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Guerra na Ucrânia, União Europeia e economia estiveram entre os temas principais do debate entre Macron e sua adversária no segundo turno na eleição francesa
Guerra na Ucrânia, União Europeia e economia estiveram entre os temas principais do debate entre Macron e sua adversária no segundo turno na eleição francesa| Foto: EFE/EPA/LUDOVIC MARIN

Os dois candidatos que no próximo domingo (24) disputarão o segundo turno da eleição presidencial da França, a direitista Marine Le Pen e o centrista e atual presidente Emmanuel Macron, realizaram um debate nesta quarta-feira (20) em que a guerra na Ucrânia, a União Europeia e a economia estiveram entre os temas principais.

Le Pen, que já elogiou o presidente russo, Vladimir Putin, cumprimentou Macron pelas suas tentativas de intermediar a paz no leste europeu e por ter aplicado sanções a Moscou.

“A única sanção da qual discordo é o bloqueio da importação de gás e petróleo russos. Não é o método certo, não vai prejudicar a Rússia e, acima de tudo, vai prejudicar muito os franceses. Não podemos cometer haraquiri [suicídio ritual japonês] com a esperança de prejudicar a Rússia, que venderá seu gás e petróleo para outro país”, disse Le Pen, que alegou receio de que uma maior aproximação entre Rússia e China “possa constituir um grande perigo para a França e a Europa”.

Macron, por sua vez, acusou a adversária de “depender” de Putin: ele lembrou que Le Pen reconheceu o resultado do plebiscito que aprovou a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014 e mencionou que o partido da candidata direitista, o Reagrupamento Nacional, obteve empréstimos junto a bancos ligados ao Kremlin.

Em resposta, Le Pen mostrou uma publicação sua no Twitter de 2014, na qual disse apoiar uma Ucrânia “livre”. A respeito dos empréstimos, alegou que foi a alternativa que o partido encontrou após recusas dos bancos franceses.

Macron também atacou a direitista a respeito da União Europeia, ao alegar que Le Pen ainda quer a saída francesa do bloco “mas não diz mais isso”, e defendeu a integração entre os países-membros. “Precisamos de uma Europa mais forte, mais integrada, com um pouco mais de confiança”, afirmou Macron.

Le Pen argumentou que pretende manter a França na União Europeia caso seja eleita, mas disse que quer mais respeito pelas decisões internas do país. “Gostaria que a Comissão Europeia respeitasse as nações soberanas, respeitasse a escolha dos franceses, incluindo suas escolhas sociais”, afirmou.

Ao criticar acordos da UE com outros países e blocos, Le Pen fez referência às tratativas com o Mercosul e mencionou o Brasil. “Discordo em vários pontos, em alguns acordos de livre comércio, em que os agricultores [franceses] são sacrificados para competir com os frangos do Brasil”, destacou.

Na parte do debate em que abordaram questões econômicas internas, Le Pen acusou Macron de ter criado uma dívida adicional de 600 bilhões de euros, “dois terços dos quais não têm absolutamente nada a ver com [o enfrentamento à] Covid-19”. Macron alegou que apenas 200 bilhões de euros são dívida direta do Estado e o restante é relativo à Previdência Social, devido aos auxílios durante a pandemia.

A proposta de Macron de elevar até 2031 a idade mínima de aposentadoria para 65 anos para quem quer receber o valor integral do benefício foi classificada por Le Pen como uma “injustiça insuportável”.

Os dois candidatos também discutiram sobre tributação, com o atual presidente sustentando que o programa da sua adversária traz “impostos ocultos” para custear aposentadorias e Le Pen alegando que os aumentos de impostos sobre combustíveis fósseis e as reformas fiscais e sociais propostas por Macron levaram ao movimento dos Coletes Amarelos.

Quando o atual presidente defendeu a necessidade de acelerar esforços para reduzir emissões de carbono, a candidata direitista respondeu que a população de menor poder aquisitivo é quem mais sofre com a “ecologia punitiva”. “Sim para essa transição, mas no tempo certo, muito mais gradual do que o que está sendo imposto aos franceses”, afirmou.

Em outro tema delicado, Le Pen reiterou sua proposta de proibir o uso do véu islâmico em espaços públicos e a expulsão de criminosos estrangeiros, mas destacou que não está “em guerra” contra os muçulmanos. Macron rebateu que “não se pode dividir a França e enviar milhões de franceses de volta [para outros países] por sua religião”.

No primeiro turno, realizado no dia 10 de abril, Macron obteve 27,85% dos votos, e Le Pen, 23,15%. Pesquisas divulgadas nesta quarta-feira apontam o atual presidente com uma vantagem de mais dez pontos percentuais para o segundo turno.

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