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Em pronunciamento online ao Conselho Permanente da OEA, Arturo McFields Yescas afirmou que “continuar em silêncio e defender o indefensável é impossível”
Em pronunciamento online ao Conselho Permanente da OEA, Arturo McFields Yescas afirmou que “continuar em silêncio e defender o indefensável é impossível”| Foto: Reprodução/Twitter/OEA

O embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields Yescas, se rebelou contra o governo do país centro-americano e fez um discurso classificando-o de “ditadura”.

Num pronunciamento online ao Conselho Permanente da OEA nesta quarta-feira (23), Yescas disse falar “em nome de mais de 177 presos políticos e mais de 350 pessoas que perderam a vida” em seu país desde 2018, quando o ditador Daniel Ortega iniciou uma grande onda de repressão após protestos contra mudanças na previdência social na Nicarágua.

“Denunciar a ditadura do meu país não é fácil, mas continuar em silêncio e defender o indefensável é impossível”, justificou Yescas, que é jornalista e foi nomeado embaixador da Nicarágua na OEA em outubro.

“Eu tenho que falar, mesmo que eu tenha medo, eu tenho que falar, mesmo que meu futuro e o da minha família sejam incertos, eu tenho que falar porque se eu não falar, as próprias pedras vão falar por mim”, acrescentou.

“Desde 2018, a Nicarágua se converteu no único país na América Central onde não há jornais impressos, não há liberdade para publicar um único comentário em redes sociais, não há organismos de direitos humanos, todos foram fechados, não existem partidos políticos independentes, não existem eleições confiáveis. Não existe separação de poderes”, afirmou Yescas, lembrando que “170 mil nicaraguenses fugiram do país e outros ainda estão fugindo” nos últimos anos: “As pessoas estão cansadas da ditadura”.

Em comunicado divulgado em seguida, o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua alegou que “o senhor Arturo McFields não nos representa, portanto nenhuma declaração dele é válida”. Segundo a pasta, o representante do país na OEA seria Francisco Campbell Hooker, atual embaixador da Nicarágua nos Estados Unidos.

Em janeiro, Daniel Ortega tomou posse para o seu quinto mandato de cinco anos - o quarto consecutivo -, após eleições consideradas ilegítimas pela maior parte da comunidade internacional devido a prisões de opositores e ausência de observadores.

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