, onde expatriados votaram.

Protestos

Para aumentar a temperatura, espera-se que nas próximas horas milhares de apoiadores de Castillo cheguem a Lima vindos de várias regiões do país para se manifestarem em defesa dos resultados das eleições.

Além disso, alguns dos eleitores de Keiko Fujimori apelaram para uma mobilização através de redes sociais para solicitar a intervenção das forças armadas e impedir que Castillo seja oficialmente proclamado presidente.

Em resposta a este movimento, o Ministério da Defesa lembrou em um comunicado que "as Forças Armadas não são deliberativas e estão subordinadas ao poder constitucional, portanto qualquer apelo para violar esta ordem é impróprio em uma democracia.

Tom vitorioso

Sem esperar o fim da apuração, Castillo improvisou um comício na terça-feira em que implicitamente se proclamou vencedor das eleições, embora sem afirmar categoricamente seu triunfo.

Com um tom vitorioso, ele pediu a seus adversários políticos que respeitem os resultados. Também prometeu formar um governo que respeite a Constituição e "com estabilidade financeira e econômica".

Castillo recebeu até mesmo mensagens de felicitação do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que publicou em redes sociais uma foto de um encontro entre os dois anos atrás.

"Irmão da alma e companheiro de luta, você é o orgulho dos movimentos sociais e dos profissionais patrióticos. Parabéns por esta vitória, que é a vitória do povo peruano, mas também do povo latino-americano que quer viver com justiça social", escreveu Evo.

O vencedor das eleições tomará posse por cinco anos em 28 de julho, dia do 200º aniversário da independência do Peru.

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